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Geórgia Regina Fonseca durante sua palestra
Foto: DIV
Durante a palestra "A Biologia do Autismo: Um novo modelo de tratamento", realizada na sexta-feira, 18 de maio, na Associação Baiana de Medicina, a especialista em saúde mental, Geórgia Regina Fonseca apontou que o autismo pode ser tratado de uma nova maneira, com ações em todo o sistema orgânico e não apenas no cérebro. Esse tratamento é chamado de biomédico e vem sendo aplicado nos Estados Unidos nos últimos anos. No Brasil, Geórgia é uma das principais representantes dessa área de pesquisa e tratamento.
De acordo com a especialista, a criança que possui autismo tem diversas alterações no metabolismo e no intestino, além de reação a alimentos e incapacidade de eliminar materiais poluentes, o que indica que não só o cérebro, mas todos os órgãos, todos os sistemas do corpo, apresentam um comportamento diferenciado.
Com o tratamento biomédico, os terapeutas fogem do tratamento tradicional, que é o neurológico, e buscam usar substâncias naturais para melhorar o desenvolvimento dessas crianças, como alimentos específicos, vitaminas, probiótica e anti-inflamatórios naturais.
"O nosso objetivo é tentar otimizar a função orgânica o máximo que a gente possa, já que não há um medicamento específico, por isso nós usamos a dieta que é uma forma de tratamento muito eficaz", disse a especialista.
Geórgia, que é pesquisadora em autismo da Federação Brasileira de Homeopatia e membro do Programa de Homeopatia da Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro, integra o movimento Derrote o Autismo Agora (DAN), dos Estados Unidos, que reúne pesquisadores de diversas universidades, com foco em tratar o organismo do autista como um todo e investigar a causa do transtorno do comportamento.
A pesquisa nos EUA tem crescido diante das estatísticas divulgadas pelo Centro de Controle de Doenças (CDC). Segundo o órgão, em março deste ano verificou-se que a cada 88 crianças nascidas no país, uma tem autismo.
A palestra realizada por Geórgia fez parte da programação do Centro de Estudos e Atenção ao Desenvolvimento Infantil (CEADI) para a estadia da especialista carioca em Salvador. Durante todo o final de semana, Geórgia atendeu às crianças com autismo da instituição para iniciar o tratamento biomédico.
Para a terapeuta ocupacional e coordenadora clínica do CEADI, Andréa Lima, trazer esse debate para Salvador é uma forma de alertar a cidade para uma nova forma de pesquisa. "Nós estamos vivendo um momento de aumento crescente do autismo e isso exige que procuremos compreender mais as causas e como tratar e diagnosticar o mais cedo possível", afirmou.
"Nosso objetivo ao realizar eventos como esse é fazer com que as pessoas se conscientizem de que existe alguma esperança para essas crianças, que o autismo não é um diagnóstico estático, e sim mutável, que precisa de um tratamento intensivo", disse Geórgia.