Em cirurgia inédita, médicos inseriram peça nas vias aéreas de um menino. Tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores norte-americanos.
AP , EUA |
23/05/2013 às 11:38
Kaiaba hoje com 1 ano e 7 meses
Foto: AP
Médicos norte-americanos usaram uma impressora 3D para criar uma peça de plástico capaz de salvar a vida de uma criança com uma rara doença respiratória. Segundo a equipe responsável pela cirurgia, é a primeira vez que a tecnologia é usada para tratar este problema.
Kaiba Gionfriddo, que agora está com um ano e sete meses, tinha apenas três meses quando passou pela cirurgia. Por causa de um defeito de nascença em seus brônquios -- vias que levam o ar da traqueia aos pulmões --, ele constantemente parava de respirar. Por consequência, o coração também poderia parar.
Antes da criação desta tecnologia, Kaiba dificilmente poderia deixar o hospital, onde dependia de máquinas para respirar desde que nasceu. Mais de um ano depois da cirurgia, o menino ainda não voltou a ter crises respiratórias.
“É uma criança bem saudável no momento”, resumiu Glenn Green, otorrinolaringologista do Hospital da Universidade de Michigan, em Ann Arbor. O médico foi um dos responsáveis pelo atendimento e também um dos autores do artigo científico que descreveu o avanço na revista “New England Journal of Medicine”.
A peça foi presa em torno dos brônquios defeituosos, para evitar acidentes. Ela tem uma pequena abertura que permite a expansão de acordo com o crescimento da criança – o que, se continuar funcionando, evita que eles tenha que fazer novas cirurgias de reparação.
A equipe da universidade já vinha fazendo pesquisas com peças artificiais para as vias aéreas, mas ainda não tinha realizado o implante em nenhum paciente. Transplantes de traqueia já haviam sido realizados em adultos, geralmente vítimas de câncer, mas com traqueias retiradas de doadores mortos ou feitas com células-tronco.
A novidade foi bem recebida por médicos que não participaram do trabalho. “Fiquei impressionado com o que eles conseguiram fazer”, afirmou Robert Weatherly, pediatra da Universidade do Misouri, em Kansas City.
“Posso me lembrar de algumas crianças que vi sofrer muito nas últimas décadas (...) que provavelmente teriam se beneficiado com essa tecnologia”, apontou John Bent, pediatra da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York.