Saúde

VERÃO ACENDE ALERTA PARA USO DE ANABOLIZANTES; VENDAS CRESCEM NO PAÍS

Médico alerta para o uso sem o devido acompanhamento de um profissional da medicina
PIPA , da redação em Salvador | 10/12/2025 às 10:27
Fábio Vilela, médico
Foto:


Com a aproximação do verão, o desejo de conquistar resultados rápidos na academia cresce e, junto com ele, o consumo irregular de anabolizantes. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a venda dessas substâncias no Brasil aumentou 670% em 2024, compara aos cinco anos anteriores, e muitos dos usuários são homens jovens, em busca de definição muscular. O que poucos sabem é que o preço desse “corpo ideal” pode ser alto: infertilidade, atrofia testicular e alterações hormonais graves estão entre os efeitos mais comuns.

 “Essas substâncias enganam o organismo, fazendo com que o corpo pare de produzir testosterona de forma natural. Isso provoca uma queda significativa na contagem de espermatozoides. Em alguns casos, o espermograma chega a zero”, explica o Dr. Fábio Vilela, especialista em reprodução humana do IVI Salvador.

Estudos reforçam o alerta. Algumas pesquisas mostram que mais da metade dos homens que interromperam o uso de esteroides ainda apresentavam oligospermia severa após seis meses, e apenas uma minoria recuperou a produção espermática normal. Mesmo com tratamentos hormonais, como o uso de hCG e citrato de clomifeno, a reversão não é garantida. Além dos impactos na fertilidade, os anabolizantes estão associados a problemas cardiovasculares sérios, como infarto, trombose e insuficiência cardíaca

. “O uso de anabolizantes é um fator de risco direto. E não só isso. A reposição hormonal sem acompanhamento especializado também pode piorar a fertilidade, pois bloqueia os estímulos naturais do corpo”, complementa o especialista.

Testosterona, fertilidade e reposição: o equilíbrio necessário

A testosterona é o principal hormônio sexual masculino e tem papel importante na libido, na função erétil e na produção de espermatozoides. Homens com níveis naturalmente baixos podem, sim, ter filhos, desde que a produção espermática esteja preservada. O problema surge quando o desequilíbrio hormonal é causado por fatores externos, como o uso de anabolizantes ou a reposição sem orientação médica. “Em alguns casos, a reposição de testosterona é necessária e benéfica, especialmente em homens com hipogonadismo clínico. Mas é fundamental avaliar a fertilidade antes de iniciar o tratamento, pois algumas terapias reduzem a produção de espermatozoides. Existem alternativas seguras que ajudam a restabelecer os níveis hormonais sem comprometer a capacidade reprodutiva”, explica o Dr. Fábio Vilela.

O médico reforça ainda que hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, sono adequado e prática regular de atividade física ajudam a manter bons níveis de testosterona e favorecem a fertilidade masculina. “A saúde hormonal e reprodutiva andam juntas. O cuidado deve ser preventivo, individualizado e sempre acompanhado por um especialista”, conclui.

Sobre o IVI - RMANJ

IVI nasceu em 1990 como a primeira instituição médica na Espanha especializada inteiramente em reprodução humana. Atualmente são em torno de 190 clínicas em 15 países e 7 centros de pesquisa em todo o mundo, sendo líder em Medicina Reprodutiva e o maior grupo de reprodução humana do mundo.