Política

ESTRATÉGIA DE OTTO ALENCAR PARA SER CANDIDATO A GOVERNADOR 2022 (TF)

Veja como está sendo montada essa estratégia a partir da CPI da Covid
Tasso Franco , da redação em Salvador | 03/06/2021 às 11:00
Senador Otto Alencar na CPI da Covid
Foto: Ag Senado
    O desempenho do senador Otto Alencar (PSD) na CPI da Covid - o mais destacado dos três senadores da Bahia - teria, segundo alguns pessedistas, uma estratégia no sentido dele aparecer mais na TV e na política no plano nacional, ser um senador de destaque (o que até agora não aconteceu com nenhum dos três senadores da Bahia) e, com isso, definir sua pré-candidatura ao governo do Estado, em 2022. 

   Otto não tem pressa e já disse em entrevistas nos meios de comunicação de Salvador que só vai falar desse assunto em março do próximo ano. E, nesse passo do compasso, trouxe consigo seu parceiro mais alinhado desde a derrubada de Marcelo Nilo na presidência a Assembleia (2016), o vice-governador João Leão, do PP.
   
   Essa dobrabinda tornou-se mais afinada quando Angelo Coronel (PSD) foi eleito presidente da Assembleia e o deputado Luis Augusto (PP), vice, depois de uma hegemonia de 10 anos de Marcelo Nilo na presidência com o apoio dos governadores Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT. 

   E, só para ajustar o comentário, o PSD e o PP integram a base governamental petista há muitos anos. Agora, na visão do senador Angelo Coronel (PSD), eleito graças a esse alinhamento PSD/PP forçando o PT a preterir Lidice da Mata, em 2018, chegou o momento do PSD, que sempre apoiou o PT, ser apoiado, e disputar a eleição na cabeça da chapa. Tem sentido.
   
   Nessa perspectiva, a presença e atuação mais vibrante de Otto na CPI da Covid se encaixa dentro desse 'script', o que tem se mostrado positivo, com êxito, performance ainda em curso, ficando a segunda parte para março de 2021.
   
   Segmentos do PT, temendo que isso venha a acontecer com o apoio de Rui Costa, providenciaram colocar um obstáculo nesse caminho legitimo do PSD/PP e já lançaram a pré-candidatura de Jaques Wagner a governador, em 2022, ele que já foi governador por 8 anos, entre 2007/2014. 

  Mas, nunca é pouco na política, ainda mais no PT, partido guloso que gosta de receber apoios de todos os lados, mas não é aberto para apoiar e só o faz quando não tem mais jeito, como aconteceu na campanha a Prefeitura de Alice Portugal, pelo PCdoB, em 2016, o PT sequer sem um nome para a disputa. Em 2018, quando deveria apoiar Olivia Santana (PCdoB), Rui inventou a candidatura de Denice Santiago (PT) e deu no que deu.
   
   Agora, com a pré-candidatura Wagner essa parte do PT que lançou seu nome colocou uma camisa de força no governador Rui Costa, pois, se esse nome vingar como ficaria a chapa majoritária para o Senado? 

   Se for, Wagner (governador, PT) e Rui (senador, PT) a base se rebelará dentro da lógica política. Restaria a Rui, já que perdeu a chance de ser um nome a presidência da República diante da viabilidade de Lula, ser candidato a deputado federal. Ora, para um governador bem avaliado e no poder há 8 anos essa não seria uma opção recomendável, embora, em política tudo pode acontecer.
   
   Nesta semana, Wagner admitiu numa entrevista a TV Aratu que o estado ainda precisa “avançar muito” em Educação e em Segurança Pública. As duas áreas têm sido alvo de críticas da oposição ao petismo. 

   Segundo Wagner, é necessário "melhorar muito" os índices educacionais do ensino médio. E defendeu, parcialmente, Rui: "O Governo faz um esforço muito grande para melhorar os índices educacionais, e vamos conseguir. Rui está se dedicando muito à área de Educação, como se dedicou às policlínicas e os novos hospitais. Um investimento grande”.
  
   Rebateu às críticas do ex-prefeito ACM Neto (DEM), que será seu provável adversário na disputa pelo Palácio de Ondina no próximo ano. 
  
   “Macaco nunca olha para o rabo. Alguém do grupo do DEM falar de Educação fica difícil. Eles mandaram 40 anos na Bahia, quando eu fui ser governador, a terra de Castro Alves, Rui Barbosa, e tantos educadores, eu recebi o estado com o maior número de analfabetos do Brasil: 2,3 milhões de analfabetos. Foi aí que lançamos o ‘Topa’, ‘Todos pela Educação’, e fizemos mais 1,3 milhão. Poderia devolver a pergunta para eles: vocês foram governo do Estado, prefeitura, governo nacional, nunca botou uma universidade aqui dentro, eu botei cinco. (...) Hoje tem 20 campus de escola técnica”, rebateu Wagner. 
  
   Ao falar sobre a segurança pública, o senador petista disse que "nenhum governo estadual achou um caminho definitivo” para a área. Wagner afirmou ainda que o governo federal precisa fazer sua parte e atuar no combate ao crime para resolver o problema. 
   
   No freir dos ovos, o ex-gvernador admite essas duas vulnerabilidades - ao menos - num discurso não alinhado com Rui, o qual levou as criticas de Neto (educação) e do prefeito Colbert Martins Filho (segurança) na valsa. 

   Isto é, esqueceu as falhas do governo em si para as duas áreas (reconhecidas por Wagner) e partiu para uma defesa do seu governo mais politizada. Wagner, na medida em que diz que essas áreas precisam melhorar (apesar de já ter feito muito) tem uma visão diferenciada de Rui.
   
   Por enquanto, nesse contexto, Otto está calado; e, Leão, mais ainda. Aguardam março para se pronunciarem. Significa dizer, noutras palavras, que a pré-candidatura Wagner, por enquanto, é apenas de segmentos petistas e não da base política governamental. (TF)