Política

O SAMBA DO CRIOULO DOIDO BAIXOU NO TERREIRO DA POLÍTICA BAIANA (TF)

O vale tudo e o salve-se quem puder na política baiana do século XXI
Tasso Franco , Salvador | 30/03/2022 às 17:34
Chapa JG
Foto: Carlos Alberto
    A política na Bahia virou samba de crioulo doido, um vale tudo onde a coerência foi lançada ao espaço, aliados se tornam adversários e vice-versa e aqueles fiéis 'cristãos' seguidores não são levados em conta, sequer, às vezes, são ouvidos.

  A novidade é o anúncio feito pelo MDB, comandado na Bahia pelo Vieira Lima, Lúcio, tendo como presidente do diretório estadual Alex Futuca, que o partido se agregou a chapa governista que tem na cabeça o secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, do PT, e terá como candidato a vice-governador seu filiado Geraldo Jr, presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, reeleito ontem pela 3ª vez, num processo onde regras teriam sido alteradas.

  Com isso, o PT despreza seus tradicionais aliados, o PCdoB e o PSB, e visa com a adesão de Geraldo Jr atingir o seu adversário a governador, o ex-prefeito ACM Neto, aliado de Geraldo, desde a época em que observou a sua primeira eleição a presidente da Câmara.

  De fato, nesse ponto, trata-se de uma vitória dos estrategistas do PT baiano, diz-se que Jaques Wagner, à frente, fazendo o jogo de desorganizar a base adversária desde que perdera a aliança com o PP de João Leão. A troca, ainda assim, observando-se a densidade eleitoral, Neto ainda leva vantagem uma vez que o PP e Leão são muito mais fortes e estruturados do que o MDB e Geraldo Jr.

  Não se sabe, ao todo, os motivos que levaram o MDB e Geraldo Jr a tomarem essa decisão uma vez que estavam conversando com o prefeito Bruno Reis, aliado de ACM Neto e de Geraldo Jr, isso dito pelo próprio prefeito, que considerava indo bem as conversas. Alguma coisa emperrou. É possível - é o que se comenta nos bastidores - que Neto não teria aceito todas as exigências do MDB. 

  Em sendo assim, com a janela aberta do outro lado, houve a migração para o PT.

  Do ponto de vista eleitoral nada muda porque a força do MDB é muito limitada na Bahia e é público e notório o envolvimento dos Vieira Lima em atos não recomendáveis.

  Observando, no entanto, a correlação de forças na CMS, Bruno Reis passa a ter Geraldo Jr na condição de aversário político e seus projetos deverão ter mais dificuldades de aprovação. Mas, o mesmo sucede com Rui na Assembleia, o PP como adversário, cabendo aos gestores mais esforços em negociações.

  Geraldo Jr, em si, não perde nada. É vereador com mandato até 2024. Seria, agora, candidato a deputado federal e deverá por no seu lugar o filho. Caso Jerônimo ganhe passa a ser o vice-governador do estado. Um salto triplo. Caso ACM Neto ganhe, nesse samba de crioulo doido que se tornou a política baiana, retornará a base de Bruno Reis.
  Haverá revolta por parte dos tradicionais aliados: PCdoB, PSB, Avante e partidos menores? Nada, absolutamente nada. Estão acostumados a sofrer e quando mais sofrem mais gostam. 

  Certo está o governador Rui Costa ao pilheriar: - Vamos ter dois Geraldos, um aqui; o outro lá, com Lula, o qual chega a Salvador na quinta-feira, 31, data do Golpe Militar de 1964, para referendar a chapa Jerônio-Geraldo, ato que acontece numa casa de shows de Salvador, cenário de pagodes e sambas. (TF)