Salvador

PERITO SANGUINETTI QUER ANULAÇÃO DO PROCESSO CONTRA GOLEIRO BRUNO

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| 17/11/2010 às 13:10

O perito médico legal George Sanguinetti, assistente técnico da defesa de Bruno de Souza, afirmou que a defesa do atleta vai pedir na tarde desta quarta-feira a anulação do processo contra o ex-goleiro do Flamengo, acusado de matar a ex-amante Eliza Samudio. "A liberdade de Bruno começa hoje", disse o perito em Maceió (AL).

De acordo com Sanguinetti, a perícia realizada nas casas do goleiro e do amigo dele, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, não encontraram vestígios de Eliza. "Não existe sangue, não há cabelo, não há provas técnicas. Não há indícios. Há uma prova testemunhal. Por isso, vamos pedir a anulação do processo", disse Sanguinetti.


Mesmo com os locais lavados, disse o perito, poderiam ser encontrados vestígios da estudante. "Disseram que os cães devoraram os restos de Eliza. Não foram encontrados vestígios nos cães nem nos excrementos. Os cães não fizeram um banquete humano, como se disse. Isso é estória. Com 'E'", disse.


"Na casa do Bola, os autos dizem que ela foi torturada e executada. A casa dele tem 12 m de frente, com vizinhos. É uma área povoada e na casa dele tinha a mulher do Bola e o filho dele, de 21 anos", explicou o perito. "Na casa do Bruno, as provas testemunhais dizem que ela estava (na residência). Mas, pela perícia, não se aponta isso", disse.


Os trabalhos de perícia foram feitos em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Sanguinetti é professor de Medicina Legal da Ufal. Ele depõe na tarde desta quarta-feira, por carta precatória, na 2ª Vara Criminal, com a juíza Maria das Graças Gurgel, a pedido da juíza Marixa Fabiane, responsável pelo caso.


Atuação no caso Isabella e PC Farias


Sanguinetti havia sido contratado pelo casal Nardoni e ofereceu uma versão diferente da perícia policial para a morte da menina Isabella, 5 anos, que foi encontrada no dia 29 de março no jardim do prédio onde moravam o pai Alexandre e a madrasta Anna Carolina, na zona norte de São Paulo. O legista sustentou que não havia provas técnicas contra o casal. Entre suas alegações, ele descartava a hipótese de esganadura. O perito chegou a escrever um livro defendendo a inocência dos Nardoni, motivo pelo qual foi processado pela mãe de Isabella.


Sanguinetti se tornou conhecido no Brasil inteiro quando, em 1996, negou a tese de crime passional no assassinato do empresário Paulo César Farias, ex-tesoureiro do presidente Fernando Collor. Para ele, PC foi morto por uma terceira pessoa, e não por Suzana Marcolino.


O caso Bruno


Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.


No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.