Política

VERMELHOS ESTÃO DE VOLTA ÀS RUAS E O BOLSONARISMO PERDE FORÇA (TF)

Terceira via entre Lula x Bolsonaro é raquítica e ainda não existe
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/05/2021 às 11:32
Av Paulista - o termômetro nacional
Foto: REP
     Forças políticas de esquerda aglomeraram no último sábado diante da pandemia do coronavirus, mas também mostraram que os movimentos de oposição a Jair Bolsonaro quebraram o monopólio bosonarista do verde amarelo nas ruas, e os vermelhos retornaram com muita força.

     Atos aconteceram em 27 capitais, com protestos expressivos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. E o principal termômetro, a Avenida Paulista, protagonizou a maior manifestação antigovernamental no local em mais de dois anos.

     A pauta dos atos contemplou temas como pressão pela aceleração da vacinação e aumento do valor do auxílio-emergencial, mas o tema principal foi pressionar pelo impeachment do presidente, o que certamente não acontecerá nem é o que deseja o ex-presidente Lula da Silva, pré-candidato do PT a presidente, em 2022, e lider das pesquisas. Melhor, pois, o presidente 'sangrar' como está 'sangrando' até o pleito.

   Esse sentimento de oposição a Bolsonaro que estava latente diante tantas trapalhadas que ele tem cometido, muitos dos seus eleitores dos 53 milhões de votos, em 2018, já o abandonaram, mas ainda estão órfãos, sem terem uma terceira via visivel em quem votar, chega às ruas capitaneados pelos movimentos de esquerda e ocorrem justamente em um momento delicado para Bolsonaro, com a reprovação do presidente batendo recorde, com pesquisas indicando a desidratação de sua candidatura à reeleição e com o desgaste diário da CPI da Covid no Senado.

   Não há, como se pode ver, diariamente, sequer uma articulação na defesa das ações do Ministério da Saúde e de Bolsonaro na CPI do Senado e até Renan Calheiros emergiu das cinzas para ser um critico mordaz. 

    E as manifestações pró-bolsonaro, como vimos na última 'motociata' no Rio de Janeiro, não despertaram um sentimento de apego voluntário ao bolsonarismo, sendo artificiais e bem diferenciadas das que aconteceram em 2018. 

   Bolsonaro faz por merecer, pois foi desprezando seus aliados ao longo do tempo, menosprezado e atacando a imprensa, e hoje paga um preço alto e de dificil recuperação.

   Além disso, é bom lembrar, as tais reformas propostas e previstas por Paulo Guedes para a economia nunca aconteceram de fato como o propalado. Então, acentuou-se uma descrença generalizada nas forças de apoio ao bolsonarismo e os vermelhos, que estavam encolhidos, em parte também diante da pandemia, colocaram as mangas de fora no último sábado e isso pode representar um movimento crescente, ainda sem uma data estabelecida para o próximo ato e qual pauta será articulada.

  Duvida-se muito que o impeachmente entre nessa pauta. Provavelmente, de novo, se concentrará com mais força na vacinação e nas 500 mil mortes provocadas pela pandemia (que se aproximam) e na CPI da Covid, que pode puxar o clamor pelo impeachment.

   Há, dúvidas se todos os setores mais influentes de esquerda, em especial o petista, estariam dispostos a abraçar esse tipo de pressão favorável ao impeachmente. O ex-presidente Lula já expressou repetidas vezes sua falta de entusiasmo com a abertura de um processo de impeachment. 

   A questão política subjacente é se dará tempo para formação de uma terceira via no processo eleitoral que acontecerá em 2022. Por enquanto, o pleito marcha para um Lula absoluto, um Bolsonaro em queda, e uma terceira via inexistente. (TF)