França mostra renovação e futebol bem organizado por Didier Deschamps
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
22/11/2022 às 18:35
França vira contra Austrália e marca 4x1
Foto: REP
O terceiro dia da Copa do Catar, com quatro jogos, foi marcado por dois resultados bem distintos. Primeiro a surpresa da zebra imensa, do tamanho de um camelo do deserto, o triunfo da Arábia Saudita, de virada (2 x 1), sobre a poderosa e favorita Argentina, de Messi, que foi surpreendida, amassada fisicamente e não mostrou força de reação.
O outro resultado, esse altamente positivo, foi a goleada e vistosa exibição, coletiva e de talentos individuais, da atual campeã do mundo, a França, que venceu de virada a Austrália pelo placar elástico de 4 x 1, sem forçar muito, mesmo padecendo com muitos desfalques de seus titulares, por conta de lesões. A França está viva e bem renovada.
No mais, completando a rodada do dia, Dinamarca e Tunísia fizeram um joguinho medroso, tecnicamente fraco e sem gols; e México 0 x 0 Polônia foi uma partida muito brigada, uma batalha, com as defensivas prevalecendo e o artilheiro Lewandówski decepcionando ao desperdiçar um pênalti, consagrando o veterano goleiro mexicano Ochoa, em sua quinta copa.
Até agora, França e Inglaterra mostraram o melhor futebol da copa. Favoritas?
Copa que segue...
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O Campeão estreou goleando
Pelo Grupo D, fechando a rodada da terça-feira, França, a atual campeã do mundo, goleou a Austrália, no Estádio Al Janoub, 22 km ao sul do centro de Doha, com capacidade para 40 mil pessoas.
Todas as expectativas sobre a Seleção Francesa, comandada por Didier Deschamps, 54 anos, às voltas com desfalques significativos, de titulares absolutos, como o apoiador Pogbá, regente do meio campo e capitão da equipe, um líder; o apoiador Kanté, já escolhido como o melhor do mundo; o zagueiro Kimpenbé, do PSG; o jovem Nkunku e, por último, o centroavante Benzema, do Real Madrid, o ‘bola de ouro’ da temporada. Como reagiria a equipe em campo com tantas perdas?
Os torcedores franceses, sempre confiantes, costumam responder: “Oui, farão falta, mas temos o Mbappé. C’est la France!!” - Sim, aos 23 anos, no auge, voando, um fazedor de gols, o Mbappé das arrancadas imparáveis. Olho nele.
A Austrália, treinada por Graham Arnold, de 59 anos, uma livre atiradora, sem bom retrospecto nos torneios internacionais disputados. Só vontade e correria em campo. Em campo, com arbitragem sul-africana...
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- Com uma formação ofensiva, os franceses começaram martelando, querendo decidir logo. Mas... foram surpreendidos.
- Gol! 1 x 0 Austrália, aos 8 minutos. No primeiro ataque pela direita dos australianos, o lateral Lucas Hernandes sentiu o joelho e caiu no gramado; saiu o cruzamento e, do lado oposto, livre, Goodwin completou de perna esquerda. Outra zebra?
Lucas Hernandes machuca, mais um francês fora da copa? Torção de joelho, bem provável. A bruxa parece solta nos vestuários dos franceses. Impressiona a relação dos desfalques.
Aos 21’ a Austrália, mesmo recuada, fechadinha, assustou num contragolpe em velocidade, o chute longo e forte que passou perto do travessão de Lloris. Mas a França reagiu.
- Gol! 1 x 1, França. Rabiot, de cabeça, aos 25 minutos. Após cobrança de escanteio da direita, a bola rebatida caiu aberta na esquerda, Theo Hernandez (que substituira o lateral irmão Lucas, machucado) alçou na frente da pequena área adversária, para cabeçada certeira do meia Rabiot, homem surpresa, empatando.
- Gol! 2 x 1, França, a virada veio aos 32’. Giroud, completando livre na pequena área uma boa trama de Rabiot e Mbappé pela esquerda.
- Griezmman bateu de canhota raspando o poste australiano, aos 40’; Mbappé perdeu um gol de cara batendo forte, de primeira e por cima, da linha da pequena área, num passe precioso de Griezmman. E, aos 45’, Mabil acertou com uma cabeçada o poste de Lloris.
Um primeiro tempo bom de ver, ofensivo, com poucas faltas e a bola rolando no gramado. A França foi melhor, virou o placar com competência, mas a Austrália não se entregou. Rabiot e Griezmman destacaram-se, Rabiot desempenhando o papel do ausente e clássico meio-campista Pogba.
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Os campeões do mundo retornaram para a segunda etapa com o mesmo ímpeto, buscando o gol. Aos 4’, Giroud pegou de voleio um cruzamento de Theo Hernandes, quase fez um belo gol. Os franceses controlavam bem as ações, valorizando a posse de bola e sem acelerar muito, usando de estocadas, atuando inteiro no campo adversário. Mbappé como referência. Aos 21’, uma blitz francesa, o goleiro Ryan vencido, o zagueiro salvou em cima da linha. Na sequência ...
- Gol! 3 x 1 França, Mbappé, aos 22 minutos, testando na pequena área um ótimo cruzamento de Dembelé, da direita. A bola ainda bateu na trave antes de ganhar as redes.
- Gol! 4 x 1, França. Giroud, de testa, completando um preciso cruzamento de Mbappé, da esquerda. Aos 28 minutos. Goleada de campeão. Parece simples e fácil, eficiente. Show!
Aos 36’, Griezmman deixou Mbappé de cara, mas ele perdeu o domínio e a chance de ampliar. O torcedor francês eufórico: “Allez les bleus!” Os campeões em cima, jogando leve e querendo mais, até o final, como o torcedor gosta.
Destaques para o técnico zagueiro Upamecano, o meia Rabiot, Griezamman, o artilheiro Giroud e, claro, o astro Mbappé. O fluido trabalho coletivo de toda a equipe.
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Uma batalha sem gols
Pelo Grupo C, às 13h, no Estádio 974, todo montado com containers reciclados e desmontável (40 mil pessoas), moderníssimo, México 0 x 0 Polônia. A torcida mexicana presente, barulhenta. Fala-se em mais de 90 mil mexicanos no Catar, para a Copa.
As atenções voltadas para o talentoso artilheiro Lewandowski, 34 anos, avante do Barcelona, 76 gols pela seleção polaca. O treinador, Czeslaw Michniewicz, 52 anos, polonês.
Os mexicanos, treinados por Gerardo Martino, argentino, 59 anos, em fase de transição (veteranos x novatos), buscando definições, querendo surpreender. Tem o veterano goleiro Ochoa, 37 anos, na sua quinta copa, Herrera, Guardado... Losano, do Napoli, e o estreante artilheiro Jiménez, que atua na Inglaterra, esperança de gols.
Com bola rolando, os mexicanos foram mais ousados no primeiro tempo, dando sufoco na defensiva polonesa, explorando a velocidade, dividindo com mais raça, abusando dos passes longos. Uma Polônia mais cautelosa, fechadinha atrás, um bom goleiro, sem correr grandes riscos. Zero gols nos 45 minutos iniciais.
Na volta do intervalo, o duelo continuou renhido no meio-campo mas com pouca criatividade ofensiva. Até que...
Olhe o VAR! numa bola adiantada no miolo da zaga mexicana, goleiro, atacante e zagueiros embolaram-se na disputa da bola, o atacante polonês Lewandowski foi agarrado, puxado pela camisa, a arbitragem de vídeo chamou a atenção, o soprador de apito foi checar e marcou o pênalti. Antes dos 15 min.
- Lewandowski bateu forte, no canto, rasteiro, o experiente e bom Ochoa acertou o salto, adivinhou o canto e defendeu. Primero pênalti desperdiçado na Copa do Catar e logo ele, o Lewa... o artilheiro, perdeu. O torcedor mexicano comemorou como se fosse um gol, claro, incendiando o estádio aos gritos: “México, México!...” O jogo melhorou muito, equilibrado, indefinido e pegado, faltoso.
Mas o que faltou mesmo foi o gol, talento, definição. As defensivas levaram a melhor. E viva Ochoa!
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Sem a emoção do gol
No segundo confronto da terça-feira, às 10h, outra surpresa e o primeiro empate sem gols da Copa do Catar: A Dinamarca, uma das favoritas europeias, não passou de um morrinhento empate de 0 x 0, contra a fraca Tunísia, que se defendeu com denodo e se deu bem, comemorou no final. Faltou talento ofensivo aos dinamarqueses.
O confronto valeu pelo Grupo C, aconteceu no Estádio Education City (a cidade universitária de Doha), com capacidade para 40 mil pessoas. Um jogo tecnicamente fraco.
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Galopou a zebra Saudita
Isso é Copa do Mundo! De virada, os guerreiros da Arábia Saudita derrotaram os ‘favoritos’ argentinos (2 x 1), no belo e dourado Lusail, sob um calor de 33 graus, uma surpresa sem tamanho, uma explosão de alegria verde por todo o mundo árabe.
E Uma das maiores zebras da história das Copas, sem dúvida, diante da expectativa, os argentinos há mais de 35 jogos sem perder. Uma zebra com cara de camelo do deserto.
Foi o primeiro jogo do terceiro dia de competição, às 7h da matina, Argentina 1 x 2 Arábia Saudita, pelo Grupo C, no dourado estádio Lusail (80 mil pessoas). Todos os olhos voltados para Messi (35anos), a maior estrela do futebol mundial depois da era Maradona, em sua última Copa. A Argentina do técnico Lionel Scaloni (44 anos), uma das grandes favoritas ao título. O último título argentino foi em 1986, há 28 anos, no México, com Maradona fazendo até gol de mão – ‘La mano de Dios’ – contra os ingleses.
Os sauditas, dirigidos pelo francês Hervé Rennard (54 anos), a fim de fazer história. Muita correria. A Argentina com sua tradicional camiseta listrada (azul e branco) e os árabes de verde escuro. Arbitragem eslovena. Temperatura alta, 30 graus.
- Logo aos 2 minutos, Messi finalizou uma boa trama, de frente, para a primeira boa defesa do goleiro Al Owais, esticando-se e salvando no seu rodapé direito. Olha o VAR! Aos 7min, numa cobrança de escanteio, os jogadores se enroscaram na área saudita e o árbitro foi alertado, espiou o vídeo e, no puxa-estica e cai, marcou pênalti em favor da Argentina.
- Gol! 1 x 0, Messi, bateu com precisão a penalidade, abrindo o placar, aos 10 minutos. Mas, ao invés de ‘porteira aberta’, os sauditas não se assustaram, mantiveram a pegada. Os latinos sem pressa, trabalhando a bola, achando que goleariam quando bem quisessem.
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Talvez mais aclimatados, acostumados ao calor e sem temer o adversário, os sauditas voltaram para a segunda etapa a todo vapor, bem orientados pelo treinador francês. Então, logo aos 4’ ...
- Gol! 1 x 1, Al Shehri, aproveitando-se bem de um erro na saída de bola defensiva argentina e de um vacilo de Otamendi. Os sauditas empataram e incendiaram o estádio.
- Gol! 2 x 1, Arábia Saudita. A virada aconteceu aos 7 minutos, num belíssimo gol do camisa 10, Salém Al-Dawsari, livrando-se da marcação, pela esquerda, acertando um chutaço no ângulo de Martinez, sem defesa. Uma explosão verde nas arquibancadas.
Os árabes marcavam duro, sem dar tréguas, sobrando fisicamente em campo. Aos 62’, uma defesaça do bom goleiro Al Owais, salvando um chute da pequena área, em cima da linha.
O tempo passando, Messi sem brilho, muito marcado. Aos 83’, deu uma cabeçada, nas mãos do goleiro. O árbitro deu doze minutos de acréscimos. Os Saudistas defenderam-se heroicamente. E fizeram a festa! Ganharam dos favoritos argentinos, de Messi, e de virada. Histórico. A Copa vale por esses instantes.
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E o Brasil?
Fica o recado para os brasileiros, fazendo aprontos finais para a estreia na quinta-feira contra a valente e bem treinada Sérvia, nesse mesmo estádio dourado, com arbitragem iraniana. É preciso jogar bola e ‘pelear’ muito. Sem raça, sem determinação, de nada vale o talento ... Cuidado com as zebras... O improvável acontece, sim.
O time de Tite já pintando nos derradeiros treinos:
- Alisson, Danilo, Tiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro, Paquetá, Neymar; Raphinha, Richarlyson e Vini Jr.
Bem ofensivo. A ver.
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Jogos da quarta-feira, dia 23
- Pelo Grupo E: - Alemanha x Japão, 10h, no Estádio Khalifa International.
- Espanha x Costa Rica, 13h, no Estádio Al Thumama
- Pelo Grupo F: - Marrocos x Croácia, 7h, no Estádio Al Bayt
- Bélgica x Canadá, 16h, no Estádio Ahmad Bin Ali.