Com trajetória política iniciada no movimento estudantil de Salvador, o ex-presidente do PT de Salvador Ademário Costa foi eleito novo secretário de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores da Bahia. Empossado para o cargo no último dia 13 de janeiro, Ademário, que foi o primeiro petista negro vice-presidente na União Nacional dos Estudantes (UNE), destaca que a nova gestão foi eleita com quatro grandes tarefas, dentre elas aumentar número de candidaturas negras no estado.
“Vamos apresentar uma nova geração de politicas públicas de combate ao racismo, que irá compor o plano de Governo de Jaques Wagner; aumentar o número de candidaturas negras, promovendo a inclusão da população negra nos espaços de poder, tanto nas instâncias internas do partido como no Parlamento, fiscalizando a aplicação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as candidaturas negras e aumentando a capacidade de participação eleitoral do povo negro; restruturar a secretaria e promover a interiorização das ações de combate ao racismo nos territórios e municípios, com a criação de secretarias municipais de combate ao racismo, ações e mobilizações regionais, fortalecendo a agenda da secretaria estadual em toda a Bahia; e, por último, transformar a política de organização partidária de combate ao racismo do PT para que essa luta seja uma pauta da agenda da sociedade baiana, promovendo mobilizações e formações”.
Dentre as contribuições para o plano de governo de Jaques Wagner, o secretário destacou que a nova geração de políticas públicas de combate ao racismo que o Setorial defende tem como objetivo progredir a partir dos programas anteriores do PT, a exemplo da implementação da Política Integral de Saúde da População Negra, obrigatoriedade do estudo da história geral da África e da história da população negra e indígena no Brasil, além da inclusão de vagas exclusivas para a população negra nos programas e políticas públicas de moradia. Estão também entre as prioridades a criação de um plano de enfrentamento à violência e um programa de financiamento que garanta acesso à educação de qualidade, à cultura e lazer e à capacitação profissional para a juventude.
“Precisamos garantir a permanência dos jovens negros nas universidades, a retirada da população negra da vulnerabilidade social, uma nova política de drogas, que foque na prevenção; a desmilitarização da polícia, evitando as mortes de negros pelo Estado, e a inclusão social e profissional das mulheres negras. Esses são pilares fundamentais para uma mudança efetiva na sociedade brasileira, rompendo com a herança do racismo, e isso se faz com políticas públicas”, disse.
Ademário falou sobre os desafios do Partido em torno de um tema tão importante para o país e para a Bahia como é o combate ao racismo, sobretudo diante da conjuntura nacional com a gestão de Jair Bolsonaro, marcada por ataques à democracia, aumento da violência racial, com extermínio de negros, perseguição aos povos indígenas, fome e a alta do desemprego. “Precisamos continuar lutando contra o racismo, afrontar o sistema e colocar em choque as estruturas sociais ainda arraigadas pelo racismo. Nesse sentido, o PT precisa avançar para um programa antirracista, anticapitalista e socialista. E o PT tem um papel estratégico, sob a direção do socialismo abolicionista, como instrumento de luta do povo negro, além disso, há a tarefa de aquilombar o PT. Nosso objetivo é ampliar e fortalecer essas trincheiras de luta”.
Trajetória - Nascido e criado em São Cristóvão e formado em ciências sociais, Ademário Costa é filiado ao PT há 27 anos e, na direção do Partido, foi do coletivo estadual da Juventude do PT da Bahia, membro do diretório estadual e nacional, vice-presidente do PT Bahia e secretário de Finanças. “Entrei no PT por causa dos sonhos revolucionários de transformação através da luta social e da organização partidária. O partido para mim é uma escola de vida, e de crescimento político e intelectual. Essa foi a escola que moldou a minha vida, para o qual eu me entreguei de forma apaixonada e se pudesse faria tudo novamente outra vez”, afirma.