O projeto de maior visibilidade de Jerônimo é o "Bahia sem fome"
Tasso Franco , Valência, Espanha |
03/01/2024 às 06:24
Jerônimo na China em busca do seu melhor projeto produtivo: a BYD
Foto: Daniel Senna
O governo Jerônimo Rodrigues completou 1 ano de existência com uma gestão de continuidade do projeto de poder do PT na Bahia, a completar 17 anos de existência, desde a inicial com Jaques Wagner (2007/2012), seguido de Rui Costa (2013/2022) e agora com Jerônimo (2023/2026).
Não nos parece que Jerônimo queira modificar essa conduta linear do petismo inovando qualquer atitude que posse significar uma marca pessoal uma vez que o projeto está dando certo, não há sobressaltos no Estado nem desequilíbrio fiscal, toca-se a gestão linearmente sem um esforço adicional no sentido de que a Bahia possa alcançar um melhor patamar de desenvolvimento produtivo, industrial e tecnológico, há uma acomodação geral nos partidos politicos de apoio ao petismo e segue-se adiante.
O governo petista é craque no assistencialismo na concessão de todo tipo de bolsas - familia, emprego, jovem, educação, etc - e vai mantendo a população conformada e satisfeita sem que haja um esforço ou sinais de que isso venha a ser modificado. Veja que no balanço dos repasses federais a Bahia (113 bilhões/2023), o maior volume está no Bolsa Família 18.5 bilhões de reais, 35 bilhões de benefícios previdenciários e 6 bilhões em Benefícios de Prestações Continudas (BPC). Ou seja, com outros projetos, mais de 65% no assistencialismo.
O pograma de maior visiblidade do governo Jerônimo é o "Bahia Sem Fome" - puro assistencialismo - que foi anunciado no inicio da gestão com a ajuda e aporte de empresas e instituições e só foi regulamentado pela Assembleia no final do ano, ainda que houvesse um fundo (FUNDEFE) de R$400 milhões ainda não gasto.
Esse é um tipico programa do petismo: mitigar a fome. Segundo dados do próprio governo há, no estado, 1.800.000 em situação de fome ou famélicos, uma herança deixada por Wagner e Rui embora não se diga isso. Pelo contrário, atribuem-se essas mazelas a algo que tenha sido a "herança maldita" advinda do "carlismo". Mas, observando-se que o PT está no poder há 17 anos e salvo os 4 de Bolsonaro, tudo mais esteve na esfera de Lula/Dilma e esse quadro de fome na Bahia já deveria ter sido modificado.
O projeto produtivo mais bem sucedido do governo Jerônimo, em sí, foi a conquista da fábrica chinesa BYD de veiculos elétricos para ser instalada em Camaçari, no lugar da Ford. Mas é um projeto de substituição e não de acréscimo. Isto é: havia uma indústria que se foi (Ford) e põe-se outra no lugar. Foi uma conquista (praticamente) pessoal de Jerônimo que foi a China, até antes de Lula, e conseguiu a fábrica numa articulação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pilotada pelo dentista e deputado socialista Angelo Almeida.
Angelo tem se saído bem na SDE apesar de sua pouca experiência no ramo industrial e tecnológico. É um politico de carreira. Fora da BYD ainda a produzir lá pelo ano 2025 outros projetos da SDE são menores e até desconhecidos. O melhor programa do governo é em energia alternativa, as éolicas, advindas do governo Wagner graças ao então secretário James. Os novos investimentos nesse segmento foram altos e deverão seguir nessa direção, embora o projeto não seja intensivo em mão de obra.
Na área da Educação a continuidade é bem visível com a inauguração de colégios em tempo integral, mais de 30, desde Rui Costa que, até então (2022) era acusado de ter feito pouco por esse segmento e resolveu implantar vários estabelecimentos de ensino no interior e na capital. Muitos são de substituição. Isto é: já existiam colégios estaduais que são ampliados e renovados com a marca do tempo integral e instalações mais modernas. Jerônimo tem uma responsabilidade sobre o programa pois era o secretário da Edcuação no segundo governo Rui.
Havia um programa de combate ao analfabetismo (da época de Wagner) que foi um fiasco. Acusou-se muito Paulo Souto e o "carlismo" dessa enxurrada de analfabetos no estado, mas, pouco se moficiou. O programa, inclusive desapareceu do mapa.
A qualidade do ensino na rede pública estadual, no entanto, continua baixa e a Bahia está na rabeira das avaliações nacionais. Creio que tende a melhorar se houver um esforço nessa direção. Há muitas faltas de professores nos colégios o que depende de concurso público. Até porque, a SEC é um moto continuo e os pedidos de aposentadorias são muitos. Neste 2023, apesar dos "buracos" todo mundo passou de ano.
Na Saúde o trabalho do governo petista é consistente. A construção dos 7 hospitais regionais prometidos por Rui Costa foi efetivada e também a implantação das Policlínicas Regionais de Saúde consorciadas com os governos municipais, o que vem tendo prossseguimento com o atual governador, embora nada que se compare a gestão Fábio Vilas Boas. A fila da regulação segue como o calcanhar de Aquiles do Governo, ainda sem solução e com frequentes situação de alto risco e mortes.
Na Fazenda, segundo o secretário Manoel Vitorio, um dos melhores do governo - também vindo da época de Rui - há equilibrio fiscal e a Bahia está numa situção privilegiada se posicionando ente 4 anos estados que tem a CAPAG A (Capacidade de Pagamento), o que pode tomar mais empréstimos para investimentos.
No decorrer do ano o Executivo solicitou autorização da Assembleia Legislativa para contrair 5 novos empréstimos (Mais de 2 bilhões de reais), o que foi concedido. A Oposição reclama que não há transparência. Ou seja, o governo não explica, detalhadamente, o que vai fazer com esses recursos e os PLs chegam na Casa Legislativa com o carimbo da urgência, o que não permite debates.
Vale lembrar que, embora o estado tenha permanente equilibrio fiscal (segundo os relatórios da Sefaz) há um arrocho nos salários dos servidores, bem antigo, com ganhos adicionais reais e permanentes mixórdios. O governo criou, então, uma série de artificios com gratificações para amenizar as queixas. E tem dado certo. Os sindicatos que antes eram arredios e protestavam com tudo agora estão "cordeiros". Diria "cordeiros de Deus". Salvo o SINDSEFAZ não se houve reclamações.
O secretário da Adminisração, Edelvino Goes, também faz um bom trabalho na continuidade. Na Tecnologia, nada de novo. Também vem da época de Wagner, o único projeto cultural de porte e visibilidade, a Neojibá. Hoje, a cultura está em baixa e o TCA em reforma. Existem alguns programas ainda em andamento inicial baseados na Lei Paulo Gustavo. Os resultados disso só deverão aparecer em mais 1 ou 2 anos.
Na área da Segurança Pública foi onde o governo esteve em pior situação com o avanço do crime organizado e uma "guerra permanente" entre Policia x Bandidos. Só não houve uma intervenção federal (de fato) no estado porque sendo Jerônimo um petista não cairia bem para Lula. Mas, houve uma "intervenção branca" com a vinda e efetivos humanos e mais carros de combate da PF. Vale observar que o atual secretário Marcelo Werner e os comandantes da PM e da PC são mais preparados do que os da época de Rui Costa e tb de Wagner.
O combate ao crime e aos traficantes de drogas tem sido diuturno e a imagem do governador chegou a ser arranhada com as informações de que a Policia da Bahia é a que mais mata no Brasil. A "guerra" do combate ao crime segue adiante, porém, a fase mais crítica desde a morte de PF no bairro de Valéria já teria passado.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano cuida do projeto de maior visibilidade do governo na capital, o metrô, com obra inaugurada recentemente do tramo até Águas Claras. A passagem ou entrega do Metrosal, da Prefeitura para o Estado, na época de Wagner foi o maior erro político de ACM Neto prefeito. O Metrosal que era municipal e começou com Imbassahy e foi inaugurado por João Henrique, passou para a órbita do estado e, hoje, tem o carimbo de ser estadual. Pegaram o bonde andando e surfam até hoje.
Há, no âmbito do estado com 'status' de Secretaria, a Conder, com José Trindade à frente que faz obras no interior e na capital no mesmo estilo da época de ACM/Waldeck Ornelas.
As demais secretarias são de apoio e de asaistencialismo e obras no interior como a Secretaria de Desenvolvimento Rural no apoio a agricultura familiar. O governo tem sido acusado de não ter atuado com eficiência no combate à seca que atingiu em calamidade mais de 138 municípios.
No total o governo tem 24 secretarias e outrios órgãos de apoio alguns, inclusive, que se chocam como a Setur e a SUFOTUR (ex-Bahiatursa).
Diria que Jerônimo, dentro do previsível, conclui o primeiro ano do governo com alguns méritos, muito esforço pessoal em visitas ao interior no mesmo estilo Rui Costa, e se ainda não tem uma marca pessoal, ao menos não decepcionou. É trabalhador, peão de obra. Falta ao governo cuidar mais da área produtiva, da indústria e da tecnologia.
O governo Jerônimo, portanto, ainda está a aparecer. Na continuidade vai bem, anda muito, inaugura colégios, distribui carros de policia, tratores e ambulâncias e vai fazer o que pode, mas não há nada de novo e inovador. (TF)