Homem vestido de mulher é uma tendência em ascensão
Tasso Franco , Salvador |
22/02/2023 às 19:30
O rei da folia com a chave que será devolvida
Foto: Joá Souza
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. O Carnaval de Salvador é insubmisso. Tem seus ritos próprios e não está subordinado às autoridades governamentais. Trata-se de uma manifestação da cultura popular independente e quem determina suas inovações e mudanças são os foliões, os empreendedores, os trabalhadores e os festivos apenas.
2. Prefeitura de Salvador e governo do estado têm papéis importantes mesmo quando seus líderes são adversários políticos, como neste 2023, e devemos sempre valorizar os trabalhos que executam na organização do evento, contratação de bandas, segurança, saúde, limpeza, iluminação, etc, etc. O dono da festa, no entanto, é o folião. É ele quem inova, cria, modifica, debocha, etc, etc, e vai dando novas feições à manifestação cultural.
3. Houve um tempo, recente, em que os camarotes a partir da efetivação do Circuito Dodô (Barra-Ondina) eram considerados os vilões da folia. Falava-se mal deles, os artistas e produtores dos trios elétricos, a esquerda abará do Largo da Dinha, os líderes de agremiações afrobaianas e assim por diante. Passado tão pouco tempo, na virada doos anos dez do século XXI, não se fala mais nisso.
4. Todos têm camarotes ou participam da camarotagem, dos integrantes do Xupysko (Harém) a personalidades da elite política da esquerda (2222) a mais modestos num sobrado do Curuzu. E os artistas? Ah! Foram cooptados pelos camarotes. Na terça-feira, última dia do Momo, Bell Marques cantava no Brahma para alegria da bramosidade.
5. Nada é de graça. Todos ganham, obvitamente. Quando foi instituto, no governo ACM Neto, o patrocínio de uma cervejaria para ajudar nas despesas do Momo com venda exclusiva dos seus produtos, o mundo caiu em críticas. O modelo deu certo. Funcionou. Neste 2023, com a Brahma neste posto, aconteceram criticias? Zero.
6. O então governador Jaques Wagner instituiu o Carnaval Ouro Negro. O que é isso? Ouro negro, na linguagem popular é petrpóleo, grana. As queixas das entidades afrobaianas cessaram com o capilé do Ouro Negro. Para todos: os maiores e mais representativos levam mais; os menores, menos. Não há mais criticas nesse segmento. Pelo contrário: querem estender o benefício do Ouro para um programa de todo o ano alegando que algumas entidades desenvolvem trabalhos sociais. Vocês por acaso já ouviram falar em eleições democráticas nessas entidades?
7. A reivindicação de que o Carnaval de rua estava sendo dominado pela elite dos trios, nas três instâncias porque há blocos de ricos, de médios e de pobres, fechou um ciclo rapidinho com o Trio Pipoca. Claro, com dinheiro público. No fundo, quem paga o som para o pipoca é também o pipoca.
8. Quando um folião, por mais pobre que seja, compra um pão está pagando 18% de ICMS. Pipoca também bebe cerveja e lá se vão mais 27% de imposto de circulação. Os artistas adoraram. Ganham da Prefeitura e do Estado sem a necessidade de manterem estruturas ou trios de blocos. Uma mão na roda.
9. Muita coisa mudou nos carnavais entre 1993 a 2023 para ficarmos apenas em 20 anos da folia. Quando Eliana Dumet, no governo Imbassahy, nominou os circuitos de Osmar (Campo Grande) e Dodô (Barra), salvo engano no ano 2000, colocou-se o nome de Osmar no circuito mais movimentado; e Dodô, no menos.
10. Com o decorrer das décadas, o Dodô ultrapassou o Osmar; o o Batatinha (Pelourinho) criado por Paulo Gaudenzi está sendo engolido pelo Santo Antônio Além do Carmo. E quem criou este novo circuito? O folião, assim como o Aleixo Belov (eu que dei este nome) no mar da Barra. Agora, a Prefeitura luta para igualar a animação do Osmar ao Dodô. Está conseguindo, parcialmente. Mas, isso vai depender dos humores do folião.
11. Houve um tempo em que era proibido vender cerveja e vodck em garrafas nos circuitos para evitar acidentes e mais violência nas brigas. Neste 2023, vendas à mancheia. Quem autorizou se era proibido? O folião.
12. Ainda tem brigas no Carnaval? Centenas. Mas, a SSP e também a Prefeitura diz que o Carnaval é tranquilo. Os números da Saúde e Segurança do Momo são todos furados, mas, devem ser respeitados porque oficiais. A quantidade de turistas, idem; assim como a quantidade de gente nos circuitos. Até agora, ninguém bateu Benito Gama quando era do Turismo e falou em 2 milhões e 300 mil pessoas nas ruas. Nem empilhadas.
13. A quantidade de homens vestidos de muheres movimento que começou com mais força nos anos 1980 com "As Independentes", na Sé, já está quase emparelhando com o de mulheres na real. Neguinho aproveita o embalo e vira neguinha, na real, também. Uma folião reclamou neste 2023, numa entrevista da TV, que não recebeu um colar de um Filho de Gandhy disposta a retribuir com um beijo. Segundo a moça, em parte, os preferidos são os homens.
14. O Carnaval melhorou ou piorou? Melhorou. E muito. Os portais de identificação com detectores de metais, os sanitários químicos, os camarotes com ar condicionado, os caminhões Volvo dos trios, a proteção aos ambulantes e suas familias, TACs para cordeiros, enfim, há muitos avanços que não tinhamos na década de 1990. Se recuarmos mais para a década de 1970 a melhora é ainda mais.
15. Onde vamos parar? Ninguém sabe. O folião é quem decide. Não arriscaria nem tendências embora o Carmo Além do Santo Antônio já pegou e o Furdunço também. O Fuzuê, menos.
*****
16. (Números oficiais) O encerramento das atividades da Polícia Militar do Estado da Bahia (PMBA) no Carnaval de Salvador 2023 foi celebrado com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, nesta quarta-feira (22), no Camarote da PMBA, em Ondina, quando foi homenageado pela corporação com o troféu Nossa Força, pela sua contribuição para realização da festa. O vice-governador Geraldo Junior, coordenador do Carnaval 2023, o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, e o cantor Bell Marques também foram agraciados com o troféu.
17. O comandante-geral da PMBA, coronel Paulo Coutinho, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Adson Marchesini, a delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, o diretor-geral do Departamento de Policia Técnica, Edson Luiz dos Reis, também prestigiaram o evento, que é realizado em reconhecimento ao trabalho dos cerca de 30 mil agentes que estiveram a serviço da segurança de baianos e turistas, durante os sete dias da festa momesca. O evento contou, ainda, com a presença dos secretários da Cultura, Bruno Monteiro; da Saúde, Roberta Santana; da Igualdade Racial, dos Povos e Comunidades Tradicionais, Ângela Guimarães; de Turismo, Maurício Bacelar; de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas; e do chefe da Casa Civil, Afonso Florence.
18. O governador Jerônimo Rodrigues, festejou o saldo positivo das ações de segurança no Carnaval. “O ‘Carnaval em cada esquina’ aconteceu na capital baiana e em quase setenta municípios e cidades do interior do estado da Bahia com a mesma tranquilidade e segurança que nós vimos e aplicamos aqui em Salvador.
19. Com uma coordenação conjunta composta pelo Governo do Estado, Prefeitura Municipal e órgãos federais, reunida diariamente pra monitorar, avaliar e dar uma sequência do que nós nos comprometemos desde o início do ano quando preparamos a festa”, declarou Jerônimo, que ainda parabenizou a todos os envolvidos na festa, mas destacou seu agradecimento especial aos agentes da Segurança Pública da Bahia.
20 “Que meu agradecimento possa chegar a cada policial militar, a cada policial civil e a cada bombeiro, que, nestes dias de Carnaval, se dedicaram, se entregaram com aquela orientação que nós temos de poder fazer a sua missão como sempre a fizeram com integridade e com amor à farda. Eu quero agradecer a cada um e a cada uma que atuou nos circuitos de Carnaval aqui, na capital, e no interior”, concluiu o governador.
21. O sucesso da atuação das forças de segurança se deu pelo esforço integrado das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e do Departamento de Polícia Técnica, resultando na prisão de 79 foragidos localizados por Reconhecimento Facial. Desses, 46 criminosos foram encontrados no circuito Dodô (Barra/Ondina), 19 no Osmar (Campo Grande), 11 no circuito Batatinha (Centro Histórico), um no Carnaval de bairro, em Itapuã, um na festa de Camaçari e o último no Carnaval de Santo Estevão, no interior.
22. O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, destaca que, neste ano, o investimento do Governo do Estado no Carnaval de cerca de 70 cidades do interior aumentou o desafio para a Segurança Pública do estado. “Dentro de um planejamento robusto e com o uso da tecnologia, com a capacitação e comprometimento dos nossos policiais militares, civis, bombeiros e polícia técnica, conseguimos proporcionar um excelente carnaval.
23. A Central de Controle, com 43 órgãos funcionando 24 horas durante todo o período do Carnaval e pré-Carnaval, também foi muito importante pra que o acionamento dos órgãos municipais, estaduais e federais fosse mais célere para a integração de todas as polícias”, explicou Werner.
24. Além da atuação de agentes de segurança nos circuitos oficiais da festa, a PMBA esteve presente, ainda, no Carnaval de Bairros, em Cajazeiras X, Periperi, Itapuã, Liberdade, Boca do Rio, Plataforma, Pau da Lima, Piatã (Palco do Rock) e Nordeste de Amaralina (Circuito Mestre Bimba). Policiais garantiram a segurança do folião, com policiamento nas ruas, por meio de postos elevados de observação e patrulhas, e, no entorno imediato, com a tropa especializada
25. Os registros de lesões corporais reduziram, foram 120, em 2020, para 58 casos este ano. Já as ocorrências de crimes contra o patrimônio, incluindo furtos e roubos, também apresentaram diminuições, de 1247, em 2020, para 1089 neste ano. As ações ostensivas da PM e com equipes infiltradas da PC resultaram em 42 prisões em flagrantes por roubo, furto, tráfico de drogas e brigas. Nos Portais de Abordagem e em ações pontuais nos circuitos, foram apreendidas 1.300 armas brancas, entre espada, facas e canivetes.
26. Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) realizou atendimento a 664 ocorrências, nos circuitos Batatinha, Osmar e Dodô. Dessas, 651 foram de atendimentos pré-hospitalares, 13 de busca e resgate, além de 1.209 repasses de orientações e ações de prevenção.
27. A Operação Folia em Paz garantiu ações ostensivas nos principais corredores de tráfego da capital baiana, resultando na apreensão de duas armas de fogo, na condução de 24 pessoas para delegacias, em 12 prisões em flagrante, além de dois mandados de prisão cumpridos e registro de 17 ocorrências de apreensões de drogas. Foram abordadas 5861 pessoas, 782 carros, 1.037 motos, 180 coletivos, 112 táxis, 832 pontos de ônibus e cinco veículos foram recuperados. A Folia em paz contou com o trabalho das equipes das operações Gêmeos e Apolo, das Companhias Independentes de Policiamento Tático (CIPT/Rondesps) e do Esquadrão de Motociclistas Asa Branca (Feira de Santana).