Crime a ser solucionado sob pena de ser um carimbo nas costas de JR
Tasso Franco , Salvador |
18/08/2023 às 19:29
Mãe Bernadete Pacífico
Foto: CONAQ
O assassinato a tiros a ialorixá e líder quilombola de Simões Filho, Bernadete Pacífico, abalou a imagem do governo Jerônimo Rodrigues (PT) que vem enfrentando uma onda de violência intensa na Bahia, nos últimos meses, sem encontrar uma resposta capaz de contê-la. As razões são inúmeras desde o avanço dos grupos organizados do crime a incapacidade do aparelho policial e jurídico de dar uma resposta à altura.
O governo não está parado. Pelo contrário. Tem feito um esforço enorme na modernização de sua estrutura, no aparelhamento técnico do corpo policial, no combate direto aos criminosos initerruptamente, em ações integradas das duas policias do estado e do governo federal, realizado inúmeros apelos ao Judiciário no sentido de ser mais rigoroso, o próprio secretário da Segurança já se queixou, de público, do prende (da Policia) e solta (da Justiça), mas os atos de violência seguem adiante.
Recentemente, segundo as estatísticas divulgadas pelo SSP, mais de 30 supostos criminosos foram mortos em confronto pela Polícia. Dissemos supostos e a SSP também diz porque as leis no país estabelecem que se não há um julgamento jurídico, ainda que haja registros de ações "supostamente" criminosas na SSP dessas pessoas, matar não é o caminho.
Isso é tão polêmico que o governador Jerônimo tendo seu governo criticado por esse fato, inclusive nacionalmente, deu declarações recentes de que é um humanista e a Polícia do seu governo tem, como princípio, a prisão e não as mortes.
Hoje, o governador voltou a falar nesse mesmo tom ao dizer que os assassinos da ialorixá deverão ser presos e o crime elucidado. Jerônio confessou que ligou para o presidente Lula da Silva para falar sobre o crime e lhe garantiu haverá a elucidação.
Vê-se, pois, que governador, reconhecidamente uma pessoa de ídole pacífica e voltado para a educação sentiu no seu âmago a dureza do crime da ialorixá e os abalos na imagem do seu governo.
Há uma moblização nacional em torno do crime e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, já anunciou que uma comitiva liderada pela pasta vem para a Bahia acompanhar o caso. E, também hoje, secretários de várias pasta do governo do estado participaram de uma reunião na SSP com o titular da Segurança.
A pressão é enorme sobre o governo das forças políticas aliadas - mais até do que da oposição paralemntar - uma vez que o segmento quilombola é, majoritariamente, vinculado ao petismo e aliados da esquerda. E, embora, não haja críticas diretas a Jerônimo e a máquina policial, há muitos lamentos e moções de pesar pela falecida, trata-se de uma personalidade nacional coordenadora do CONAQ - Coordenação Nacional de Articulação dos Quilombos.
"É muito doloroso ver nosso povo sendo levado de formas tão cruéis, por crimes motivados também por ódio. Uma comitiva liderada pelo MIR está indo à Bahia para garantir a proteção e defesa do território e de seus povos", escreveu Anielle Franco. "Que os orixás acolham Mãe Bernardete. Toda a solidariedade aos familiares . E nosso profundo compromisso com todo o povo de axé!"
A missão de governar tem esses percalços pelo caminho e caberá ao governador Jerônimo, líder político atualmente no topo poder enfrentá-los e resolvê-los. (TF)