No Parlamento, vários parlamentares de direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciaram a apresentação de um pedido de impeachment de Barroso
Tasso Franco , Salvador |
13/07/2023 às 15:14
Luis Barroso
Foto: STF
O Supremo Tribunal Federal afirmou, em uma nota divulgada nesta quinta (13), que a declaração do ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente da Corte, de que “derrotamos o bolsonarismo”, não se referia “à atuação de qualquer instituição”. “Referia-se ao voto popular”, disse o tribunal na nota.
“Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, diz a nota do STF.
Na verdade, a frase exata do ministro, durante o Congresso da UNE, em Brasília, foi: “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo, para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”. Neste momento, ele não falou de “voto popular”.
No Parlamento, vários parlamentares de direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciaram a apresentação de um pedido de impeachment de Barroso. A lei diz que é crime de responsabilidade de um ministro exercer atividade político-partidária e proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções.
O QUE DISSE O MINISTRO
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou que “nós derrotamos o bolsonarismo” em um discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), na noite desta quarta-feira, 12, em Brasília. Com a repercussão da declaração, parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que vão entrar com pedido de impeachment contra o magistrado.
As falas de Barroso foram uma reação a um grupo de estudantes que protestava contra a presença do ministro, chamado de “inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016″, em referência aos votos do magistrado sobre o piso salarial da categoria e o rito do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Barroso foi vaiado.
“Nós estamos criando um futuro novo e enfrentando a desigualdade racial de modo que eu saio daqui com a energia renovada pela concordância e pela discordância, porque essa é a democracia que nós conquistamos. Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse o ministro Barroso.
Durante discurso, o ministro também citou a luta contra a ditatura militar e a defesa da democracia. “Estar aqui é reencontrar o meu próprio passado de enfrentamento do autoritarismo, da intolerância e de gente que grita em vez de ouvir, de gente que xinga em vez de botar argumentos na mesa. Isso é o bolsonarismo! Quem tem argumentos, quem tem razão, quem tem a história do seu lado coloca argumentos na mesa. Não xinga, não grita. Esse é o passado recente no qual nós estamos tentando nos livrar.”