Sindicalistas usam o slogan: "Vender a BahiaGás é trair os baianos"
Tasso Franco , Salvador |
25/08/2023 às 12:35
Sindicalistas em ato de apoio a BahiaGás
Foto: Sindquimica
O Sindiquímica Bahia conseguiu despertar, na última quinta-feira, 24, a atenção dos baianos para a possível privatização da Bahiagás, que estaria sendo sendo articulada pelo governo do Estado. A ação de redução do preço do GNV, em um posto de Salvador, atraiu motoristas para a Avenida Ogunjá, despertando o interesse da imprensa, que repercutiu amplamente o fato nos principais noticiários no rádio, tevê, jornais impressos e em sites.
Ao longo do dia, mais de 400 veículos foram abastecidos com o Gás Natural Veicular por apenas R$ 2,854 o metro cúbico. Na bomba dos postos, o GNV é vendido, em média, por R$ 4,14.
Um dos motoristas que participaram da ação, Gerson Aleixo, estava animado com a possibilidade de gastar menos para encher o cilindro do carro que utiliza para fazer carreto, há mais de dez anos. “O preço do GNV impacta muito no meu serviço. Eu dependo do carro para trabalhar, para sustentar meus filhos”, disse.
Gerson parabenizou o Sindiquímica pela ação e sugeriu uma mobilização no Centro Administrativo da Bahia, sede do governo baiano e da Assembleia Legislativa, com pessoas que possuem carros com GNV para tentar pressionar os políticos. “A gente não tem interesse de privatizar o que é nosso. Será muito prejuízo se isso acontecer”.
Presentes ao ato, trabalhadores da Bahiagás conversaram com os motoristas e distribuíram material informativo sobre os impactos de uma possível venda da estatal, maior distribuidora de gás natural do Nordeste e a segunda maior do Brasil.
“A busca por esse preço reduzido mostra como o valor do combustível impacta o bolso das famílias. Por isso, o Sindiquímica é contra a entrega da Bahiagás nas mãos da inciativa privada, cujo interesse apenas com o lucro pode fazer os preços aumentarem, tornando a vida dos trabalhadores ainda mais difícil”, alertou Alfredo Santos Jr., diretor do Sindiquímica e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Bahia).
“Nós baianos já estamos sofrendo com a privatização da Refinaria Landuplho Alves, que obrigou a Bahia a pagar a gasolina mais cara do país. Com o GNV pode acontecer o mesmo, não podemos deixar que isso acontecer”, completou Alfredo.
A Bahiagás possui 250 trabalhadoras e trabalhadores diretos e mais centenas de funcionários indiretos, envolvidos na cadeia de distribuição de gás canalizado para o setor industrial e de serviços.
Funcionário da Bahiagás há 18 anos, Apulcro Mota falou da importância da ação do Sindiquímica para levar ao conhecimento da população baiana a importância financeira e estratégica da Bahiagás para a economia do estado.
“A Bahiagás atende hoje a rede residencial, restaurantes e hospitais, taxistas e motoristas de aplicativo, além das indústrias. O Polo Petroquímico de Camaçari não existe sem gás natural, que entra como matéria-prima, como combustível e como redutor siderúrgico”, explicou Apulcro.
Os trabalhadores cobram do atual governo da Bahia uma demonstração de que realmente é contra a privatização, fazendo o imediato distrato com o grupo Genial, contratado para realizar estudos sobre viabilidade da venda da empresa. Além disso, cobram a revogação da Lei Estadual nº 7.029 de 1997, que autoriza o Poder Executivo a promover a desestatização da Companhia.
“Nas últimas eleições, os brasileiros, e especialmente, os baianos, fizeram uma escolha por uma política de defesa do patrimônio nacional e do controle do estado em setores estratégicos, como gás e energia. Assim como o Governo Federal tem demonstrado o respeito à decisão das urnas, fortalecendo empresas como a Petrobras, o governo da Bahia deve demonstrar esse alinhamento. Privatizar a Bahiagás é trair os baianos”, reforça Alfredo Santos.