Benedita da Silva tenta colocar panos quentes
Tasso Franco , Salvador |
20/07/2023 às 18:01
Lula com José Maria Neves, presidente de Cabo Verde
Foto: Ag Brasil
Durante passagem por Cabo Verde, na África, na quarta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), "agradeceu" aos africanos por "tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão" no Brasil. A declaração dele ocorreu logo após a União Europeia reconhecer oficialmente os danos causados pela escravidão aos países da América Latina e Caribe no período colonial.
A fala de Lula é moralmente condenável porque trata a escravidão como algo que seria positivo para o Brasil, em uma visão utilitarista que não leva em conta o sofrimento e os direitos das centenas de milhares de pessoas que foram escravizadas. Mas, no contexto das relações internacionais, por ora, a fala aponta mais para uma gafe diplomática ou ato falho do que para uma aprovação deliberada da escravidão com algum objetivo político.
Lula disse a José Maria Neves, o presidente de Cabo Verde, arquipélago que fazia parte da rota de tráfico negreiro para o Brasil no período colonial:
"Temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país. A forma de pagamento que um país como o Brasil pode fazer [está em] tecnologia, na possibilidade de formação de gente para que tenha especialização para as várias áreas que o continente africano precisa, [como] industrialização e agricultura. Queremos agora, com minha volta à Presidência, recuperar a boa e produtiva relação que o Brasil tinha com o continente africano."
BENEDITA AMENIZA BOBAGEM DITA POR LULA
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o Brasil tenha uma sólida relação comercial com a África, continente que não pode ser só parceiro cultural ou de turismo do país, afirmou nesta quarta-feira (19) ao Painel a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Em declaração conjunta com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, Lula afirmou ter "profunda gratidão" pela África por tudo que foi produzido durante o período da escravidão no Brasil. "Eu tenho certeza de que o que ele fala de África é que o Brasil viveu de costas para a África e que nós temos uma dívida enorme com a África, e a África não pode ser apenas um parceiro cultural ou de turismo, ou de safari", afirma.