Em política, não existe esse tipo de ação, nem para lideres populares - o que não é o caso de Leão.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
15/09/2021 às 11:35
João Leão pode ficar isolado
Foto: SEPLAN
O vice-governador João Leão (PP) mantém o desejo de disputar o governo da Bahia. Segundo entrevista dada ao Bahia Notícias, no último dia 13, irá assumir a cadeira do chefe do Executivo baiano com o governador Rui Costa (PT) saindo ou não.
"Eu vou ser governador da Bahia, pode escrever. Se eu for candidato, se Rui sair, serei governador, se não sair também. Eu disse há 8 anos. Agora digo novamente, vamos ganhar no primeiro turno. Seria o céu eu e Otto juntos, aí Wagner vem. Vem todo mundo", revelou.
O otimismo de Leão parece-nos exagerado. Entre o desejo do vice-governador e a realidade vai uma distância muito grande e as preliminares pré-eleitorais ainda não começaram para valer no âmbito da base aliada do governador Rui Costa (PT), porque o chefe do Executivo baiano já disse que só vai tratar desse assunto nos primeiros meses de 2022.
O sonho de Leão - segundo as análises de deputados na Assembleia - é organizar uma chapa majoritária com ele na cabeça, Rui como candidato ao Senado e Otto Alencar integrando a vice. O senador Jaques Wagner - já lançado como candidato a governador, em 2022, por segmentos petistas permaneceria senador (tem mandato até 2026) e poderia ser ministro de um eventual governo Lula, se eleito for em 2022.
Esse é o cenário - ao que dizem - sonhado por Leão.
Quando ele diz que será governador com Rui "saindo ou não" o complicador ainda é maior. Ora, se Rui optar por concluir seu mandato até dezembro de 2022 não se desencompatibilizando no final de abril para uma eventual candidatura ao Senado, a situação fica mais complicada para Leão, uma vez que este seria o sinal verde de apoio de Rui a candidatura Wagner ao governo.
Em sendo assim, Rui no poder e controlando e apaziguando sua base, constituida por outros partidos além do PP - PCdoB, PSB, PSD, Avante, Podemos e outros menos cotados - as chances de Leão se estreitam bastante, pois, esta base tem tudo para seguir Rui - comandando o governo e a caneta na mão - e não Leão.
E o vice, obviamente, ficaria isolado. Ou migrará para a oposição ou não tem como sustentar uma candidatura isolado, pois, neste caso, nem os deputados do PP querem uma situação desta diante do risco que correm de não serem eleitos.
Isso já aconteceu com Lidice da Mata, em 2014, lançando-se como uma terceira via entre os partidos hegemônios no estado - PT e DEM - (e olhem que Lidice tinha um candidato a presidência da República, Eduardo Campos, PSB) e foi um desastre.
Imaginem, pois, uma terceira via com Leão onde o PP sequer tem um candidato a presidente e seu partido está alinhado (pelo menos até agora) com Bolsonaro, o senador Cid Nogueira PP/PI
- chefe da Casa Civil.
Então a recente declaração de Leão sobre ser o governador da Bahia de qualqer jeito não tem sustentação política (TF)