A complicada situação política de Leão para chegar ao palácio de Ondina como titular
Tasso Franco , da redação em Salvador |
24/08/2021 às 11:05
O vice-governador João Leão (PP) emitiu uma nota à imprensa, ontem, diante do rompimento do deputado Robinho (PP) com o governador Rui Costa e a retaliação por parte chefe do Executivo, o qual exonerou pessoas ligadas ao pepista que exerciam cargos de confiança na estrutura funcional do governo, ressaltando que fará "todo o esforço" para vencer as diferenças entre os dois.
Na nota, destaca: "Reafirmamos o compromisso com a aliança que governa a Bahia, faremos todo o esforço para superar as dificuldades entre o deputado e o governo. As vitórias sucessivas que temos obtido à frente do Estado, resultam da nossa unidade, da força das nossas lideranças e das ações que se traduzem na melhoria da vida dos baianos", diz.
Leão acrescenta ao portal A Tarde que espera conversar sobre este assunto com o governador nesta terça-feira, 24, para tentar pacificar o caso.
"Tenho uma audiência com Rui, vamos colocar panos frios neste caldeirão, contornar a situação. Robinho continua no partido, mas não queremos ele jogando salseiro no ventilador, queremos que ele se acalme. Ele é uma pessoa equilibrada e nós vamos contornar isso daí", assegurou o vice.
É provável que Leão consiga acalmar Robinho, momentaneamente, mas, o estrago já foi feito e dificilmente o deputado - que tem base política sólida no Extremo Sul do Estado e independe de ações do governo se quiser se manter na política, voltaria a se alinhar com Rui diante do que afirmou sobre o comportamento do governador e a retalkiação imediata de Rui, na base do 'bateu leva o troco'.
Leão, na prática política e de olho na possibilidade (ainda que remota) de ser o cabeça de chapa da base governista na disputa ao governo - majoritária, 2022 - sabe que se a dissidência se mantiver em nível de 'caçdeirão fervente' aí é que suas pretensões irão para o espaço. Daí, como disse a A Tarde, vai colocar "panos frios" para conter o fogo do caldeirão. E, pior será, se as labaredas desse fogo aumentarem com novas dissidências, uma vez que, é público e notórios - ao menos no meio político - que o governo estadual privilegia os deputados do PT, em primeiro, em segundo, em terceiro. Ou seja, os restantes são os demais, ótimos para apoiar e está de bom tamanho.
O descontentamento do deputado estadual Robinho (PP) com o governo Rui Costa (PT) é antigo. Nos bastidores, ele sempre se queixou da falta de atenção do líder do grupo com ele e demais parlamentares da base. Deputados do PSD, eventualmente, têm falado desse tema de forma branda no plenário. Até mesmo o atual presidente da Casa, deputado Adolfo Menezes, já fez criticas ao governo.
O que vai acontecer é imprevisível. O PP nacional se alinhou em grande parte com o governo Bolsonaro e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) é o chefe da Casa Civil. O filho de João Leão, Cacá Leão (PP), tem dado sinais de aproximação com o governo Bolsonaro e deputados pepistas (de um modo geral) estariam sendo beneficiários de emendas parlamentares nos Estado, o que contempla, também alguns estaduais.
Como as eleições presidenciais ainda ocorrerão no final de 2022 - muita água ainda a correr embaixo da ponte - ninguém sabe, agora, como se dará o alinhamento do PP com Bolsonaro. Vê-se, pois, o quanto é complicada a posição de Leão. Haja, portanto, "panos frios" no estoque do vice-governador. (TF)