A palestra ‘Cenário atual das políticas sobre drogas no Brasil’ marcou o início das atividades da quarta edição do Curso de Redução de Danos e Referência de Campo do Serviço com Pessoas em Contexto de Rua. Aberto ao público, o evento foi realizado pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado (SJDHDS) e lotou o auditório da Defensoria Pública do Estado (DPE), no bairro Canela, em Salvador, nesta segunda-feira (8).
O curso é uma das ações do Programa Corra Pro Abraço e abarca temas como racismo, questões de gênero, saúde pública e mental. De acordo com a coordenadora do programa, Trícia Calmon, o curso é voltado para pessoas que já são assistidas e se configura como um instrumento de formação e também de aproximação. “Uma equipe avalia, entre os indivíduos acompanhados, os que têm mais perfil cuidador e multiplicador, para que esses participantes repassem e apliquem o que aprenderam", explicou.
A aula inaugural contou com a apresentação de integrantes da equipe do Corra pro Abraço e com a palestra, que foi conduzida por Luana Malheiro, antropóloga e integrante da Rede de Feministas Antiproibicionistas (Renfa). Monitora do curso, Rita de Cássia de Oliveira já esteve em situação de rua, na região conhecida como Pela Porco, na Sete Portas, e atualmente é beneficiada por auxílio-aluguel. "Já sofri muito, mas minha situação agora é outra, graças ao que aprendi no curso, que hoje tenho o prazer de monitorar. Eu sabia do abraço dessa galera, mas não sabia que era tão forte", afirmou Cássia.
O curso conta com uma carga horária de 135 horas, com dois encontros por semana, ao longo de seis meses. O último mês é composto apenas por aulas práticas. Durante o curso, também são realizadas visitas institucionais a entidades que dão suporte às vulnerabilidades do cotidiano dos cursistas, a exemplo da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e da própria Defensoria Pública.
Corra Pro Abraço
O programa Corra Pro Abraço é uma iniciativa da Superintendência de Política sobre Drogas e Acolhimento a Grupos Vulneráveis (Suprad) da SJDHDS, que tem como objetivo promover cidadania e garantir direitos de pessoas que fazem uso abusivo de drogas em contextos de vulnerabilidade, ou que são afetadas por problemas relacionados à criminalização das drogas, baseado nas estratégias de Redução de Danos, aproximando os beneficiários das políticas públicas existentes.
Para além da situação de rua, as pessoas apoiadas pelo Corra também estão em unidades de abrigamento ou recebendo auxílio-aluguel. De acordo com a diretora de Redução e Prevenção de Danos da Suprad, Emanuelle Silva, "desde o início do Corra, as políticas são construídas, a todo o momento, em conjunto com os assistidos, o que contribui para alcançar objetivos como inserção no mundo do trabalho e articulação para o retorno à escola e para casa".