Qualquer que fosse o discurso de JB na ONU parte da imprensa seria contra, dado o engajamento ideológico de alguns profissionais desse segmento
Nem muito ao mar; nem muito à terra. Bolsonaro, de fato, colocou pontos-de-vistas que não se sustentam à luz da economia; nem na política, por exemplos, ao atrelar o aumento da inflação ao 'lockdown' durante a fase mais critica da pandemia do coronavirus; e ser um protetor da Amazônia e dos povos indígenas, bem como zeloso cuidador do meio ambiente. E mais disse: "Em nosso governo promovemos o ressurgimento do modal ferroviário. Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil,em especial no barateamento da produção de alimentos".
Analisando somente esses três pontos, na prática, verifica-se que o 'lockdown' significou retração de consumo - uma vez que grande da população deixou de sair de casa - em vários niveis - alimentação, lazer, serviços, etc - portanto, indutor de deflação e não de inflação. Portanto, é uma declaração que não se sustenta. A inflação está sendo gerada pelos aumentos sucessivos dos combustíveis, pela seca que ativou termelétricas e aumentou o preço da energia e as vacilações do Ministério da Economia, cujo ministro fala mais do que faz.
No segundo ponto, a proteção da Amazônia também está fora do esquadro e a política do meio ambiente pior ainda tanto que um ministro foi defenestrado do poder. As queimadas na Amazônia segundo registro do INPE só cresceram em seu governo. E, em relação ao modal ferroviário, há, de fato, alguns projetos em andamento, porém, ainda não houve redução do custo Brasil, nem barateamento da produção de alimentos. O que vemos ao irmos à feira livre ou ao supermercado é aumento gradual e crescente de alimentos, os básicos e os mais sofisticados. O preço da carne de boi - por posto - está nas alturas.
O presidente fez, ainda as seguintes observações: "O Brasil já é um exemplo na geração de energia com 83% advinda de fontes renováveis. Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes.O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo".
Nesses pontos descritos por Bolsonaro tratam-se de insinuações voltadas para o futuro, se supõe, uma vez que o presidente já está há 2 anos e 8 meses no poder, e citações do 'futuro do emprego' deveriam estar no presente e não no futuro. Portanto, coisas que poderão acontecer.
Outro ponto polêmico do discurso de Bolsonaro foi sobre a pandemia, o que ele demonstrou coerência. Disse: "Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina. Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos".
Pode-se, portanto, criticar o presidente, mas, isso foi o que sempre defendeu. Não há surpresa. Claro, a oposição acha sempre um absurdo. E parte da midia, idem.
No conjunto da fala do presidente, bem articulada, milimetricamente planejada, o que Bolsonaro quis mostrar foi que ele não mudou de pensamento - ainda que Michel Temer tenha-o conduzido ao Bolsonaro paz e amor pós 7 de Setembro - e quer manter os seus aliados unidos para a batalha do voto, em 2022. (TF)