Crime da mãe Bernadete trouxe desgaste forte a imagem do governo
Tasso Franco , da reda��o em Salvador |
19/08/2023 às 19:44
Governador fez encontro com Policia e secretários
Foto: Fernando Vivas
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. Com a imagem do seu governo desgastada com a repercussão nacional do crime que vitimou a mãe de santo e lider quilombola da Pitanga das Palmares, Maria Bernadete Pacífico, o governador Jerônimo Rodrigues, suspendeu a agenda que compriria em Mucugê numa feira de livros e comandou uma reunião com autoridades estaduais, na tarde deste sábado (19), para analisar o andamento das investigações.
2. Segundo nota distribuida pela Secom foi alinhada a forma de trabalho entre as Polícias Militar e Civil e reforçado o empenho na apuração da autoria e motivação do crime. As investigações estão em curso e envolvem agentes de departamentos como de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), e Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), e da Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF).
3. O encontro teve participação dos secretários estaduais da Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas; da Comunicação, André Curvello; da Segurança Pública, Marcelo Werner; da Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, Angela Guimarães; de Políticas para as Mulheres, Fabya Reis; do chefe de gabinete do governador, Adolfo Loyola; além da delegada-geral, Heloísa Brito, e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho.
4. Mais cedo, o governador já havia se reunido com a cúpula da Polícia Civil para alinhar estratégias sobre a apuração da morte de mãe Bernadete. No encontro com a delegada-geral, Heloísa Brito, a delegada-geral adjunta, Elâine Nogueira, e diretores dos departamentos e coordenações operativos, foram avaliadas as providências adotadas desde o início do fato, além dos próximos passos das apurações.
5. “A Polícia Civil está empregando todos os recursos necessários para a identificação e responsabilização dos autores”, afirmou Heloísa Brito. A diretora-geral do Departamento de Polícia Técnica (DPT), perita criminal Ana Cecília Bandeira, e outras autoridades estiveram presentes na reunião.
6. A Polícia Civil instalou um grupo de trabalho multidisciplinar composto por Departamentos e Coordenações especializados para a apuração do caso. Ações investigativas em campo e de inteligência policial são realizadas com a utilização de recursos tecnológicos. A população também pode colaborar ligando para o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Basta ligar para o 181 e não precisa se identificar.
7. Ainda na manhã deste sábado (19), o governador Jerônimo Rodrigues esteve no município de Simões Filho para prestar solidariedade à família de Maria Bernadete. Ela era uma das defensoras de Direitos Humanos atendidas pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), do Ministério da Justiça, executado na Bahia pela Secretaria da Justiça e Direitos Humanos (SJDH). Mãe Bernadete já foi secretária municipal de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho e atualmente era coordenadora Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
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8. O corpo da ialorixá e líder quilombola Maria Bernadete Pacífico foi conduzido ao Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, na Baixa de Quintas, por volta das 11h deste sábado, onde foi sepultado. O corpo de Mãe Bernadete saiu da área do quilombo Pitanga dos Palmares em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, em um veículo do Corpo de Bombeiros que percorreu ruas da cidade, antes do sepultamento em Quintas.
9. Nota da Policia Federal: A Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia informa que, nesta sexta-feira (18/8), foi instaurado inquérito policial para investigação do homicídio de Maria Bernadete Pacífico Moreira, liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, situado em Simões Filho/BA.
10. Salientamos que o homicídio de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos está sendo apurado em inquérito policial nesta regional. Todos os esforços estão sendo empregados para a devida apuração da autoria dos homicídios e as investigações seguem em sigilo.
11. O Brasil possui um total de 1.327.802 quilombolas, segundo os dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a primeira vez que as comunidades quilombolas são incluídas nas estatísticas oficiais da pesquisa.
12. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (27) em cerimônia em Brasília. O evento também foi transmitido ao vivo pela internet. Durante o evento “Brasil Quilombola: Quantos somos, onde estamos?”, várias autoridades destacaram e contribuição da Coordenação Nacional Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) para os resultados.
13. “Dias como hoje são raros. Estamos tirando da invisibilidade os quilombolas desse país. Precisamos dar visibilidade à pauta. Em nome da CONAQ e de todos os quilombolas do país quero agradecer a todos que contribuíram para que esse dia acontecesse. Agradeço a cada liderança quilombola, que mesmo com as situações que passamos, fizeram o papel do Estado durante o censo.
14. O censo é uma conquista de anos de luta e é importante para que possamos avançar na construção de políticas públicas. Somos mais do que números. A cada número desse bate um coração e uma trajetória de resistência”, destacou Biko.
15. A pesquisa inédita informa que as 1.327.802 pessoas quilombolas habitam em 1.696 municípios do país. Conforme o IBGE, “foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola”. Dos 5.568 municípios do Brasil, 1.696 possuem população quilombola.
16. O Nordeste concentra 68,19% (ou 905.415 pessoas) do total de quilombolas do país. A Bahia é o estado com maior quantidade de quilombolas: 397.059 pessoas. Em seguida está o Maranhão, com 269.074 quilombolas. Juntos, os dois estados concentram metade (50,16%) da população quilombola do país.
17. Maior mobilização de mulheres do campo e das cidades da América Latina, a 7ª Marcha das Margaridas trouxe para Brasília, no Distrito Federal, aproximadamente 150 mil mulheres. Com o lema "Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver", elas atravessaram os rincões do país trazendo reivindicações que foram acolhidas pelo Governo Federal. A ministra Margareth Menezes participou do ato ao lado de uma comitiva do Ministério da Cultura.
18. Na véspera, durante o ato que lançou a Marcha 2023, a chefe da Cultura anunciou a aprovação, pelo Senado Federal, do PLC 63/2018, que inclui o nome de Margarida Alves como heroína da pátria. O título é concedido a personalidades que tiveram importantes funções na defesa ou na construção do país. “Essa notícia consagra a luta das participantes da marcha”, comemorou a ministra.
19. O legado da homenageada - brutalmente assassinada em função de sua luta -, ganha força com a criação de um Pacto Nacional de Prevenção a Feminicídios. Também foi assinado documento pela retomada do Programa de Reforma Agrária e a regularização de 40 mil famílias em assentamentos no Brasil, entre os oito decretos anunciados pelo Governo Federal.
20. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso ao final da caminhada. Nela, falou sobre o protagonismo das mulheres e seus direitos em fazer escolhas. “Que bom estar de mãos dadas com tantas margaridas para a reconstrução do Brasil. Esse governo nunca faltará com vocês. Não tenham medo de reivindicar”.
21. Mazé Morais, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e coordenadora da Marcha disse que o objetivo das margaridas é ajudar a reconstruir o Brasil. “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”, afirmou.