Ângelo Coronel quer repetir a mesma estratégia que usou em 2018 e se manter senador por mais 8 anos (2027/2034)
Tasso Franco , Salvador |
15/01/2025 às 11:41
Senador Ângelo Coronel
Foto: Agência Senador
Os deputados da Assembleia Legislativa da Bahia estão de férias. Trata-se do recesso parlamentar do final de ano e inicio do outro, 40 dias, e só retornarão ao trabalho dia 3 de fevereiro quando o governador do estado comparece à Casa para abrir os trabalhos Legislativos 2025 e ler a sua mensagem do que já fez pelo estado e o que pretende realizar neste ano.
A Assembleia, portanto, está paralisada. Muita gente de férias, meio expediente, só a turma da burocracia operando. Nos bastidores, no entanto, os parlamentares estão ouriçados, confabulando bastante, isso porque, na abertura dos trabalhos haverá, também, a eleição da nova mesa diretora para o biênio 2025/2026.
E, como sabemos, 2026 é ano de eleição estadual - Governo, Senado, Câmara e Assembleia - e ser presidente da Casa é um trunfo, uma posição valiosa.
Lembremos que, em 2018, o presidente era o deputado Ângelo Coronel e ele bateu pé firme e disse: quero ser senador no lugar de Lídice da Mata. E a cúpula petista, Jerônimo candidato a governador, cedeu e Coronel emplacou. Lídice, embora aliada da base e senadora não teve forças políticas com seu PSB para se segurar, uma vez que o PSD de Coronel e Otto é muito mais forte, sobretudo no interior.
O tempo passou. Lá se vão 6 anos (8 para as novas eleições) e desde a queda de Marcelo Nilo (2016) na presidência da Assembleia havia um acordo PSD/PP de entronizar os presidentes. O primeiro foi Coronal - PSD - (2017/2018); o segundo Nelson Leal - PP - (2019-2020) e o terceiro Adolfo Menezes – PSD - (2021-2022).
Neste último ano o PP de João Leão rompeu com a base petista e apoiou ACM Neto colocando Cacá Leão, como candidato a senador.
Venceram Jerônimo (governador do PT) e Otto Alencar senador do PSD. Em sendo assim, acabou a aliança na Assembleia e Adolfo (PSD) seguiu na presidência (2023/2024), tempo que seria do PP.
Acontece, agora, que Adolfo não pode emplacar um terceiro mandato consecutivo (2025/2026) porque a lei não permite. Mas, ele vai ser candidato assim mesmo apenas com o intuito de acalmar a base governista, pois, tem quase uma dezena de deputados querendo ser o presidente.
Adolfo pretende manter a candidatura ao 3º mandato, mas, ainda há dúvidas. Mantida sua candidatura e eleito (já tem a maioria de votos para isso) deverá ser destronado pelo STF e assume o vice. Aí é que está a questão: o vice. Quem vai ser o vice?
O senador Ângelo Coronel (PSD) voltou a entrar em cena e quer eleger o deputado estadual Ângelo Coronel Filho (PSD), 1º vice-presidente (cargo, hoje, ocupado pelo petista José Raimundo). Em entrevista ao CORREIO, Coronel admitiu que uma vitória do seu filho na eleição interna do Legislativo estadual o fortalece para integrar a majoritária.
“Não resta dúvida de que quando você tem um filho dentro de uma presidência de uma Casa, a tendência é você fortalecer não só o presidente, mas as pessoas que vivem ao redor do presidente. Ângelo filho ganhando é evidente que também reforça o nosso nome já que eu sou um pré-candidato a senador em 2026”, declarou o senador.
Eis, à vista, a outra questão: o PT não quer mais Coronel; nem Geraldo Jr (MDB) na vice-governadoria e defende uma chapa puro sangue: Jerônimo/Wagner/Rui Costa (senador) e/ou Rui/Wagner/Jerônimo (senador) nas palavras do presidente da legenda petista na Bahia, Éden Valadares, o ideal, ainda mais se Wagner for o cabeça da chapa.
O debate é longo e frenético. Geddel Vieira Lima, cacique do MDB, já disse que quer manter Geraldo Jr onde está (isto é, novamente candidato a vice); Coronel quer continuar senador; Carletto, do Avante, quer se inserir no contexto. E, Jerônimo, para apaziguar os ânimos, diz que Otto é de paz, agrega, o que representa, também, uma indireta a Coronel.
O cenário é esse: complexo. Mas, ainda nas preliminares para 2026.
O que ferve agora é a sucessão na Assembleia.
A tese de Coronel é correta em eleger o filho. Resta saber se ele terá o apoio do senador Otto Alencar (PSD) ou se Otto vai optar por Ivana Bastos, a deputada mais votada em 2022, que é do seu partido e também quer ser presidente. Ou se o governador entrará firme na pré-campanha de Rosemberg Pinto (PT). Todo governador sempre diz que a eleição na Assembleia é soberana, dos deputados, mas, interfere, sempre e muito. Às vezes, nem tanto. Jerônimo, claro, quer o consenso.
E é nisso que entra Adolfo, o qual, disse, ontem, que é de paz e confia sua solução consensual até 3 de fevereiro. E está trabalhando buscando esse consenso para o 1º vice, o qual, assumirá interinamente com uma provável sua saída movida pelo STF e convocará, imediatamente, uma nova eleição. Óbvio, claro, aquele (a) que conseguir ser o vice e depois presidente interino para ser o efetivo é bem mais fácil (TF)