Governador Jerônimo Rodrigues está em Brasília para reunião de governadores com o presidente Lula
Tasso Franco , Salvador |
09/01/2023 às 18:56
Ministro da Defesa balança
Foto: Ag Brasília
MIUDINHAS GLOBAIS:
1. (ESTADÃO. POR VERSA ROSA) A letargia do governo federal para conter a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, neste domingo, 8, fez com que crescessem nas fileiras do PT as críticas à atuação do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Dirigentes do PT pressionam Lula para trocar o ministro, mas até agora não obtiveram sucesso nesse movimento.
2. A crise de graves proporções na Praça dos Três Poderes expôs o titular da Defesa, que enfrenta resistência de petistas desde que foi sondado para ocupar o cargo, e agora ficou enfraquecido. O argumento de conselheiros de Lula é o de que Múcio não tem ascendência sobre as Forças Armadas e, além de tudo, tenta agradar a militares que protegem golpistas.
3. Declarações dadas pelo titular da Defesa, seis dias antes dos atos de vandalismo, em Brasília, serviram como combustível para uma ala do PT aumentar a pressão contra ele. Na ocasião, Múcio disse que manifestações em frente aos quartéis faziam parte da democracia e deveriam se “esvair” aos poucos, sem repressão.
4. Múcio enfrenta resistência do PT desde que foi sondado para o cargo. Foto: Renato Alves/ Agência Brasília
Múcio enfrenta resistência do PT desde que foi sondado para o cargo. Foto: Renato Alves/ Agência Brasília
5. Em conversas reservadas, parlamentares do PT e de outros partidos aliados afirmam que Lula deveria substituir Múcio por Nelson Jobim ou mesmo por Jaques Wagner, hoje líder do governo no Senado. Os dois foram ministros da Defesa em gestões passadas do PT. Múcio, por sua vez, foi titular da Secretaria de Relações Institucionais de 2007 a 2009, no segundo governo Lula, e presidente do Tribunal de Contas da União (TCU).
6. O presidente não planeja troca na Defesa, ao menos por enquanto. Ele se reuniu nesta segunda-feira, 9, com Múcio e com os comandantes do Exército, general Júlio César de Arruda; da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, no Palácio do Planalto. O gabinete de Lula foi um dos poucos não atingidos pela depredação, que destruiu até mesmo obras de arte, como o quadro “As Mulatas”, de Di Cavalcanti. Documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também foram furtados durante a invasão.
7. Múcio e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, chegaram a sugerir a Lula, no domingo, que lançasse mão do decreto de Garantia da Leio e da Ordem (GLO) para conter os ataques na Praça dos Três Poderes. O presidente resistiu e decretou a intervenção federal na segurança de Brasília, mais branda que a GLO.
8. Nos bastidores, dirigentes do PT mostram inconformismo com o que chamam de “ingenuidade” de Múcio e do ministro da Justiça, Flávio Dino, que confiaram no governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. O governador disse aos ministros que tudo estava sob controle. À noite, após o caos instalado na capital da República, gravou um vídeo pedindo desculpas a Lula. Ibaneis acabou afastado do cargo por 90 dias, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
9. Dino admitiu divergências com Múcio sobre a permanência de bolsonaristas em acampamentos diante dos quartéis. Disse, porém, não concordar com a ofensiva política para transformar Múcio em “vilão” da história. “Tenho solidariedade ao ministro Múcio, o que não significa concordância integral”, afirmou Dino, que, ao contrário do colega, defendia a rápida retirada dos aliados de Bolsonaro da frente do QG do Exército. “Não concordo com a martirização de Múcio como sendo o vilão desse processo”, emendou ele.
10. A ausência do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) durante os atos de vandalismo no Planalto também causou estranheza no governo. Durante os governos Dilma Rousseff e Michel Temer a tropa foi convocada em mais de uma ocasião para proteger o patrimônio público de ameaças de invasões. O BGP tem entre suas principais funções guardar as instalações do Planalto e do Comando do Exército. Neste domingo, porém, só entrou em cena depois que as depredações já haviam ocorrido. E, mesmo assim, com contingente reduzido.
11. Ao Estadão, Múcio disse estar ciente dos problemas e das pressões para retirá-lo do cargo. “Meu lugar pertence ao presidente da República”, resumiu o ministro da Defesa. “Eu estar aqui, ou não, não interfere na nossa relação de amizade, bem querer e admiração.”
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12. O governador Jerônimo Rodrigues desembarcou na capital do país, na tarde desta segunda-feira (9), onde cumpre agenda oficial junto aos chefes dos Executivo de outros estados. Na pauta, um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para prestar solidariedade, após apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadirem e depredarem, no domingo (8), em atos terroristas, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, sedes dos Três Poderes da República. Está previsto que os governadores promovam um manifesto pela democracia e união das instituições contra ações antidemocráticas.
13. Ao chegar a Brasília, Jerônimo comentou a ação da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), realizada na tarde desta segunda-feira (9), que desmontou acampamentos de manifestantes antidemocráticos. A ação foi coordenada de forma simultânea nas cidades de Salvador, Alagoinhas e Feira de Santana, seguindo a determinação do governador de que fossem cumpridos todos os aspectos legais para a desocupação.
14. “Pela manhã, eu me reuni com membros da SSP, do Exército, do Ministério Público, do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa, e cumprimos a determinação do ministro Alexandre de Moraes de desmontar os acampamentos. Nesse momento, a Bahia já não tem mais nenhum nas cidades onde estavam montados. Eu dei a ordem de que a Segurança Pública continue monitorando para garantir que a Bahia fique realmente livre desses acampamentos”, afirmou o governador.
15. Coordenados pelo Comando de Policiamento Especializado (CPE) da Polícia Militar, grupos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do Choque, do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (Bepe), do esquadrão Águia e da 2ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foram até o bairro da Mouraria e iniciaram o processo de negociação. Seis toldos, cadeiras, banheiros químicos e isopores que davam suporte aos radicais de extrema direita foram removidos. Equipes de negociação do Bope dialogaram com os radicais para evitar aglomeração na porta do Quartel General da 6ª Região.
16. No início da noite de domingo (8), o governador enviou para Brasília uma tropa de 67 homens e três mulheres da Polícia Militar da Bahia para auxiliar as forças de segurança que atuam na capital do país. O comandante do Batalhão de Choque, coronel Wildon Reis, é o responsável pelo grupo que atuará no combate aos atos antidemocráticos.
17. Na comunidade de São Paulinho, localizada no município de Teolândia, no território Baixo Sul da Bahia, o grupo de Mulheres Mais Direito e Saúde, vinculado à Associação dos Moradores e Agricultores de São Paulinho (Amasp), conquistou a autonomia financeira, a partir da criação do Fundo Rotativo Solidário (FRS) do Baixo Sul. [
18. Trata-se de uma ferramenta que possibilitou, a partir do acesso ao crédito, a democratização das inovações agroecológicas das famílias agricultoras, além de garantir a continuidade e ampliação da produção de sequilhos e outros derivados da mandioca.
19. O Fundo Rotativo Solidário é uma ação inovadora promovida pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE/Bahia), no âmbito do serviço de assistência técnica e extensão rural (ATER), ofertado pelo Governo do Estado, via contrato com o projeto Bahia Produtiva, e executado junto a organizações selecionadas no Baixo Sul.
20. A educadora técnica da FASE/BA, Aline de Sousa, explica que o Fundo Rotativo Solidário do Baixo Sul foi constituído a partir de uma intervenção socioeconômica da FASE Bahia com o grupo de mulheres, no sentido de permitir mais poder econômico para elas. “A ação buscou a autonomia econômica do grupo para o enfrentamento da situação de subserviência típica do patriarcado que impera, principalmente, nas comunidades rurais”.
21. A Associação capta esses recursos do Fundo Rotativo para a produção de alimentos processados, que são comercializados via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e em Feiras da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Além disso, o grupo tem a possibilidade de acessá-lo para proporcionar melhorias nos plantios de ciclos curtos.
22. Com esses recursos, o grupo ampliou ainda a produção de sequilhos, aqueles famosos biscoitinhos doces que derretem na boca. A trajetória para a produção desses biscoitinhos foi longa e, segundo a sócia-fundadora do Grupo de Mulheres, Vilma de Souza Santos, no começo houve dificuldades que aos poucos foram sendo superadas. “Resolvemos montar a associação para começarmos a nos organizar para produzir e gerar renda. Participamos de um curso de produção de sequilhos, construímos um galpão com o apoio da comunidade e colocamos nossa cozinha dentro”.
23. Mas foi a partir do serviço de ATER, disponibilizado a partir da execução do projeto Bahia Produtiva, que tudo começou a mudar. “Foi a FASE quem constituiu o Fundo Rotativo Solidário, criado pelas próprias mulheres. Rotativo, porque ele roda em todos os grupos e, solidário, porque ele não tem tantos juros. Melhorou muito. Se de repente surge um pedido grande, agora a gente sabe que tem um dinheiro para as compras dos insumos. Antes, a gente não tinha a garantia, tomava emprestado de alguém e ficávamos nesse compromisso e responsabilidade. Hoje, não temos dificuldade. Foi um marco para o nosso grupo e o nosso empoderamento”, ressalta Vilma.
24. O Bahia Produtiva é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.
25. A matéria faz parte da Revista Bahia Produtiva – Assistência Técnica e Extensão Rural promove transformações no rural baiano e pode ser conferida na íntegra acessando o link: https://issuu.com/sdrbahia/docs/revista-bahia-produtiva_sdr_2022.