Salvador

OPINIÃO DO LEITOR: TRABALHO DO PROFESSOR É POUCO LEMBRADO PELA MIDIA

Veja
| 19/10/2009 às 17:23
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Todo mundo diz que o problema do Brasil é educação, considero que a educação seria a solução, mas minha opinião pouco importa. De certo hoje é um dia normal, sem transmissão ao vivo via satélite, mega shows nas areias da praia, comentados por eloqüentes jornalistas diplomados, sem desfile cívico, sem programa especial na TV, sem .... nada.

Hoje (15) é apenas o Dia do Professor, no Brasil, um pobre coitado, um reles sujeito de segunda categoria que o tempo apagou da história. A grande manchete dos jornais nacionais e locais foi a vitória da Argentina e em segundo plano a viagem do presidente pelo agonizante Rio São Francisco para anunciar a boa nova para 2010.
 
Nem uma nota paga pelas entidades de classe, como fazem a OAB, CREMEB, AMB e o CREA encontrei. Deve ter sido o meu problema de dislexia. Enquanto isso a professora dançarina, que desqualificava a categoria e avacalhava com a profissão foi manchete nacional, entrevistada de luxo das emissoras de TV ocupando horário nobre, transformada pela mídia de culpada em vitima, elevada a condição de celebridade, tornando-se mais uma estrela, para mim cadente.

Por consolo, de relance ouvi Alexandre Garcia, no seu comentário matinal, dizer que médico salva vidas, mas que professor constrói o futuro. E como diz a música, para aumentar a minha dor, recebi de um amigo, por e-mail, a charge que ilustra este monte de baboseira.

Como todos sabem a charge é uma ilustração cômica que satiriza de forma crítica os acontecimentos sociais e políticos, geralmente feita à mão para preservar seu valor artístico e dar ênfase ao conteúdo humorístico. Esta foi perfeita.

O que há de bom nesta charge é que ela sintetiza numa imagem um processo de 40 anos de nosso sistema educacional orientado pelo Estado; milhares de dissertações de mestrado e teses de doutorados; o fracasso da família brasileira sustentada por pais omissos, ausentes, lenientes, irresponsáveis e medrosos; a desqualificação das instituições educacionais; a fragilidade e má formação dos professores; a distorção infanto-juvenil legalizada em nosso país.

Os três personagens da charge, o educando, a família e a professora demonstram, com uma frieza ártica, o quanto precisamos rever nossos conceitos sobre educação, distante da reducionista disputa entre educação tradicional e progressista. Precisamos situar a questão da educação como uma necessidade de convergência humana e social. Que atenda a necessidade do homem, do ser social e do ser trabalhador. Educação não é sacerdócio, é uma vocação, uma profissão, uma opção, uma condição, que precisa ser respeitada não apenas nos discursos, mas em sua plenitude. (Carlos Moura, por e-mail)