A estratégia de Wagner está clara em relação a campanha nacional mas ainda não houve avanços na base aliada da Bahia
Remou-se na mesma maré que já se estava navegando, o PT insistindo na pré-candidatura de Wagner a governador, o principal provável aliado, Rui Costa, em viagem ao exterior, e os outros partidos integrantes da base ausentes ao encontro. Ou seja, o evento serviu apenas para azeitar a máquina militante petista no sentido de dar uma força a mais ao desejo do senador, mostrando que o partido não aabrirá mão de seu nome, o que representa um aviso bem claro ao vice-governador João Leão (PP), o qual também deseja ser o candidato a base.
Fica por aí, pois, esse aviso, não atinge o senador Otto Alencar (PSD), o qual, mudo permanece sem comentar o que pretende fazer em 2022, portanto, ninguém sabe ainda se o pesedista também quer ser governador ou se contentar-se-a em candidatar-se à releição, hipótese considerada a mais provável.
Hipótese, aliás, que não agrada ao senador Angelo Coronel (PSD) outro político da base que já manifestou desejo de que seu partido comande a política do estado, a partir de pole posição, em Ondina.
Os outros partidos são de menor valia, mas, ainda assim devem ser respeitados e ouvidos o que ainda não aconteceu. Esse processo de escuta será comandado pelo governador Rui Costa e este já disse que só o fará em princípios de 2022.
O deputado federal sgt PM Isidório, do Avante, em arroubos próprios de sua têmpera - já conhecida - disse, recentemente, que o nome ao Senado, na sua concepção, é o de Rui Costa. Ficou falando sozinho.
A estratégia de Wagner em associar a campanha baiana 2022 a nacional tem sentido uma vez que Lula se apresenta como um possível pré-candidato competitivo. Mas, o cenário nacional ainda está em aberto e distante da realidade do ano eleitoral, embora, se saiba, em sendo Lula candidato, que ele continuará competitivo.
E ACM Neto, por posto, agora em novo partido (União Brasil), tudo ainda se encontra em aberto. Ademais, essa vinculação ou atrelamento de uma campanha com a outra, na prática, nunca se deu historicamente falando.
Wagner, por exemplo, foi eleito em 2006 pela primeira vez governador da Bahia contra Paulo Souto e Lula não acreditava em sua eleição. A vitória de Wagner se deu mais por desgaste de materiais do grupo ACM e da insistência de Souto em ser o candidato, a vontade expressa dos baianos em mudar e as alianças locais feitas por Wagner, do que por apoio de Lula.
Tanto que o "galego" - na expressão de Lula - surpreendeu. E quem não acompanha a política baiana achou que a vitória de Wagner, em 2006, de fato, foi uma surpresa. Mas, quem acompanha a política sabe que foi uma vitória da mudança, do desejo de mudar, que já havia acontecido em 1986 com Waldir Pires, contra a política hegemônica de ACM.
Agora, o cenário se repete ou poderá se repetir com o neto de ACM uma vez que o desgaste está com o PT no poder há 16 anos sem querer abrir espaços até para os seus aliados. ACM Neto, portanto, representa o que Waldir foi em 1986 e o que Wagner foi em 2006. Resta saber se ele vai conseguir alianças no front adversário (imitando as táticas de Waldir e de Wagner) ou não.
Portanto, a campanha nacional não terá forte influência na Bahia, ainda que possa ajudar Wagner nalguma coisa. É aguardar mais clareza nos cenários para novos comentários.