Política

COMO WALDIR E WAGNER VENCERAM E IMPORTÂNCIA DE CORONEL PARA NETO (TF)

Se Neto conseguir o apoio de Coronel a sua chapa suas chances aumentam para ser governador da Bahia. É o comentário de Tasso Franco.
Tasso Franco ,  Salvador | 18/03/2022 às 09:25
O candidato a vice governador ideal para ACM Neto
Foto: Agência Senado
     O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), deu um passo importante, ontem, ao agregar a sua chapa como pré-candidato a governador da Bahia, em 2022, o vice-governador João Leão e o Partido Progressita, para uma possível vitória nas urnas. Essa foi a estratégia usada por Waldir Pires, PMDB, usada em 1986 com êxito para chegar ao governo da Bahia vencendo a Josaphat Marinho; repetindo-se, 20 anos depois, 2006, com Jaques Wagner (PT) vencendo Paulo Souto (DEM).

  Os momentos de época são diferenciados, porém, há muita similaridade. Waldir entendia, em 2005, quando era ministro da Previdência do governo José Sarney herdado de Tancredo Neves, e posso afirmar isso de cátedra porque fiz a assessoria de imprensa de Waldir pela D&E (Dalton Godinho era o titular na Previdência), que se não edesorganizasse a estrutura política de João Durval, então governador, e ACM, o lider político aliado de Durval, não venceria o pleito, embora fosse popular e houvesse um desejo de mudança na Bahia.

  Então, antes de começar a campanha, em 2 de fevereiro de 1986, na cidade de Jacobina, Waldir tinha agregado em torno de si, Nilo Coelho, líder da região de Guanambi, como candidato a vice; Jutahy Magalhães e Ruy Bacelar, lider do PFL, candidatos ao Senado, e o apoio do ex-governador Luis Viana. Parecia uma chapa de exu, mas foi isso que levou a vitória de Waldir com 75% dos votos. Lomanto Jr que era o candidato considerado imbatível para o Senado, ao lado de Josaphat, perdeu.

  Essa dessarumação na parte governista no interior e olhe que Durval fazia um governo com muitas obras no interior e usava bem a caneta na nomeações de professoras (caso dona Carmen) e servidores para o estado, sem concurso, facilitou bastante a vitória de Waldir porque todos esses atores citados acima tinham estruturas politicas no interior, o juracisismo, o vianismo, a força de Bacelar na região Leste e a de Nilo no Sudoeste e São Francisco.
  
  Com Wagner deu-se a mesma coisa ou parecida. ACM reconquistou o governo em 1991 pelo voto direto. Depois, elegeu Paulo Souto, César Borges e Paulo Souto. Estava, portanto, há 15 anos no poder (tempo igual ao do PT, atualmente) quando aconteceram as eleições de 2006. 

  Souto estava mais politizado e manifestou o desejo de ser candidato à reeleição. ACM não achou uma boa ideia. Havia desgaste. Souto insistiu e o "velho" aceitou. Nesse debate interno a base ficou vunerável e Wagner, candidato do PT, cooptou João Leão e Otto Alencar, entre outros. 

  Assim como na época de Waldir havia a "fadiga de materias" de ACM; o mesmo aconteceu em 2006 e Wagner agiu desorganizando a base carlista e venceu o pleito no 1º turno com 52% dos votos. Para quem não acompanha a política de perto foi uma surpresa, afinal de contas Paulo Souto estava bem avaliado e fazia eventos no interior (a semelhança do que Rui Costa faz agora) reunindo prefeitos e lideranças. Mas, quem segue a política nos bastidores tinha certeza da vitória de Wagner.
  
  Agora, em 2022, o 'script' é o mesmo. Rui Costa bem avaliado lança um candidato não consensual, Jerônimo Rodrigues, desconhecido do meio político e atropelando petista históricos, e desorganiza sua base fazendo com que, João Leão e o PP, migrassem para ACM Neto. 

  Rui aposta na sua popularidade (o mesmo acontecia com Souto, em 2006) e na ajuda de Lula (Souto confiava na ajuda de ACM) para eleger Jerônimo, pois, sabe, que sozinho e com o senador Otto Alencar (PSD) não consegue.
  
  Diria, observando-se as estratégias usadas pelos políticos em 1986 e 2006 que, o candidato a vice-governador ideal para ACM Neto seria (em tese), o senador Angelo Coronel, PSD. Por que digo isso? Porque se acontecesse haveria uma desorganização ainda mais na base de Rui fazendo com que, Neto se tornasse mais forte.