Intervenção vai garantir melhorias urbanísticas e valorizar famoso endereço da Liberdade
Da Redação , Salvador |
06/08/2019 às 12:43
Requalificação do Curuzu
Foto: Max Haack
Famosa por sua ladeira onde desfila o Ilê Aiyê no Carnaval, a Rua do Curuzu, no bairro da Liberdade, será requalificada pela Prefeitura. A ordem de serviço para o início das obras foi assinada hoje (06) pelo prefeito ACM Neto, em cerimônia realizada perto da unidade de saúde que leva o nome de Mãe Hilda, ialorixá do terreiro Ilê Axé Jitolu, falecida em 2009, e que se tornou símbolo da luta contra o preconceito.
Com investimento de R$6,8 milhões e projeto elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e pela Sotero Arquitetos, com a participação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), as obras terão, a princípio, duração de nove meses. Esse tempo pode ser reduzido para sete, a depender das condições climáticas e do fluxo dos trabalhos. Independentemente disso, o Carnaval do bloco Ilê Aiyê não será prejudicado, assegurou o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, Bruno Reis, presente no ato.
"Não faremos aqui no Curuzu apenas uma requalificação urbanística. Não vamos mudar uma calçada, colocar somente o piso intertravado ou implantar equipamentos infantis e de descanso. O conceito é muito mais amplo. A soma dessas intervenções físicas que começamos a fazer aqui no Curuzu têm como objetivo criar um corredor cultural, tendo como marca a música, a raiz, a cultura, a tradição e a presença da negritude de Salvador", discursou ACM Neto.
A intervenções estão a cargo da empresa Construtora Baiana de Saneamento (CBS), vencedora da licitação, com acompanhamento da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). O objetivo da intervenção é promover melhorias urbanísticas e de mobilidade, além de valorizar a história e a cultura do Curuzu e de seus mais de 20 mil habitantes.
"Essa é uma rua que canta, dança, toca e transmite energia positiva, que perpetua nossa cultura, que escreve nossa história. E essa obra espelha e traduz o sentimento dessa comunidade, pois foi intensamente debatida com ela", lembrou u o prefeito, que agradeceu a presença de Antonio Carlos dos Santos, o o Vovô do Ilê, na solenidade. "O Ilê, cuja sede fica aqui no Curuzu, é um dos símbolos mais conhecidos de nossa terra em todo o planeta. Ficamos maravilhados com o trabalho feito pelo bloco não apenas no Carnaval, mas o ano inteiro, com seus projetos sociais", acrescentou.
Cores - Por sinal, a rua de 1,1km de extensão vai ganhar na nova pavimentação em piso intertravado nas cores predominantes que representam a cultura do Ilê e do Curuzu, como costumam dizer os moradores mais antigos: o amarelo e o vermelho. Essas também são cores presentes na fachada da Senzala do Barro Preto, sede do bloco, que tornou a rua tão famosa mundialmente, e da fantasia carnavalesca do bloco nascido na primeira metade da década de 1970.
O projeto prevê a instalação de marcos de acesso ao Curuzu, identificando e valorizando a localidade, um na Avenida General San Martin e outro na Estrada da Liberdade. Além disso, serão implantados parque infantil, espaços de convivência e novo paisagismo e mobiliário urbano. Entre os itens de mobiliário urbano que serão colocados estão lixeiras, floreiras, conjunto de mesas e bancos e área de jogos de tabuleiro.
Toda a fiação das empresas de telecomunicação e parte da rede de energia da Coelba serão subterrâneas, melhorando o aspecto visual para quem trafega pela rua ou mora no local. A iluminação passará ser em LED, mais potente e econômica, e as faixas de pedestre serão elevadas, oferecendo segurança e conforto para o pedestre que está nos passeios e precisa atravessar a rua. A escadaria da ladeira do Curuzu também será requalificada, com o uso de vermelho natural. Já o estacionamento ao longo da via será ordenado.
Monumento – Também faz parte do projeto de requalificação urbanística do Curuzu a instalação de um busto em homenagem a Apolônio de Jesus, próximo à Unidade de Emergência (UE) Mãe Hilda. Além de ser um dos fundadores do Ilê Aiyê, Apolônio era um entusiasta da cultura e do turismo, tendo fundado duas outras agremiações afro, sido dono de um bar e promotor de excursões para as praias de Salvador. A homenagem foi uma das demandas da população que surgiu a partir das reuniões com os moradores e entidades para debater o projeto que começa a se tornar realidade.