O líder do governo, vereador Kiki Bispo (União), e o colega Sandro Filho (PP) também criticaram a situação, destacando que ela colocou Salvador como “vergonha” no noticiário internacional.
Tasso Franco , Salvador |
13/08/2025 às 12:31
Sessão abordou tema da violência
Foto: Antonio Queiros
O tema da segurança pública dominou, na tarde desta terça-feira (12), a pauta da 48ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Salvador (CMS), em razão dos recentes episódios de violência registrados na cidade. Entre eles, um tiroteio em frente à Arena Aquática de Salvador, que interrompeu a 16ª edição do Mundial Sub-20 Feminino de Polo Aquático – primeira vez realizada no país –, um tiroteio próximo ao antigo Centro de Convenções, troca de tiros entre a polícia e criminosos na Chapada do Rio Vermelho e uma ação da Polícia Militar no bairro do Garcia, que teria interditado a Avenida Garibaldi.
O presidente da Câmara, vereador Carlos Muniz (PSDB), informou, no entanto, que 15 projetos oriundos do Executivo municipal chegaram à Casa e deverão ser lidos em plenário nesta quarta-feira (13), dando início à tramitação. “Vou analisar todos os projetos com os vereadores, pode ter certeza. A oposição amanhã terá acesso a todos os projetos, que serão lidos no plenário”, assegurou Muniz.
O vereador Claudio Tinoco (União) questionou a declaração do governador Jerônimo Rodrigues de que “a Bahia é um estado de paz”, feita em entrevista a rádios de Barreiras, no oeste do estado. “O que é que nós temos na Bahia: um estado de paz ou um estado de guerra?”, indagou, ressaltando que há grande diferença entre os dois cenários e afirmando que o “caos” começou há tempos. “Desde que o PT assumiu o governo, vem relaxando nas políticas públicas de segurança, mas, acima de tudo, nas políticas associadas à educação, à assistência social e a outras pautas prioritárias”, disse.
No mesmo tom, Alexandre Aleluia (PL), representante do bloco dos independentes, ao relembrar os últimos acontecimentos, declarou seu repúdio à forma como a gestão estadual vem conduzindo a segurança pública. “Com o ambiente de guerra que está sendo realmente, eu diria, uma naturalidade na nossa cidade. Mas uma coisa é certa: as pessoas não podem se acostumar com um absurdo desses”.
O líder do governo, vereador Kiki Bispo (União), e o colega Sandro Filho (PP) também criticaram a situação, destacando que ela colocou Salvador como “vergonha” no noticiário internacional. “E quem vai pagar essa conta? O Brasil está passando por um vexame internacional, está sendo motivo de piada porque o governador não tem competência para administrar a segurança pública do nosso estado. Precisamos nos unir e cobrar urgentemente por mudanças”, afirmou Sandro Filho.
Kiki Bispo reiterou que episódios como esses prejudicam o desenvolvimento da cidade. “Quero aqui aproveitar esse espaço e pedir desculpas a toda a delegação do Mundial de Polo Aquático que está em nossa cidade pelo ‘bang bang’, pelo tiroteio que ocorreu na nossa piscina olímpica, no primeiro evento que o Brasil sedia nessa modalidade, realizado aqui em Salvador. Infelizmente, a imagem que fica é de violência. E quem nos responde por que as ações criminosas estão vindo para a Bahia? Como é que vamos desenvolver a nossa cidade dessa maneira?”, questionou.
Embora reconhecendo a gravidade do problema, a líder da oposição, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), conclamou a união dos três poderes (municipal, estadual e federal) no enfrentamento à violência. “É uma realidade, nos envergonha, é muito ruim, mas precisamos discutir e buscar soluções. Não é apenas responsabilidade do governo do estado, pois a segurança pública envolve uma série de causas e políticas que precisam ser articuladas para evitar que comandos tomem conta da cidade, como está acontecendo. Precisamos de inteligência, de políticas públicas, mas não só isso: precisamos manter nossos jovens na escola, alimentá-los e gerar mais empregos”, defendeu.
O vereador Sílvio Humberto (PSB) complementou, destacando que, na esfera municipal, não existe política pública voltada para a juventude negra.