Rússia não respeita cessar fogo e bombardeios seguem 24h (Com Le Monde)
Tasso Franco , Salvador |
06/03/2022 às 11:27
Vinnytsia fica a 200 km de Kiev
Foto: Reuters
No décimo primeiro dia da ofensiva russa contra a Ucrânia, domingo, bombardeios atingiram várias cidades e o aeroporto de Vinnytsia, a 200 quilômetros de Kiev, que foi "completamente destruído", diz o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Este último alegou que o exército russo pretende bombardear o porto de Odessa. As sirenes soaram na cidade portuária, segundo um fotógrafo do Le Monde no local.
Vinte e quatro horas após um primeiro fracasso, a nova tentativa de evacuação de civis da cidade portuária de Mariupol (450.000 habitantes), no sudeste da Ucrânia, foi interrompida segundo o Comitê Internacional da Cruz.
Segundo a ONU, 1,5 milhão de pessoas fugiram da Ucrânia em dez dias. O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, diz que esta é "a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial".
Emmanuel Macron conversou por uma hora e quarenta e cinco minutos com Vladimir Poutine, afirmou o Eliseu. O presidente russo também conversou durante o dia com seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, que pediu um "cessar-fogo geral urgente" na Ucrânia, de acordo com um comunicado de imprensa da presidência turca.
A terceira sessão de conversações entre os russos e os ucranianos será finalmente realizada na segunda-feira, um membro da delegação ucraniana anunciou no Facebook.
Vladimir Putin alertou no sábado que uma zona de exclusão aérea tornaria os países envolvidos co-beligerantes. Esta alegação de Kiev foi formalmente rejeitada pela OTAN, mas o presidente russo obviamente queria traçar uma linha vermelha novamente. Ele também alertou para uma possível perda da Ucrânia de seu estado se as autoridades ucranianas não mudarem sua política.
CONSTITUIÇÃO
A substituição do Presidente da Ucrânia no caso de não poder cumprir o seu mandato – quer esteja impossibilitado de exercer as suas funções por motivos de saúde, renuncie, seja cassado ou venha a falecer – está prevista na Constituição ucraniana, adotada em 1996. Em caso de morte, o texto estipula que as funções presidenciais serão asseguradas pelo primeiro-ministro até à eleição de um novo presidente.
A constituição, no entanto, prevê que o primeiro-ministro, então presidente interino, exercerá apenas funções presidenciais limitadas. O atual primeiro-ministro é Denys Chmyhal.
CASAQUISTÃO
O aliado da Rússia, o Cazaquistão, permitiu um protesto contra a guerra na Ucrânia, já que o governo cazaque busca se distanciar o suficiente de Moscou para não ser incluído nas sanções ocidentais. O Ministério das Relações Exteriores do Cazaquistão enfatizou nos últimos dias a neutralidade do país neste conflito.
O regime do país da Ásia Central geralmente proíbe protestos, mas permitiu uma reunião de cerca de 2.000 pessoas no fim de semana, de acordo com um repórter da Agence France-Presse, no centro de Almaty, a capital econômica do país.
Em janeiro, Moscou desempenhou um papel importante, incluindo o envio de tropas, ao lado do governo cazaque, para pôr fim a uma série de manifestações que às vezes se transformavam em tumultos. Os violentos confrontos entre manifestantes e o exército deixaram mais de 200 mortos.