Um Bahia desarrumado coletivamente, sem inspiração individual, sem evolução, sem criatividade, sem entendimentos...
ZedeJesusBarrêto , Salvador |
11/03/2023 às 18:34
Itabuna 1x0 Bahia
Foto: Rafael Machado (ECB)
Mais uma atuação opaca do Bahia e a derrota (1 x 0) diante do Itabuna, em Camacã, na primeira partida das semifinais do campeonato baiano. Prevaleceram o mando de campo, a postura e aplicação tática do ‘Dragão do Sul’, e o melhor preparo atlético da equipe itabunense, mais descansada, no segundo tempo. Um Bahia desarrumado coletivamente, sem inspiração individual, sem evolução, sem criatividade, sem entendimentos...
A decisão está aberta, tem o jogo de volta na Fonte Nova, mas o Itabuna saiu na frente, está com a vantagem, vai dificultar muito o triunfo do Bahia diante da torcida, e lutar como nunca para chegar à final, decidir o título. O time é bem arrumado, marca muito, e o treinador sabe o que quer. São dois triunfos seguidos em cima do Bahia.
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- Neste domingo, também às 16h, no estádio Adauto Moraes, na beira do rio São Francisco, calorão e relvado mastigado, Juazeirense x Jacuipense – o outro pega de semifinal.
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Contextualizando:
- Das quatro equipes que disputam as semifinais do Campeonato Baiano 2023, apenas o Bahia foi campeão. Juazeirense e Jacuipense brigaram nas últimas temporadas com Atlético de Alagoinhas, atual bicampeão baiano, e Bahia de Feira (já fora do páreo este ano) para se firmarem como terceira (ou segunda) força do futebol baiano; e o Itabuna surpreende porque, no ano em que conseguiu voltar, retornar à competição, já chega às semifinais e briga pelo título.
- Os confrontos – Bahia x Itabuna e Jacuipense x Juazeirense – acontecem em dois jogos, lá e cá, e os vencedores disputarão o título. O Tricolor terminou a fase primeira classificatória em primeiro lugar, por isso tem a vantagem de jogar a segunda partida em casa. O Itabuna ficou em quarto. Jacuipense foi o segundo e Juazeirense, o ‘cancão de fogo’, o terceiro.
- Para o Bahia, maior ganhador de títulos estaduais, o Campeonato de 2023 tem um significado maior que ‘mais um para a coleção’: é o 50º título, se conquistado, em 92 anos de história. O torcedor quer e está cobrando esse troféu.
- O Itabuna, treinado pelo experiente Sérgio Araújo (campeão baiano pelo Atlético Alagoinhas em 2021), chegou às semifinais com o cacife de ter aplicado duas goleadas nos times de maior nome e torcida: enfiou 4 x 1 no Vitória, em pleno Barradão, e goleou por 4 x 0 o time sub-20 do Bahia na fase classificatória. Um ataque poderoso, uma defesa segura e o artilheiro da competição Cesinha, ao lado de Jeam do Jacuipense, com 5 gols.
- No mais, o ‘Dragão do Sul’ tem a vantagem de estar descansado, só treinando, se preparando para o duelo, há duas semanas. O Bahia está disputando três competições (Baianão, Nordestão e Copa do Brasil), com viagens e partidas seguidas; jogou na noite de quarta-feira em Camboriú /SC, pela Copa do Brasil (venceu por 1 x 0 no sufoco). O treinador ‘portuga’, com um elenco novo e desconhecido – a maioria nunca jogou um estadual baiano -, ainda busca um jeito de jogar, um encaixe de equipe, e vem mudando de escalação a cada jogo. Parece meio perdido, e não ter mais o elenco na mão.
- O meia Cauky, meio-campista recém contratado pelo Bahia, nascido no Sul do Estado, por exemplo, disputa seu primeiro Baianão, nunca jogou antes no Brasil. O beque Kanu continua machucado, em recuperação; o apoiador Yago não está inscrito; o avante Arthur Sales foi apresentado esta semana, nem estreou. O zagueiro Raul Gustavo está fora da temporada, com lesão grave no joelho. A diretoria diz que novos contratados chegarão ainda, visando a disputa da série A. O torcedor anda inquieto. Pra os mais fanáticos, o Baianão é uma obrigação. Até pelo valor ($$$) do elenco.
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Em Camacã
- Estádio Ribeirão, bonito, mando de campo do Itabuna (o Luiz Vianna, em Itabuna está largado, sem condições). Tempo limpo mas sem sol, público (2 mil pessoas) tomando todos os espaços das acanhadas arquibancadas, torcida tricolor presente, uma festa na cidade. O gramado não é de todo linheiro, o relvado é alto, deixa a bola mais lenta, mas está bem cuidado, aprovado.
- O Itabuna, ‘Dragão do Sul’, com seu uniforme oficial, azulão na camiseta e calções brancos; O Bahia de camisas brancas e calções azuis, padrão um.
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Com bola rolando ...
Desde o começo, o Bahia tentou trocar passes, por a bola no chão; o Itabuna impondo velocidade. O Tricolor tinha mais a bola mas foi o Itabuna que perigou primeiro, aos 9 min, numa bola alçada que assustou a defensiva e goleiro visitantes. Daí em diante pouco aconteceu.
De mais interessante, no primeiro tempo, uma oportunidade nos pés de Biel, aos 29 minutos, cara a cara, a zaga travou, o goleiro Thiago prevaleceu. Aos 40’, Jacaré desperdiçou uma boa chance. No mais, a disputa pela bola no meio campo, algumas entradas duras, o Itabuna fechadinho atrás, marcando, apostando num erro defensivo do adversário, sem arriscar muito. O Tricolor teve o controle das ações mas finalizou muito pouco. Futebol pobre, nada digno de uma semifinal.
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Nada muito diferente na segunda etapa. Começo murrinha. Mas logo se viu que o Itabuna parecia fisicamente mais inteiro, correndo mais, ganhando as divididas, Após erros seguidos de Matheus Bahia, aos 5’ o goleiro Marcos Felipe salvou, quase em cima da linha. Aos 20’, a primeira chance do Bahia, após escanteio: Goulart tentou, Gabriel Xavier atirou-se na bola na pequena área, mas o goleiro Thiago salvou mandando a escanteio.
- Por volta dos 20’, entraram Cauly no lugar de Daniel (omisso) e Chavez substituindo Matheus Bahia, que errou tudo defensiva e ofensivamente. Aos 25’, Biel finalizou de primeira, na área, após cruzamento largo, o goleiro Thiago saltou e rebateu.
- Gol! 1 x 0 Itabuna, aos 29 min. Jan Pieter, de cabeça, escorando escanteio, fechado, zaga e goleiro sem achar a bola. Um dos raros lances de área, ofensivo, do Itabuna.
Everaldo em campo, no lugar de Cicinho, que até então nada mostrara. Jacaré recuou para a lateral direita e o treinador Renato Paiva pôs dois homens de área, na frente. Com o gol, o Itabuna fechou-se inteiro, mais ainda, e começou a gastar tempo. O Bahia foi para o desespero na tora, no individualismo. Aos 36’, Everaldo tentou de cabeça, nas mãos do goleiro.
- Aos 39’, Ryan e Diego Rosa em campo, nos lugares de Acevedo e Rezende, ambos no bagaço. Biel, em jogada individual pela esquerda, quase empatou. Aos 51’, Diego Rosa bateu falta esquinada, o goleiro Thiago espalmou. Foi a última tentativa. Deu Itabuna, a estratégia de jogo do time da casa deu certo.
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Destaques
No Itabuna, o goleiro Thiago, o zagueiro Jan Pieter, a aplicação de todos na marcação, a arapuca armada pelo treinador Sergio Araújo; funcionou, deu certo.
No Bahia, Acevedo, o mais lúcido e guerreiro; a luta de Rezende; a seriedade de Marcos Victor, um pouco de Biel... No mais, uma equipe desarrumada, parece que não treina, que está com má vontade, os jogadores não se falam, não se entendem... Triste.
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Escalações
- Itabuna: Thiago Passos, Deivinho, Jan Pieter, Lucimário e Elivelton; Herbert, Matheus Chaves e Alex Sandre; João Neto (Cacique), Cesinha e Hítalo. Técnico, Sérgio Araújo.
- Bahia escalado por Renato Paiva: Marcos Felipe, Cicicnho, Marcos Victor, Gabriel Xavier e Matheus Bahia; Acevedo, Rezende e Daniel; Jacaré, Ricardo Goulart e Biel.
- No apito, Diego Pombo Lopes.
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Reformulação na Toca
O Vitória, fora do Baianão, do Nordestão e da Copa do Brasil, parou pra acertar. Resta fazer um jogo, cumprindo tabela apenas, pela Copa do Nordeste, no dia 22, contra o Campinense.
O foco agora, inteiro, é na Segundona, a Série B. Depois de avaliação rigorosa do treinador Condé, uns 8 a 10 atletas devem deixar a Toca, o Barradão, alguns emprestados e outros dispensados. Até o diretor de futebol caiu fora. Com o torcedor indócil e cobrando, a diretoria promete a contratação de uns 7/8 novos atletas para zaga, meio-campo e ataque. Chegou o goleiro Thiago Rodrigues, que atuou no Vasco como titular na temporada passada.
Renovação e mudança de postura são as palavras de ordem na Toca do Leão. Já!