Uma análise dos outros candidatos minoritários à campanha de Salvador, em 2012
Tasso Franco , da redação em Salvador |
04/11/2012 às 18:02
Márcio Marinho, de óculos, manteve a palavra e testou sua popularidade
Foto: DIV
O deputado Márcio Marinho (PRB) obteve 6.51% dos votos (84.094) na eleição para prefeito de Salvador; Hamilton Assis (PSOL) 2.60% (33.650); e Rogério da Luz (PRTB) 1.56% (20.143) votos. No total, esses 3 candidatos minoritários obtiveram 10.76% dos votos (147.887). Se somarmos com o candidato do PMDB, MK, 9.43% vos votos (121.894) dá um total geral de 269.781 votos , o que corresponde a 20.19% do eleitorado.
Levando-se em consideração que MK (pessoa física) apoiou Pelegrino no 2º turno, o mesmo fazendo Marinho + Da Luz, algo em torno de 13.81% (considerando 4.71 de MK para Pelegrino; e 4.71% do PMDB para Neto) era de se supor que o petista vencesse o pleito. Mas, deu ACM Neto.
A pergunta é essa: por que ACM Neto venceu? Porque as propostas desses candidatos no 1º turno eram inconsistentes e o eleitorado ficou a vontade para votar em quem quisesse no 2º turno. Sobre MK já comentamos (vide em nossa editoria de Politica). Hoje, vamos falar de Marinho, Hamilton Da Luz para fechar esse ciclo de análises sobre as eleições na capital.
Márcio Marinho, deputado federal pelo PRB, foi entre os candidatos da base governista (exceto PT) o único que manteve a palavra e a decisão de disputar o pleito até o final, pelo menos na reta de chegada do 1º turno. Os demais, Alice Portugal (PCdoB), Edvaldo Brito (PTB) e capitão Tadeu (PSB) desistiram no meio do caminho, ainda que o PSB, na voz da senadora Lidice da Mata nunca disse que ela seria candidata, mas, participou de reuniões com esse grupo, nem autorizou a candidatura de Tadeu.
Marinho é vinculado ao grupo evangélico da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), do bispo Edir Machedo, mas não teve a mesma deferência do poderoso marketing da IURD posto à disposição de Celso Russomano, em SP, candidato que partiu à frente e depois cedeu (por pouco) o segundo turno a Serra x Haddad, certamente porque a igreja nunca viu nele um candidato competitivo, em Salvador.
O marketing politico de Marinho foi sofrível e sua assessoria de imprensa abaixo da média. Às vezes, mesmo com boa vontade, tínhamos dificuldades de aproveitar suas fotos devido a baixíssima resolução. Ademais, o candidato tinha uma proposta muito generalista (vamos resolver isso, vamos resolver aquilo), o que, para uma cidade do tamanho de Salvador, não cola.
A princípio, no primeiro debate da Band, parecia até que Marinho estava em dobradinha com ACM Neto (Marinho foi candidato a vice de Neto, em 2008), um levantando a bola para o outro. Depois, passou a sinalizar que estava mesmo era com o candidato preferencial da base governista, Nelson Pelegrino (PT), a quem apoiou no segundo turno.
Diria que o grande mérito de Marinho foi ter mantido a palavra (credibilidade) de disputar a eleição até o final e retirar a legenda da frequente manipulação com o nome de Varela.
Marinho certamente não colocará o seu nome como candidato a governador, em 2014, (o partido pode até colocar outro nome) preservando-o e re-elegendo deputado federal e, se melhorar sua postura, adicionar um pouco de carisma à sua personalidade política, em 2016, passa a ser um nome competitivo a Prefeitura da capital.
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A candidatura de Hamilton Assis, pelo PSOL, cumpriu seus objetivos elegendo o vereador Hilton Coelho e ocupando espaços entre eleitores que eram petistas, ou votavam nos candidatos do PT.
Assis apresentou uma proposta de um socialismo utópico e deu ser recado com firmeza e "carimbo" repetitivo no imaginário popular dando conta de que a Prefeitura de Salvador é controlada por uma "máfia" de empreiteiros e outros que operam na construção civil, no transporte, nos combustíveis, saúde pública, limpeza urbana e assim por diante.
Obteve êxito. Se fosse menos radical poderia até ter conseguido mais votos.
De fato, é de que se dizer que, na real, empreiteiros desses segmentos não controlam a Prefeitura, mas, têm forte influência na administração pública e nos destinos da cidade.
Por pouco, se não é a determinação da SEPLAN, com Walter Pinheiro e depois Zezéu Ribeiro, os empresários do sistema de transporte por ônibus teriam implantando o BUS Rápid na Avenida Paralela e detonado o metrô.
O PSOL saiu fortalecido das eleições municipais, foi coerente consigo mesmo e com os eleitores em não apoiar Pelegrino e muito menos ACM Neto, os quais receberam criticas de Hamilton no 1º turno, e tem tudo para chegar a Assembleia Legislativa e a Câmara Federal, em 2014, com seus representes, um que seja para cada casa.
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Quanto a candidatura de Rogério da Luz, PRTB, este perdeu o ineditismo ao se apresentar maquiado e de frente para os eleitores, igualando-se aos demais candidatos, e perdeu parte dos votos do eleitorado anarquisa e que, nele votou, quando se apresentava de costas na TV.
Da Luz também cometeu um erro político ao sinalizar, já no 1º turno, que seria uma força auxiliar para Pelegrino, confirmado no 2º turno, e suas propostas foram as mais hiláricas da campanha, desde o aerotrem que lembrou o bondinho de Irujo, em 1990, e a informatização dos serviços públicos.