Salvador

Polícia investiga caso de gatos mortos por espancamento no Itaigara

Audiência nesta quarta-feira, na 16ª Delegacia (Pituba), dá início aos esclarecimentos sobre crime ocorrido em obra de condomínio de luxo
Wagner Ferreira , Salvador | 17/04/2013 às 10:11
Audiência na Policia acontece nesta quarta-feira
Foto: Sotero Bichano
Está marcada para as 10h desta quarta-feira (17), audiência na 16ª Delegacia de Polícia, no bairro da Pituba, para apurar as causas das mortes de dois gatos da colônia felina do Alto do Itaigara, ocorridas no dia 21 de março. Segundo a protetora Cristiana Rocha, que denunciou o crime, o laudo da necropsia acusou “politraumatismo” como causa da morte dos animais, o que levanta a hipótese de espancamento e crime previsto no artigo 32 da Lei 9.605/08.
 
Participam da audiência a denunciante Cristiana Rocha, que é responsável pelo Projeto “Sotero Bichanos” e pelos cuidados aos gatos que habitam o interior da obra do Condomínio Diamond, na Rua Antonio Monteiro, onde ocorreram as mortes; o engenheiro diretor da obra e advogados encaminhados pela vereadora Ana Rita Tavares (PV) para acompanhar o caso.
 
Segundo Cristiana, os gatos foram levados para o local por um ex-empregado da construtora Petram, responsável pela construção do condomínio, com o objetivo de reduzir a população de ratos na região. “Passamos a alimentá-los e fizemos o controle populacional dos gatos, por meio do trabalho de captura, esterilização e devolução (CED), o que foi um favor para a empresa, pois os cuidados com os animais deveria ser uma responsabilidade deles”, acusa Cristiana.
 
A colônia tinha cerca de vinte gatos, que eram castrados e alimentados diariamente, num posto de alimentação montado ao lado da obra. No dia 20 de março, eles receberam os cuidados normalmente, por volta de 19h30. Mas, na manhã seguinte, dois deles foram encontrados mortos. O laudo da necropsia acusou politraumatismo nos corpos. Segundo Cristiana Rocha, um dos gatos foi encontrado na área do depósito da obra da construtora, mas os empregados negam participação no crime.
 
A ativista diz que, por telefone, entrou em contato com um encarregado da Petram, mas ele se recusou a informar quais empregados vigiavam o local na noite em que ocorreram as mortes. “Ele foi ríspido comigo e, por isso, estou me sentindo intimidada, com medo de voltar lá. Além disso, quando fui colar cartazes na rua, denunciando o que aconteceu, tive que ouvir piadas e chacotas dos empregados”, diz.
 
Dois gatos adultos e oito filhotes já foram encaminhados para adoção. Além dos dois que foram mortos, uma gata está desaparecida. Cristiana também se diz preocupada com uma fêmea que teve filhotes recentemente e continua no interior da obra. “E a maneira brutal com que os animais foram mortos nos faz entender que cometeram esse crime para nos atingir, senão teriam envenenado os gatos, como já aconteceu antes”, diz a ativista.
 
Explicações - O advogado Murilo Coutinho diz que a audiência vai servir para ouvir as explicações do diretor da obra, a respeito do que aconteceu com os animais mortos, e também para convidar a empresa a desenvolver ações de educação ambiental com os empregados. “É importante disseminar conhecimentos sobre os direitos dos animais e nossas obrigações legais com o meio ambiente, pois a educação é o caminho para sensibilizar essas pessoas. Além disso, temos que tomar providências com relação aos gatos que permanecem no local”, diz.
A vereadora Ana Rita reforça a necessidade de educação para prevenir os casos de violência contra os animais e garantiu o auxílio jurídico para resolver o caso. “Infelizmente o extermínio de gatos, seja por espancamento ou envenenamento, é uma constante nas grandes cidades, por isso nosso apoio para encaminhar providências jurídicas e investigar a autoria desse crime. Paralelamente, vamos buscar ações educativas que são o caminho para transformar essa triste realidade de agressão a animais indefesos”.