Com A Tarde informações
Tasso Franco , Salvador |
02/03/2022 às 18:29
José Carlos Zanetti
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Foi cremado no Jardim da Saudade, hoje, em Salvador, o corpo do economista José Carlos Zanetti, vítima de câncer.
Militante da Ação Popular (AP), organização de orientação marxista leninista, o paranaense Zanetti veio para a Bahia em 1970. Foi preso no ano seguinte, na estrada, quando se deslocava de Feira de Santana para Cabuçu, no Recôncavo.
Teve como companheiros de prisão durante a ditadura militar o jornalista, escritor e ex-deputado Emiliano José e o cientista político Jorge Almeida, entre outros.
"Como preso político, conheci Zanetti na cadeia do Quartel dos Fuzileiros Navais, em outubro de 1971, para onde fui transferido depois de ter passado pelo Quartel de Amaralina e Forte do Barbalho, por cerca de dois meses e meio. Eu tinha 18 anos e Zanetti já era um 'veterano' de uns cerca de 22. Convivemos presos por mais uns 18 meses, incluindo 13 na Penitenciária Lemos de Brito", lembra Almeida.
Também preso político na Lemos de Brito junto com Zanetti, Emiliano afirma que mantinha contato praticamente diário com o amigo nos últimos meses. "Eu brincava com ele nesses últimos tempos: você é nosso secretário-geral. Porque ele sempre tinha uma palavra sobre os rumos do Brasil e do mundo", relata. "Nunca descansou: a vida pra ele sempre foi a Revolução, a transformação do mundo. Ele encarnava a esperança. Sempre", conta Emiliano.
Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, em 2014, Zanetti afirmou que os militares, “numa autêntica couraça, se fecham em copas e não admitem nada com relação às torturas praticadas”. "Não conheci meus algozes, porque sempre era torturado de olhos vendados. Depois da tortura, sempre apareciam alguns militares para dizer que não concordavam com aquilo”, declarou.