ZédeJesusBarrêto comenta que, de qualquer forma, estrear goleando sempre é bom
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
24/07/2023 às 13:46
Ari Borges marcou 3 gols
Foto: Thais Magalhães CBF
Não podia ser melhor. Começamos a Copa Feminina da Oceania vencendo (4 x 0) e jogando bem, passando o recado de que estamos fortes, bem treinadas e somos sim também candidatas ao título. Mostramos futebol coletivo e talento individual. A surpresa foi a meio-campista Ari Borges despontando com três gols, inesperada artilheira.
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Em Adelaide/Austrália
- O quinto dia da Copa que conta com 32 seleções, acontece na Oceania, do outro lado do mundo (Nova Zelândia e Austrália), com bom público nos estádios, audiência surpreendente e jogos animados, de bom nível. Fase de grupos, classificatória. O Brasil está no Grupo F que tem França (uma das favoritas) e Jamaica – que já jogaram em empataram. Nas oito edições anteriores da Copa Feminina o Brasil marcou presença e sempre começou vencendo.
- Tempo bom, noite na Oceania, o Estádio Hindmarsh com arquibancadas cheias, relvado perfeito, muitas lágrimas na execução dos hinos, o Brasil com sua camiseta amarelinha, o Panamá de vermelho.
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Com bola rolando ...
- Início nervoso, corrido, e como era esperado o Brasil acuando, impondo-se, buscando o gol, dominando as ações. Coletivamente melhor e sobrando fisicamente.
- Gol! 1 x 0 Brasil, aos 18 min. Arrancada de Debinha pela esquerda, cruzamento perfeito, testada de Ari, livre na pequena área, abrindo o placar e fazendo o primeiro gol brasileiro na Copa.
- Aos 21’, bola no travessão do Panamá. As brasileiras sufocando, ganhando todas as divididas, trocando passes, inteiras no ataque. Posse de bola total e oportunidades de gol criadas, a goleira panamenha trabalhando bem, como numa finalização de Luana aos 35’, a espalmada a escanteio.
- Gol! 2 x 0 Brasil, aos 38’. Ari, de novo, aproveitando bem, na pequena área, outro bom cruzamento (Tamires) pela esquerda; tentou de cabeça, Bailey deu rebote, ela mesmo empurrou para as redes, ampliando. A chegada na área, de surpresa, de uma meio-campista, ensaio, treinamento.
Os 2 x 0 na primeira etapa foi pouco diante da superioridade brasileira. A nossa goleira Lelê quase não tocou na bola.
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Mal recomeçou ...
- Gol! 3 x 0, aos 2 minutos; troca de passes envolvendo a defensiva vermelha, Bia recebeu de calcanhar, livre na frente da pequena área, e chapou, ampliando. Belo trabalho coletivo.
- Só aos 12 minutos da segunda etapa o Panamá chutou a primeira bola no gol brasileiro, defesa fácil de Lelê. Antes dos 15’, a treinadora Pia fez três substituições, já poupando, administrando a vantagem e dando oportunidades, rodagem a outras meninas do banco de reservas. Aos 18’, novamente Lelê, saindo bem a área para cortar de pé um lançamento em profundidade do ataque panamenho. Aos 20’, perdemos boa chance de ampliar, num escanteio, boa defesa de Bailey. Aos 21’, tentativa de Adriana, errou o alvo.
O Panamá, placar adverso, adiantou suas linhas, passou a incomodar um pouco na frente, mas abriu-se atrás aos contragolpes brasileiros.
- Gol! 4 x 0, Ari, de novo, aos 25’. Outro cruzamento da esquerda, pelo alto, Ari entrou nas costas da zaga, fechando da direita, e testou por baixo da goleira. O terceiro dela, numa estreia, abençoada.
Por volta dos 30’, Pia lançou Marta, para delírio da galera, e Duda. Aos 35’, Geyse quase ampliou. As brasileiras mantinham a intensidade ofensiva. A árbitra, gostando do jogo, acrescentou 9 minutos ao tempo regulamentar. Aos 47’, boa defesa no chão de Lelê; aos 50’, chutaço de Gabi na rede, por fora. E nada mais aconteceu, deu Brasil.
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Ficha técnica
- A seleção brasileira escalada pela treinadora Pia Sundhage: Lelê, a Letícia; Antônia, Lauren, Rafaelle (a baiana) e Tamires; Luana, Ary Borges, Kerolin e Adriana; Debinha e Bia. (Bruna, Gabi, Geyse, Duda e Marta)
- O Panamá: Bailey, Katherine Castillo, Vargas, Pinzón, e Baltrip-Reyes; Hilary Jaen; Quintero, González e Marta Cox; Mills e Riley. Técnico: Ignacio Quintana. (Tanner, Cedeño, Montenegro...
- Árbitra: Cheryl Foster (País de Gales)
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A seleção brasileira volta a jogar, pela segunda rodada, no sábado, dia 29, às 7h, no estádio Suncorp, contra a França, uma das favoritas ao título. Jogão.
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Jogos da primeira rodada:
- Grupo A : Nova Zelândia 1 x 0 Noruega; Filipinas 0 x 2 Suíça
- Grupo B : Austrália 1 x 0 Irlanda; Nigéria 0 x 0 Canadá
- Grupo C : Espanha 3 x 0 Costa Rica; Zâmbia 0 x 5 Japão
- Grupo D : Inglaterra 1 x 0 Haiti; Dinamarca 1 x 0 China
- Grupo E : Estados Unidos 3 x 0 Vietnã; Holanda 1 x 0 Portugal
- Grupo F : França 0 x 0 Jamaica; Brasil 0 x 0 Panamá
- Grupo G : Suécia 2 x 1 África do Sul; Itália 1 x 0 Argentina
- Grupo H : Alemanha 6 x 0 Marrocos; Colômbia x Coreia do Sul (a jogar)
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Destaques da Copa
- A estrela brasileira (alagoana) Marta, 37 anos, cinco vezes eleita a melhor do mundo, disputa seu sexto mundial. É artilheira maior das Copas, foi vice-campeã em 2007. Uma lesão quase a deixou de fora, mas recuperou-se a tempo, vem treinando e se acha em forma, em condições. Começou no banco de reservas.
- A jovem atacante Sophia Smith, 23 anos, foi o grande destaque do jogo EUA 3 x 0 Vietnã. Atacante, atua pelo lado esquerdo, fez dois gols. É ousada, rápida, mulata e tem um belo riso. Olho nela. A seleção dos EUA é tetracampeã e se impôs em campo contra o Vietnã sobretudo pela envergadura, a capacidade física. As vietnamitas miudinhas e ligeiras perdiam as divididas, no corpo e pelo alto, mas lutaram muito.
- Outros destaques dessa primeira rodada: - A goleira da Nigéria, que fechou o gol contra a forte seleção do Canadá, até pênalti catou; o show da Espanha sobre a Costa Rica, e as goleadas de (5 x 0) do Japão sobre a Zâmbia, e da Alemanha (6 x 0) em Marrocos.
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- Sim, o Futebol Feminino é diferente do masculino – sem essa de pior ou melhor -, até por conta da óbvia disparidade física, atlética. O masculino parece mais bruto, brigado no corpo a corpo e cheio de simulações. Mas, atenção, há cada vez mais lances e jogadas bonitas entre as mulheres, atletas com boa técnica, um jogo mais limpo – como há lances bizarros também entre os homens.
O encantamento maior das coisas dessa vida está nas diferenças, lá e cá.
- No mais, é preciso que se diga e se reconheça que o futebol feminino é uma grande conquista das mulheres, sim. Um ganho. Uma batalha ainda em andamento até por reconhecimento, mais respeito e melhores salários. E há ainda um ganho maior de beleza em campo - rostos, risos, reações, expressões e corpos bonitos em campo; sem presepadas. Atletas, arbitragem, a cobertura da mídia... elas marcando presença, ditando um novo formato de jogo, de transmissão, de atitudes, criando e abrindo espaços.
- E mais as arquibancadas cheias, alegres, coloridas, sem as nefastas ‘torcidas uniformizadas’ e os gritos de ódio; vemos belas manifestações, mais crianças, famílias, alegria... Outro astral.
Que façam do futebol uma grande festa! Fantástico! Viva o futebol feminino. Acheguem-se, pois, sem muxoxos, faz favor!