Entretanto, a taxa de 50% não será aplicada para cerca de 700 produtos brasileiros, entre eles, suco e polpa de laranja e aeronaves civis.
Tasso Franco , Salvador |
01/08/2025 às 18:57
Donald Trump por Seramov
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (1º) que o mandatário brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pode ligar para ele “quando quiser” para discutir as tarifas de 50% que Washington aplicou às importações de produtos brasileiros.
Trump foi questionado sobre o assunto durante entrevista coletiva na Casa Branca. “Ele [Lula] pode falar comigo quando quiser”, disse o republicano, segundo informações da GloboNews.
A respeito da motivação para as tarifas, Trump afirmou que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, mas que ama “o povo do Brasil”. “Vamos ver o que acontece”, acrescentou.
Em carta enviada a Lula no último dia 9, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% na importação de produtos brasileiros e alegou que o ex-presidente Jair Bolsonaro é vítima de perseguição judicial no julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), por acusações de uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
Também afirmou que decisões “secretas e ilegais” do ministro do STF Alexandre de Moraes relativas a big techs americanas representaram ataques à liberdade de expressão de cidadãos americanos e que o Brasil adota práticas comerciais injustas contra os Estados Unidos.
Dias depois, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos anunciou que iniciou uma investigação sobre práticas comerciais do Brasil.
Na quarta-feira passada (30), Trump confirmou as tarifas sobre o Brasil e na quinta (31), informou numa ordem executiva que as sobretaxas sobre os países afetados pelo tarifaço entrarão em vigor dentro de sete dias.
Entretanto, a taxa de 50% não será aplicada para cerca de 700 produtos brasileiros, entre eles, suco e polpa de laranja e aeronaves civis.
AS CONTAS DE MORAES
Depois de consultarem escritórios brasileiros e americanos, bancos no Brasil estão definindo e avisando o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre quais operações o ministro Alexandre de Moraes poderá ou não fazer no sistema financeiro diante das sanções aplicadas a ele pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Neste primeiro momento, estariam liberadas todas as operações realizadas em reais pelo ministro com bancos em que tenha conta bancária. Já as operações em dólar estão proibidas.
Os bancos consultaram escritórios especializados em sanções com base na Lei Magnitsky para orientar suas equipes sobre o que é permitido ou proibido ao ministro Alexandre de Moraes e para informar o STF.
Nas análises realizadas pelos escritórios brasileiros e americanos, os advogados disseram que a ordem executiva contra Moraes é genérica, não sendo inicialmente tão abrangente.
Há sanções já adotadas pelos Estados Unidos com base nessa legislação que foram mais detalhistas, trazendo exatamente a lista das operações que são proibidas.
Nesses casos, o rigor é maior, proibindo, por exemplo, um banco que tenha escritório nos Estados Unidos de prestar serviços para uma pessoa sancionada. Caso faça, seu escritório em território norte-americano pode ser punido.
Os bancos tiveram divergências principalmente sobre o uso de cartão de crédito de bandeira americana. Algumas instituições entenderam que operações em reais, dentro do Brasil, estariam liberadas, enquanto as realizadas em dólar estariam proibidas.
Diante da falta de consenso, a decisão adotada foi seguir pelo caminho mais conservador e informar que cartões que o ministro tenha, de bandeira americana, serão bloqueados.
As instituições financeiras avisaram o STF que essa é uma avaliação preliminar, com base na ordem executiva baixada pelo presidente americano, Donald Trump.
Elas alertaram que Trump pode decidir detalhar as operações que estariam proibidas para Alexandre de Moraes, incluindo algo mais rígido que poderia decretar o que advogados chamam de “morte financeira” do sancionado. (COM G1 INFORMAÇÕES)