Só lembrando que, recentemente, Lula visitou Cristina Kischener, ex-presidente condenada a prisão domiciliar
Tasso Franco , Salvador |
07/07/2025 às 18:39
Presidente Lula da Silva
Foto: Ricardo Stuckber
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou Donald Trump após o mandatário americano defender Jair Bolsonaro (PL), classificando as ações judiciais contra o ex-presidente brasileiro como "caça às bruxas", sem citar nominalmente os responsáveis pela suposta perseguição.
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros", disse o presidente em publicação no X (antigo Twitter) na qual não citou nem Donald Trump nem Jair Bolsonaro. "Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito". O comunicado foi divulgado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) no formato de nota à imprensa.
A declaração do petista aconteceu após Trump afirmar, sem apresentar provas em uma postagem na Truth Social, nesta segunda-feira, 7, que Bolsonaro está sendo vítima de perseguição política. "O Brasil está cometendo um grave erro em seu tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho acompanhado - assim como o mundo todo - enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo."
VISITAR CRISTINA PODE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva misturou os papéis de chefe de Estado e militante político ao aproveitar sua estadia em Buenos Aires para a reunião de cúpula do Mercosul — paga pelo contribuinte e a serviço dos cidadãos — para condenar a prisão da ex-presidente argentina Cristina Kirchner por corrupção. Não cabe ao presidente, não importa de que partido, interferir em assuntos internos de outro país ou questionar suas decisões judiciais movido por afinidades ideológicas.
A ideia de visitar Cristina não foi bem recebida pelo Itamaraty, mas prevaleceu a vontade de Lula. Pelo que se dizia, a visita não passaria de um gesto de solidariedade sem declarações. Já seria ruim, mas não foi o que aconteceu. Tudo parecia ocorrer dentro dos limites até Lula recepcionar, na residência do embaixador brasileiro, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, e posar com ele para uma foto ao lado do cartaz “Cristina Livre”. Segundo Pérez Esquivel, Lula disse acreditar na inocência dela. O estrago estava feito. Ficou óbvio que Lula extrapolou a necessária cautela diplomática com o gesto de rejeição à decisão do Judiciário argentino