Atentados completam 20 anos
Tasso Franco , da redação em Salvador |
11/09/2021 às 08:02
Maiores atentados da história
Foto: REP
No dia 30 de agosto de 2021, o general americano Kenneth McKenzie fez um anúncio aos repórteres que cobrem o governo dos Estados Unidos: “Estou aqui para anunciar o fim da nossa retirada do Afeganistão e o fim da missão militar para retirar cidadãos norte-americanos. Isso significa o fim do componente militar da retirada e também o fim da missão que começou no Afeganistão logo após o 11 de setembro de 2001”.
A declaração deixa claro como, passados 20 anos dos atentados cometidos pela Al-Qaeda em solo americano, o 11 de setembro de 2001 ainda tem consequências na geopolítica mundial.
Os EUA e o Oriente Médio foram os locais que mais mudaram após os atentados que ocorreram há 20 anos. Além das guerras, houve mudanças de legislação e mesmo da moral dos povos —há acadêmicos que dizem que um aumento da xenofobia entre os americanos tem origem nos atentados.
Os EUA começaram a reagir para dar uma resposta militar três dias depois do 11 de setembro. George W. Bush, o presidente, conseguiu uma autorização do Congresso dos Estados Unidos para atacar a Al-Qaeda, o Talibã e “forças associadas”.
Em 18 de setembro de 2001, estava iniciada, oficialmente, a “guerra ao terror” —portanto, o inimigo não era um Estado ou um grupo específico, mas qualquer um que, na concepção dos americanos, adotasse táticas terroristas.
Com essa aprovação do Congresso, o governo dos EUA ganhou mais autonomia para atacar sem autorização quando considerasse que isso fosse necessário —a expressão "forças associadas", que está no texto legislativo, é subjetiva o suficiente para que os militares ataquem quem considerem perigosos.
Em 2013, cerca de dez anos depois dos ataques do 11 de setembro de 2001, o presidente Barack Obama afirmou que os militares não iriam mais lutar contra "o terror", mas sim, contra organizações específicas.
No entanto, o mecanismo legal ainda está em vigência —o presidente Donald Trump afirmou que tinha autorização para atacar e matar o general iraniano Qassem Suleimani, em 2020, em solo iraquiano, porque o Congresso havia autorizado a guerra ao terror no Iraque.
Guerra no Afeganistão
Em 2001, quando a Al-Qaeda atacou os EUA, a organização já era ligada ao grupo que dominava o Afeganistão, o Talibã.
A organização terrorista tinha feito um juramento de lealdade ao Talibã. Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaeda, e Mullah Omar, o fundador do Talibã, tinham laços familiares.
Como o primeiro objetivo da guerra ao terror era acabar com a Al-Qaeda, o Afeganistão foi o primeiro país que os EUA e seus aliados ocuparam.
A guerra no Afeganistão foi a missão mais longa na história dos EUA, com pouco menos de 20 anos. Ao longo desse tempo, entre os americanos morreram:
Cerca de 2.500 soldados do exército americano;
Quase 4.000 terceirizados;
Mais de mil militares aliados da Otan.
Entre os afegãos as baixas foram mais significativas:
Cerca de 66 mil militares ou policiais;
Cerca de 47 mil civis;
Entre os talibãs e seus aliados, foram mais de 51 mil mortes.
Ainda houve as seguintes perdas:
444 mortes de pessoas que trabalhavam em organizações humanitárias;
72 jornalistas.
O propósito inicial da guerra era derrotar a Al-Qaeda e o Talibã, mas os EUA tiveram dificuldade para sair. O sucesso de George W. Bush, o presidente Obama anunciou que iria reduzir a presença militar no país. O presidente Trump fez um acordo com o Talibã que previa a retirada, que de fato foi cumprida pelo presidente Joe Biden.