Ontem, em nota à imprensa, divulgou que segue a campanha pautado no desejo de mudança do povo baiano como demonstrado nas urnas no último domingo.
"Em termos numéricos, a maioria dos eleitores da Bahia optou por um sentimento de mudança. Então, nós vamos buscar esse desejo que foi apresentado pela maioria dos eleitores no primeiro turno para, com isso, tentar virar o jogo e sair vitorioso", essa é a sua avaliação.
O ex-prefeito de Salvador ressaltou ainda que nos próximos dias surgirão novidades importantes na campanha. Neto contou que este é um momento de muitas conversas e ajustes, mas que continua focado na sua maior aliança, que "é com o povo da Bahia".
Noutras palavras significa dizer que Neto manterá a neutralidade e da mesma maneira que precisa do voto dos bolsonaristas no enfrentamente a Jerônimo, Bolsonaro necessita dos votos carlistas para contenda contra Lula. É o chamado "abraço de afogado"; ou salvam-se os dois; ou morrem ambos.
De sua parte, o candidato bolsonarista no primeiro turno, João Roma, em nota à imprensa, também ontem, disse que não faz política com o umbigo e apoiará ACM Neto, mas, condicionou esse apoio a que Neto se submeta a pauta e a conversas com lideres bolsonaristas e sobretudo a Bolsonaro.
Ai está o nó górdico da questão. O que vale para Chico (Neto) vale para Francisco (Bolsonaro). Um depende do outro para crescer. Se houver um desentendimento - Neto dá sinais de que não conversará e nem se submeterá a Roma, seu adversário e algoz apontando intra-muros como fazendo o jogo petista na Bahia - é ruim para ACM Neto, porque os bolsonaristas podem votar no 22 para presidente e anular o voto para governador; como é ruim para Bolsonaro, uma vez que os carlistas também podem votar no 44 para governador e anular o voto para presidente.
Quem ganham com isso? Jerônimo e Lula, os quais estão a cavalheiros e engrossando suas fileiras com novas adesões de prefeitos encaminhadas pelo senador Otto Alencar e por bolsonaristas.
Veja o caso, por exemplo, do prefeito de Serrinha, Adriano Lima, ligado a Roma/Bolsonaro e que, ontem, aderiu a Jerônimo/Lula. Esse movimento foi feito pelo prefeito sem consultar Roma que tanto defendeu no primeiro turno? Ou passou por Roma? Nunca se saberá e fica sempre a dúvida.
Nas reuniões de Neto com parlamentares do seu grupo há o consenso de que um posicionamento de adesão a Bolsonaro poderia afugentar uma parcela de eleitores que o apoiou na primeira etapa da eleição.
No primeiro turno Neto obteve 40.08% dos votos e Bolsonaro 24.3% na Bahia. Roma obteve 9.08%; Lula 69.7% e Jerônimo 49.46%.
Vê-se-, pois, como essa equação é complicada e a decisão política sobre o segundo turno, para Neto, mais adianta.
O que se depreende é que Neto teve votos da base lulista e dos bolsonaristas independente de um e do outro, somente com sua política de mudanças na Bahia.
O segundo turno, no entanto, é outra eleição e se Neto ficou sem palanque presidencial no 1º turno, agora, quem está sem palanque na Bahia é Bolsonaro.
Roma e Raissa dizem que vão seguir em campanha para ajudar Bolsonaro, mas como estão fora da parada nas urnas o efeito dessa caminhada será inóquo.
Bolsonaro precisa de Neto para crescer no Estado. Há, portanto, um impasse, com Neto sinalizando que não se submeterá a Roma e o União Brasil, nacional, resistindo em apoiar Bolsonaro, com Bivar e Neto no comando.
Por outro lado, se Neto fizer um aceno ao eleitor bolsonarista incluindo no seu programa de mudanças temas defendidos por Bolsonaro, mas sem a presença do presidente, também fica inóquo.
O abraço tem que ser de afogado. Bolsonaro já declarou estar “à disposição” do candidato do União Brasil ao governo da Bahia.
Então, tudo ainda está em aberto e como a política é a arte do entendimento esta aliança (Neto + Bolsonaro) ainda poderá ser concretizada. Da forma em que se encontra, no momento, os únicos beneficiados são Jerônimo e Lula. (TF)