Política

JERÔNIMO E NETO MUDAM ESTRATÉGIAS EM RELAÇÃO A SEGURANÇA PÚBLICA (TF)

Essas estratégias não são definitivas até o pleito. Estão sendo medidas, analisadas, pesquisadas em grupos de qualitativas, etc, e vão sofrendo alterações a medida que novos fatos relevantes surjam
Tasso Franco , Salvador | 09/11/2025 às 11:08
Os dois presumíveis candidatos a governador, em 2026
Foto: REP
Há sinais sintomáticos e relevantes de mudanças de estratégias, tanto do governador Jerônimo Rodrigues e do PT; quanto de ACM Neto e do UB diante do tema que parece se apresentar com maior visibilidade na campanha política de 2026, tanto no plano nacional; quanto local, na Bahia, e provavelmente, noutros estados.

   Essas mudanças se delinearam com mais clareza a partir da operação realizada no Rio de Janeiro, pelo governador Claudio Castro, e que resultou na morte de 121 pessoas entre policiais e suspeitos de integrar a facção criminosa Comando Vermelho (CV). 

  De repente, esse passou a ser o assunto dominante no mundo da política, o presidente Lula estava no exterior e demorou uma semana para abordá-lo, os governadores tiveram que opinar (inclusive Jerônimo) e emergiu o sub tema antigo dando conta (pelo menos assim entende alguns segmentos da sociedade mais à esquerda) que a função da polícia não é matar e sim proteger os cidadãos.

   Castro se defendeu dizendo que estava respaldado em mandados judiciais num combate a uma facção criminosa e seu discurso encaixou de forma contundente em segmentos da sociedade que passaram a lhe apoiar e seguir na internet. Numa semana, quase 1 milhão de pessoas passaram a seguir o governador na web. 

  Agregou governadores da direita e seu nome chegou a ser lembrado como possível candidato a presidência da República. 

   E o UB, através do governador Ronaldo Caiado, de Goiás, alertou que a Policia que mais mata no Brasil é a da Bahia, governada por um petista. Com isso, quis dizer (e disse) que os argumentos da esquerda para criticar Claudio Castro não tinham eco uma vez que Jerônimo Rodrigues é esquerdista. 

    Também por tabela, se arguiu que se Jerônimo não mudar o comportamento de sua SSP, das forças de segurança pública da Bahia, isso poderá atingir e prejudicar a reeleição de Lula, em 2026. 

   Nesse interim, com o movimento Cláudio Castro efervescente, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (UB), aliado de ACM Neto, apresentou um Plano de Segurança Pública para Salvador numa área que institucionalmente não é de sua competência e teve o apoio (ao menos a presença) do governador Jerônimo Rodrigues que levou consigo para o evento, a cúpula da SSP.

   Duas leituras podem ser feitas desse evento. A primeira delas, já comentamos essa parte aqui no BJÁ, Reis retirou da oposição e de ACM Neto o discurso crítico contra a falta de segurança na Bahia, uma vez que, ao lançar um Plano de Segurança, agora integra a ação repressora.

   O outro lado da moeda, que comento agora, é o fato de que, também diante desse movimento de Bruno Reis, o PT e Jerônimo perderão o discurso de crítica a ACM Neto, caso queiram, como presumível, alinha-lo a Cláudio Castro como fizeram na campanha de 2022 alinhando-o a Jair Bolsonaro, mesmo ele não sendo e não podendo ser Bolsonaro porque teve muitos votos casados com Lula.

   Veja, portanto, como é complexa essa nova estratégia de ambos os lados. O governo do estado a partir de ontem, já no release da SSP sobre as mortes dos sequestradores da nutricionista, omitiu esse fato e até a informação que era dada antes sobre mortes (em confronto) com a palavra "achamento" foi suprimida. 
 Ou seja, Jerônimo quer retirar do seu governo o carimbo da polícia que mais mata, obviamente, ou certamente, já pressionado pelo marketing político de Lula.

   E ACM Neto, por sua vez, também está mudando a linguagem não deixando ou abandonando a questão da segurança pública, porém, dando uma outra conotação. Isto é, o combate ao que chama banditismo terrorista, associando-o diretamente ao governador. Está, portanto, colocando, também, pré-carimbos de proteção caso mais adiante o PT queira-o associar a Cláudio Castro.

   E, ademais, para mostrar que Bruno Reis segue com ele e na sua trajetória, o prefeito estava ontem em Valença, no baixo Sul, ao lado de ACM Neto, proferindo esse novo discurso.

** Essas estratégias não são definitivas até o pleito. Estão sendo medidas, analisadas, pesquisadas em grupos de qualitativas, etc, e vão sofrendo alterações a medida que novos fatos relevantes surjam.