Veja o comentário de Tasso Franco sobre a visita de Lula a Salvador
Tasso Franco , Salvador |
01/04/2022 às 09:56
Otto, Rui, Lula, Jerônimo e Geraldo Jr
Foto: Ascom PT
Águas passadas não movem moinhos. O fato é que o ex-presidente Lula da Silva veio a Salvador, ontem, referendar a chapa governista ao governo e ao Senado com Jerônimo Rodrigues (PT), na cabeça a governador; Geraldo Jr (MDB) a vice-governador; e Otto Alencar (PSD) à reeleição no Senado.
Agora, pouco importa as dissidência entre Rui e Wagner; e vice-versa; a saída de João Leão (PP) da base governista e o by passe que o PT deu nos seus aliados tradicionais o PCdoB e PSB escolhendo um nome do MDB dos irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio, para ser o candidato a vice.
O que se viu no pré-lançamento das candidaturas foi um entusiasmo mediano uma vez que, embora ainda não se esteja na fase da campanha propriamente dita, uma festa política numa casa de pagode da Av Paralela, não pegou bem para um candidato a presidente que se apresenta como popular, num circuito fechado; e um encontro na casa da cantora Daniela Mercury em jantar com a presença do governador Rui Costa, de Jerônimo Rodrigues e do senador Jaques Wagner. Pelo noticiário, Geraldo Jr não teria sido convidado. Lula e sua esposa Janja dançaram ao som de o Canto da Cidade pela voz de Daniela.
Ora, em tempos idos, quando Lula era uma personalidade política popular fazia encontros na praça Castro Alves e ia ao Olodum rufrar tambores no Pelourinho, que é, ainda hoje, o centro da cultura popular da cidade do Salvador. Até Dilma, que não era popular, esteve por lá e foi bem recebida.
Na festa política petista de ontem também não se viu entre os políticos da linha de frente Alex Futuca e os Vieira Lima (MDB), o pastor e deputado Isidório, do Avante, e a turma do PCdoB e do PSB, muito menos, o senador Angelo Coronel.
Mas, paciência, há de se dizer que se tratava apenas de um pré-lançamento de nomes e quando a campanha chegar, aí sim, haverão novas oportunidades com Lula presente.
O governador Rui Costa disse na sua fala que dará a Lula mais de 70% dos votos na Bahia, o que representará uma façanha e tanto. Ora, se já está prevendo isso agora, então, em tese, Lula nem precisa vir mais a Bahia, pois, já está com a sacola cheia de votos.
Não parece ser bem assim. Uma mão lava a outra. A expectativa dos petistas é de que, Lula alavanca mais Jerônimo do que Rui, tanto que, nas pesquisas, o item mais exaltado, hoje, é: - O candidato Jerônimo apoiado por Lula? E a divulgação do PT tem sido nessa direção e não: - O candidato Jerônimo apoiado por Rui!
Portanto, a presença de Lula na Bahia é muito importante. Lembro das camapanhas de Nelson Pelegrino contra Antonio Imbassahy, a primeira em 1996 e a segunda em 2000, Imbassahy disparado na frente, mas, toda vez que Lula vinha a Salvador dar uma ajuda a Nelson este crescia e quase leva a segunda eleição para um segundo turno.
Outro detalhe interessante desse pré-lançamento foram as mensagens propositivas dos pré-candidatos para a Bahia. Não aconteceram. Jerônimo tentou colar adversário em Bolsonaro; Rui ficou olhando para o retrovisor tentando amaciar a relação política com Wagner e coube, a Lula, dizer algo que, de fato, interessa ao eleitorado, de que não pretende governar com ódio. Ainda assim, apresentou tiradas populares desgastadas como associar "Jerônimo ao herói do Sertão" e citar o slogan "Bahia Minha Porra".
Esperava-se mais de Lula em Salvador. A sua vinda desta feita só serviu para massagear o ego dos petistas e dar vida a pré-candidatura Jerônimo. (TF)