O cinismo da porta-voz da Rússia
Tasso Franco , Salvador |
09/03/2022 às 10:55
Refugiados da Ucrânia
Foto: Reuters
Mais de 140.000 refugiados se juntaram aos dois milhões de pessoas que já fugiram da Ucrânia e aos combates desencadeados pelo exército russo invasor, de acordo com a última contagem da ONU divulgada na quarta-feira. O Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) listou exatamente 2.155.271 refugiados em seu site. Estes são 143.959 a mais do que durante a contagem anterior na terça-feira.
A marca dos dois milhões foi ultrapassada na véspera, apenas doze dias após o início do conflito, fazendo Filippo Grandi, o Alto Comissário para os Refugiados, dizer que é o fluxo mais rápido no continente europeu desde a segunda guerra mundial. As autoridades e a ONU esperam que o fluxo aumente ainda mais. Várias tentativas de abrir corredores humanitários falharam desde o início da guerra, mas um novo acordo foi anunciado na manhã de quarta-feira.
Segundo a ONU, quatro milhões de pessoas podem querer deixar o país para escapar da guerra. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, por sua vez, estimou que a Europa pode esperar receber cinco milhões de exilados, se o conflito continuar. Antes desse conflito, a Ucrânia era povoada por mais de 37 milhões de pessoas nos territórios controlados por Kiev – o que, portanto, não inclui a Crimeia anexada pela Rússia, nem as áreas sob o controle de separatistas pró-russos.
Paris abre dois ginásios para receber refugiados ucranianos
O prefeito de Paris decidiu abrir dois ginásios perto das principais estações de trem para acomodar o crescente número de refugiados ucranianos, anunciou Emmanuel Grégoire, primeiro vice de Anne Hidalgo, na quarta-feira.
O ginásio Paradis (10º arrondissement), perto da Gare de l'Est, já está aberto 24 horas por dia, é um local de recepção, orientação e alojamento temporário para os ucranianos que chegam de comboio ou autocarro.
O ginásio de Bercy (12º arrondissement), perto da Gare de Lyon, estará aberto à tarde, podendo ser transformado em alojamento noturno caso seja necessário. “Estamos nos preparando para enfrentar uma crise duradoura e crescente”, comentou Emmanuel Grégoire.
CINISMO DA RÚSSIA
A Rússia negou nesta quarta-feira, 9, que seu objetivo com a invasão à Ucrânia seja derrubar o governo do presidente Volodymyr Zelenski, que alega ser o principal alvo da ofensiva de Moscou.
Em um briefing com jornalistas, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que houve "algum progresso" nas negociações em Belarus, garantindo que as Forças Armadas não receberam a tarefa de "derrubar o atual governo".
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Oficialmente, o regime de Vladimir Putin diz que seu objetivo é "desmilitarizar" e "desnazificar" a Ucrânia e obter o reconhecimento da anexação da Crimeia e da soberania de Donetsk e Lugansk.
No entanto, potências ocidentais acusam a Rússia de querer instalar um governo fantoche pró-Kremlin em Kiev, assim como já acontece em Belarus, para evitar a aproximação de mais uma ex-república soviética com a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Além disso, o próprio Zelenski disse ser o "alvo número 1" da ofensiva russa na Ucrânia.