Política

Câmara de SSA promove audiência pública para debater situação feminina

Vereador Beca está propondo que ônibus parem fora do ponto para as mulheres, à noite
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 10/03/2017 às 19:19
Aladilce, Rogéria e Marta: mulheres no comando, mulheres no poder
Foto: Antonio Queirós

Uma audiência pública encerrou a semana de homenagens à mulher na Câmara de Salvador nesta sexta-feira, 10, numa iniciativa da vereadora Rogéria Santos (PRB). O debate contou com a presença da ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, que fez palestra sobre o empoderamento feminino e emocionou os presentes no auditório do Edifício Bahia Center.

Segundo ela combater os estereótipos que colocam a mulher em situação inferior é um grande desafio. O publico feminino, principalmente o negro, é quase sempre exposto na televisão em papeis domésticos ou hipersexualizados, afirmou.

“Fomos condicionadas a achar que os homens são superiores. Se estivéssemos numa democracia verdadeira, deveríamos ter 52% de mulheres no mercado de trabalho e em todos os espaços de poder. O machismo é um problema grave e vai muito além do que enxergamos. Para revertermos o quadro, precisamos de conscientização. Os livros didáticos devem ter conteúdos que nos empoderem”, argumentou.

Lição de casa

A diplomata terminou sua fala com uma “lição de casa” para as mulheres presentes: todas devem, durante uma semana, entrar nos espaços como se fossem “donas” dos lugares. “Quando recebemos uma pessoa em nossa casa, não nos sentimentos fortes? Chegar aos ambientes com esse empoderamento traz uma energia indescritível, que influencia diretamente na forma com que somos tratadas. Façam essa experiência e me deem um retorno através de minhas redes sociais”, sugeriu.

Rogéria Santos elogiou a exposição e destacou a importância de debater permanentemente o tema na Câmara: “Esse encontro é muito importante para a reflexão sobre o assunto. A luta por dignidade e condições iguais é constante. O caminho é longo e precisamos de união e dedicação”.

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da CMS Aladilce Souza (PCdoB) afirmou que 22% dos homens estão desempregados em Salvador, enquanto o índice atinge os 26% entre o público feminino. “Num momento de crise, o impacto é sempre pior para a mulher”, lamentou.

Também marcaram presença na audiência pública o presidente da CMS, Leo Prates (DEM), Marta Rodrigues (PT), a secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres, Taisa Gama, e a comandante da Ronda Maria da Penha, major Denice Santiago.

O debate na Câmara sobre o tema continua. Na próxima sexta-feira (17), uma sessão especial regimental será realizada no Plenário Cosme de Farias, às 9h.

Na comunidade

A republicana Rogéria prestigiou também a primeira edição do evento #NaComunidade, realizado em Nova Brasília de Valéria, no bairro de Jardim Valéria 1. A atividade, promovida pelo projeto Mulheres em Ação, incluiu a Feira da Mulher e ofereceu assistência a moradores da região.

Em uma manhã dedicada aos cuidados femininos, em homenagem à Semana da Mulher, o público pode receber orientações para a vida profissional, declaração de imposto de renda, assessoria jurídica e cuidados com a beleza e a saúde.

Parada segura

Ainda na esfera do universo feminino o vereador Beca (PPS) deu entrada no projeto Parada Segura, que determina aos motoristas de ônibus urbanos pararem os veículos nos locais indicado pelas mulheres, dentro do itinerário das linhas, entre 21 e 6 horas, para o desembarque, quando solicitados. O objetivo é tornar o transporte coletivo mais seguro para elas.

De acordo com a proposta as empresas também deverão colocar adesivos na parte interna dos ônibus, em local bem visível e de fácil leitura, com o número e a data da lei e seu conteúdo. “Essa prática já é adotada em várias cidades brasileiras, inclusive no estado do Rio Grande do Sul, onde os entes públicos igualmente propuseram esta medida para proteção e combate à violência contra a mulher”, adiantou o edil.