Lula melhorou um pouco sua popularidade segundo Genial/Quaest e é necessário permanente vigilância
Tasso Franco , da redação em Salvador |
16/07/2025 às 16:04
Lula melhorou um pouco sua popularidade segundo Genial/Quaest
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A primeira pesquisa Genial/Quaest realizada após a crise do tarifaço imposto por Donald Trump revela uma oscilação positiva na avaliação do presidente Lula (PT) e uma rejeição da maioria às sobretaxas anunciadas pelos Estados Unidos.
A Genial/Quaest fez 2.004 entrevistas em 120 municípios, de quinta-feira (10) até segunda-feira (14). O levantamento da Quaest é financiado pela corretora de investimentos digital Genial Investimentos, controlada pelo banco Genial. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos.
Lula marca 40% de avaliação negativa, ante 28% de avaliação positiva, uma oscilação favorável em relação à rodada anterior. Há ainda outros 28% que avaliam o governo como regular, e 4% dizem não saber responder.
Na rodada anterior da pesquisa, realizada de 29 de maio a 1º de junho, após o escândalo do INSS, Lula havia atingido o pior patamar do mandato, com avaliação negativa de 43% e positiva de 26%. Outros 28% consideravam a gestão regular.
A diferença entre os índices negativo e positivo entre as duas pesquisas passou de 17 pontos (43 x 26), em maio, para os atuais 12 (40 x 28). A margem de erro dos levantamentos é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
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Pesquisas, sim, deve-se acreitar nelas. Mas também é bom lembrar que representam momentos. A Genial/Quaest divulgada hoje tem essa relevância, no entanto, alguns apressados comentarias políticos e analistas ideologizados das redes sociais adiantam carros à frente dos bois colocando Lula como praticamente imbatível, em 2026, e uma migração dos eleitores do centro para o petismo diante do tarifaço.
Ora, o tarifaço ainda nem começou e não se sabe se vingará com 50% em 1º de agosto ou se haverá uma redução. As negociações estão na fase das conversas dos acertos de bastiroes e muita coisa pode mudar. E se não mudar vão precisar de novas pesquisas no inicio ou meados do mês de agosto para se ter uma ideia qual o impacto junto à sociedade brasileira, empregos, possível quebra de empresas e assim por diante.
Hoje, sobre a economia os dados da Genial/Quaest são: a economia do país, de acordo com a pesquisa, 21% consideram que melhorou nos últimos 12 meses, índice que era de 18% na rodada anterior. Já para 46% a economia piorou (eram 48% em maio e 56% em março).
Questionados sobre a expectativa em relação à economia para os próximos 12 meses, 43% afirmam que irá piorar (eram 30% em maio), atingindo o pior patamar da série histórica (iniciada em junho de 2023). Já os que dizem que a economia irá melhorar agora somam apenas 35%, também o pior patamar da série (eram 45% em maio).
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Também hoje, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatou oficialmente ao presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, uma “indignação” pelo tarifaço de 50% imposto por ele na semana passada a partir do dia 1º de agosto. A manifestação foi enviada na terça (15) ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
O envio da carta havia sido citado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e confirmado nesta quarta (16) através de uma nota do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), do qual ele é titular, junto do ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores.
“O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio. [...] A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, disse a carta em referência aos 200 anos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos .
Alckmin e Vieira afirmam, ainda, que o governo brasileiro está aberto ao diálogo para "negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral".
Na carta assinada com Vieira, Alckmin afirma que o governo vem tentando dialogar “de boa-fé” com as autoridades norte-americanas desde o primeiro tarifaço de Trump, em abril, quando impôs taxas recíprocas sobre vários países. Na época, o Brasil teve o aço e o alumínio sobretaxados.
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Trata-se, portanto, de cenários em movimentos e já há entendimentos políticos de que a decisão de Trump para o tarifaço partiu das big-techs e não de sua propalada amizade com Jair Bolsonaro.
Na pesquisa de hoje os dados são os seguintes; 72% afirmam ser um erro de Trump impor tarifas por causa de Bolsonaro e apenas 19% acreditam que o presidente dos EUA está correto.
Consensual é o seguinte: numa provável crise desse dimensão as avalições não pode ser apressadas, nem se cantar vitória antes da hora. É todo um processo que demora meses e ainda tem as outras variáveis com a falcratura do INSS, a taxa do IOF, o imposto para os ricos e assim por diante. De repente, até o Geraldo Alckmin pode ser uma surpresa para 2026. (TF)