Veja as posições dos candidatos e o que cada qual defendeu no debate
Tasso Franco , Salvador |
28/09/2022 às 10:09
Os 4 candidatos - ACM Neto, Jerônimo Rodrigues, João Roma e Kleber Rosa
Foto: DIV
O debate da TV Bahia realizado ontem com os candidatos a governador do Estado revelou uma tendência de tentar isolar ACM Neto do contexto, Kleber Rosa, do PSOL, mostrando desde o início com a exposição de um L com as mãos ser lulista, porém, adversário da política do PT baiano; Jerônimo Rodrigues, do PT, sem encaixar de maneira clara seus pensamentos e associando-se sempre a Rui/Wagner/Lula; e João Roma, PL, tentando de todas as maneiras dizer que é o único dos candidatos que faz oposição ao PT e tem uma proposta diferenciada dos favoritos para quebrar a dualidade do petismo x carlismo no estado.
ACM Neto martelou, seguidas vezes, que Jerônimo Rodrigues, ex-secretário estadual da Educação, "foi testado e reprovado; enquanto ele testado e aprovado", em referência aos oito anos seguidos em que foi considerado o melhor prefeito do Brasil. A crítica de Neto a Jerônimo foi baseada no Ideb, ranking em que a Bahia está entre os últimos do país.
Jerônimo não conseguiu sair desse carimbo, repetido várias vezes por Neto, e tentou lembrar do momento em que o candidato do União Brasil teria prometido uma surra em Lula e afirmações de que houve avanço na nota do IDEB quando fora secretário.
O debate, no geral, não acrescentou nada de novo ao que já se sabe dos candidatos e as propostas relacionadas ao Estado, o tema que mais interessa aos telespectadores, passou batido, ou analisado de forma genérica.
Kleber Rosa, do PSOL, com sua visão de um estado transformador talvez tenha sido aquele que melhor expôs esse ponto de vista, ainda que esse estado utopista e que mexe nas estruturas gerais que estão assentadas há séculos, ninguém acredita que vai mudar, mesmo num governo socialista. O socialismo espanhol está ai pra mostrar na prática. Isso para não falar do socialismo bolivariano.
Jerônimo fez o discurso da continuidade dos governos petistas - Wagner e Rui - sem expor nada que fosse inovador, mas assegurando que fará investimentos pesados na segurança pública, na educação e na saúde, confiante na eleição de Lula, o que, segundo ele, ajudará a Bahia num governo que seja casado PT (na Bahia) + PT (no Brasil). Até a ponte Salvador-Itaparica garantiu que vai concluir.
Era um discurso esperado que ele só conseguiu encaixar com maior clareza no último bloco do debate, nas considerações finais, onde esteve melhor. Nos outros blocos teve pouca clareza nos raciocínios e até para fazer perguntas usou um papel (uma cola).
João Roma defendeu uma Bahia "transformadora" a exemplo do que vam sendo feito por Bolsonaro no Brasil - essa é a sua visão - e uma dobradinha Roma/Bolsonaro retiraria a Bahia do atraso com menos impostos e mais geração de empregos. Como vem sendo acusado de não ter defendido Bolsonbaro dos ataques nos programas do PT na Bahia, especialmente os comerciais de TV, sem questioná-los na Justiça Eleitoral, Roma procurou de todas as formas dizer que era o único bolsonarista na campanha e contra o PT.
Embora seu discurso tenha sido claro, objetivo, os baianos não conseguem enxergar esse governo transformador de Bolsonaro na Bahia em obras e ações. O Auxílio Brasil, por conseguinte, de transformador não tem nada.
Já ACM Neto centralizou seu discurso mais geral nos dois caminhos reservados a Bahia. Votar pela manutenção daqueles que estão no poder há 16 anos e a Bahia hoje é "campeã nacional de homicídios, campeã de desemprego, a Bahia tem a fila da regulação matando as pessoas e a pior qualidade da educação do Brasil". O outro caminho é votar pela mudança, pelo futuro.
“Vocês foram ameaçados a eleição inteira como se eles fossem donos dos votos de vocês, não são. Vá com fé, no dia 2 de outubro vote no presidente que você quiser, no presidente do seu coração, da sua esperança, da sua confiança", destacou.
O que se presenciou no debate, ademais, foi um distanciamento crescente entre ACM Neto e João Roma, antes, aliados. Roma acusando-o de ser um elilista e Neto retrucando que a ingratidão integra o perfil do candidato do PL. (TF)