Política

O QUE ESPERAR DO ENCONTRO JERÔNIMO E BRUNO REIS por TASSO FRANCO

Salvador exige empregos de qualidade e desenvolvimento econômico tech para retirar a população da pobreza
Tasso Franco , Salvador | 28/08/2025 às 10:54
Que as caras amarradas se transforme em bons projetos para a cidade do Salvador
Foto: Joá Souza
   
  O encontro do prefeito Bruno Reis com o governador Jerônimo Rodrigues na governadoria, ontem, para tratar de assuntos administrativos da capital, é desses que o mundo da política chama "civilizatório". 

  Diria "civilizatório tardio" uma vez que Jerônimo governa a Bahia desde janeiro de 2023 quando Reis já era prefeito, reeleito, em 2024, e só se encontravam, rapidamente, nos eventos públicos da cultura popular baiana - o culto ecumênico da Lavagem do Bonfim, a entrega da chaves ao Rei Momo, no Carnaval, aos hasteamentos de bandeiras no 2 de Julho e no 7 de setembro = e sendo adversários no campo da política estavam sempre a trocar fardas, a última delas, o prefeito dizendo que "ninguém aguenta mais Jerônimo no governo".

  Ontem, finalmente, se encontraram com os secretários das casas civis, o que mostra uma mudança no comportamento político-administrativo do governador, o qual, chamuscado pela última pesquisa Quaest, embora com quase 3 anos de governo pontua abaixo do seu adversário a Ondina, em 2026, ACM Neto, aliado do prefeito.

  No campo da política, evidente, nada muda. Jerônimo seguirá com os seus aliados, PT e coligados; Bruno seguirá com ACM Neto e partidos coligados.

  Creio, no entanto, que o governador se sensibilizou com a pesquisa Quaest (é provável que também tenha lido nosso comentário no BJÁ sobre esse tema) e nesses últimos dias tem mudado de comportamento ao falar das questões políticas mais nacionais, a se preocupar mais com o desenvolvimento econômico e entrar no modo "civilizatório" recebendo Bruno Reis. 

  Diria que só tem a ganhar com esses gestos precisando, ademais, melhorar suas relações com a Assembleia Legislativa e enviar os projetos de lei emanados do executivo sem a rubrica de "urgência". 
  Vá lá que um ou outro exija essa rubrica, sobretudo em relação aos empréstimos, mas, temas outros podem ser melhor debatidos e analisados pela Casa Legislativa sem o afogadilho de sempre, dando a impressão de que trata a Assembleia como um puxadinho do governo, uma secretaria de Estado.

  E é bom observar que a Casa Legislativa, hoje, é presidida por uma mulher, Ivana Bastos (PSD), que está alinhada com o governo, mas, não pode ser vista com submissa.

  Jerônimo, portanto, ao receber Bruno Reis, promoveu um gesto de grandeza política e isso também vai lhe ajudar na ALBA, pois, desarma espíritos.

  Agora, o que Salvador (a cidade) espera é que aconteçam avanços práticos nessa relação não só na área de segurança, como em outras, sobretudo na Cultura, tão carente, a Bahia distante dos cenários nacionais com pouco ou quase nada a apresentar e se destacar, uma terra que já foi destaque.

   E que também envolva o presidente Lula, sempre muito beneficiado com os votos dos baianos, sem dar uma recompensa que merecemos.

  Que a política partidária fique reservada os embates no momento da eleição que se dará somente no segundo semestre de 2026. Agora, fazem bem, ambos os gestores, em governar. 

   Salvador, apesar de todos os esforços desses gestores, não tem projeto de desenvolvimento econômico e tecnológico – salvo exemplo pontuais -  e tem perdido espaços para BH, Goiânia, Fortaleza, Floripa, Recife, no comparativo com essas cidade do mesmo quilate e se tornou uma “bomba relógio” com população majoritariamente de pobres. (TF)