Para ACM Neto agora só resta a alternativa se aliar a Jair Bolsonaro
Tasso Franco , Salvador |
03/10/2022 às 14:13
ACM Neto com prefeito Bruno Reis
Foto: Vitor Villar
Quem acompanha de perto a política baiana - sem paixões - sabia que a eleição de ACM Neto (União Brasil) para governador do estado era (e é) extremamente difícil uma vez que o grupo político comandado pelo PT está há 16 anos administrando o estado, tem muitas realizações a mostrar, possui uma direção política orientada e comandada pelo senador Jaques Wagner, desde 2006, e aliançou-se com o PSD do senador Otto Alencar, cujas bases interioranas têm exercido um papel importante com densidade eleitoral muito forte.
Essa estrutura política reforçada pelo PCdoB e PSB perdeu uma peça relevante nesta eleição, o PP de João Leão, mas todos sabem nos bastidores que alguns pepistas graduados, prefeitos e lideranças municipais seguiram com a base governista graças as ações administrativas e políticas do governador Rui Costa. Isso foi público e notório fotografado e registrado por alguns portais.
Acima de todo esse conjunto tivemos no primeiro turno uma eleição presidencial polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula da Silva (PL), cada um deles com um candidato a governador na Bahia, com casadinhas números 13/13 e 22/22 enquanto ACM Neto configurado como o número 44 distante de ambos e dizendo-se capaz de governar com qualquer um deles.
Na prática, isso é possível, e o exemplo está aí com o governador Rui Costa (PT) que governa com o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas na praxis política, na divulgação das alianças, nos horários das propagandas no rádio e na TV, é uma mão na roda pedir para votar em Lula/Jerônimo (13/13) e Bolsonaro/Roma (22/22).
Isso, além de facilitar o eleitor na hora de escolher o candidato a votar facilita demais numa eleição polarizada e que uma terceira via só veio ter alguma força, no final, com Simone Tebet (MDB/15).
ACM Neto ainda teve a chance - em agosto - de, ao menos, apoiar Ciro Gomes (PDT/12) onde a vice candidata a presidente foi a vice prefeita Ana Paula, mas temia perder votos dos bolsonaristas e de possíveis petistas.
E, diante desse impasse ficou engessado politicamente sem criticar Bolsonaro e sem atacar Lula entendendo que poderia se bebeficiar nas urnas. Ao menos, em relação ao petismo, um erro político grave porque os pestistas em hipótese alguma votam nele.
Essa situação - de candidato solo, autonômo, acima dos candidatos a presidente - lhe custou caro e o PT só não venceu o pleito no primeiro turno porque o candidato apresentado e imposto por Rui Costa, Jerônimo Rodrigues, é muito fraco.
Se o PT tivesse mantido Wagner a eleição seria decidida, com facilidade, no primeiro turno. Tanto isso é real que, na era dos 16 anos do PT na Bahia, esta é a primeira vez que uma eleição para governador será decidida no segundo turno.
Para ACM Neto não resta alternativa senão apoiar Jair Bolsonaro no segundo turno com a diferença de que, agora, tem que passar pela intermediação de João Roma, o lider bolsonarista no estado e seus mais de 700 mil votos e uma candidata ao Senado com mais de 1 milhão de votos.
Bolsonaro já sinalizou que quer formalizar uma aliança com o União Brasil no país e com o governador de MG, Zema, do Partido Novo. Isso poderá facilitar sua vida, mas tudo sendo submetido a Roma. Ou seja, Neto tem que acertar os ponteiros primeiro com Roma, o qual segundo informes estaria conversando com Wagner desde tempos remotos.
Jerônimo está a cavalheiro numa boa como se diz uma vez que, além de uma frente de mais de 700 mil votos para Neto, do poder de Otto Alencar, da máquina pilotada por Rui, tem Lula disputando o segundo turno. Ou seja, a dobradinha 13/13 segue firme. Por enquanto Neto segue com seu 44 puro, solo. (TF)