Pra começar, dizem que uma grande equipe começa com um bom goleiro. Não temos goleiro.
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
06/12/2020 às 18:09
Eventuais vibrações
Foto: REP
Mal terminou o jogo Bahia 0 x 2 Ceará, o Vozão mantendo uma freguesia de sete jogos sobre o Tricolor baiano, alguns amigos torcedores ligaram aflitos querendo opinião sobre o que chamavam de catástrofe. Uns xingavam a diretoria (presidente e diretor de futebol), outros esculachavam o treinador Mano Menezes e arrematavam : “Continuamos errando muito” na defesa.
Na hora recomendei a leitura de minha resenha do jogo, no Bahiajá, e agora arremato dizendo que perdemos porque, como nos confrontos anteriores, eles foram melhores, nos superaram no gramado em garra/vontade de vencer, preparo físico, foco mental, estratégia tática e jogo coletivo. A partida de sábado foi um repeteco do que Guto Ferreira tem feito quando joga contra o Bahia: cozinha o primeiro tempo em banho-maria e põe fervura na segunda etapa, o adversário sem pernas, entregue. O Bahia não jogou nada na etapa final, foi engolido, massacrado e os 2 x 0 foi pouco. Um time em campo sem vibração e sem inteligência de jogo.
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Ou seja, não temos equipe para ganhar do Ceará, fato. Desde 2018 que eles deitam e rolam. Esse atual time do Bahia foi mal concebido pelos responsáveis do futebol do clube (Ferri e Bellintani) e o então todo-poderoso treinador, o politizado Roger Machado. Resultado: um elenco mal formado e mal formatado, sem identidade com as cores, a história e a torcida; atletas sem garra, mal condicionados e que não conseguem se impor, mesmo em casa, diante de um adversário aguerrido. Nosso grupo, de um modo geral, é ruim.
Senão, vejamos:
Pra começar, dizem que uma grande equipe começa com um bom goleiro. Não temos goleiro. O nosso titular, Douglas, além de frágil (machuca muito) não passa confiança. Sai mal nas bolas altas, não sabe jogar com pés, repõe com defeito, tem dias que chama gols... O reserva Claus, jogou pouco, anda molestado, precisa de ritmo para amadurecer; parece-me o melhor dos três. O terceiro goleiro, Anderson, é um quebra-galho, em fim de carreira.
Na lateral direita é Nino, Nino e Nino, só, e já bem passado dos 30. João Pedro é cliente de enfermaria, bundudo, machuicado ou fora de forma. Na esquerda, Capixaba, que é melhor avançando que defendendo. Zeca não tem sequência e Mateus Bahia vem amadurecendo, aos poucos.
Do miolo de zaga dizer o quê? Temos a defensiva que mais levou gols na Série A. Lucas Fonseca é um ex-atleta que ainda insiste em jogar, sem velocidade, sem lucidez, sem comando, há tempos que complica e entrega, compromete. Ernando e Juninho são os melhorzinhos mas nunca amarrariam a chuteira de um Vicente, Sapatão, Celso, João Marcelo, Claudir ... muito menos de um Rebouças. E, por ironia, o Bahia vendeu Thiago ao Ceará por 660 reais, emprestou Jackson ao Fortaleza, Ânderson ao América (MG) e Ignácio às Alagoas.
No meio campo louvo a entrega de Gregore, guerreiro solitário. Faz muita falta o Flávio, mal vendido. Elias seria ex-atleta ainda em atividade (?), fora de forma e apático. O mesmo diria de Rodriguinho, caríssimo, mas que nunca entra em forma, guenta 30 minutos e apaga. Ronaldo tem machucado muito. Danielzinho parece jogador de time de botão, frágil, não divide, não suporta o corpo-a-corpo. Marco Antonio é um enigma de leseira, não acende.
Na frente, Gilberto. Faz seus gols, aqui e ali, mas foge dos zagueiros, não encara. Élber com a cabeça já no Japão, Claysson é uma piada de mau gosto até aqui, Fessim tem cara de seminarista e Rossi é mais correria.
Resumindo... não temos time para encarar uma classificação para Libertadores, nesse Brasileirão. A realidade é que vamos e sofrer e brigar até o final para não cair para a segundona. Haja maracujina.
Atentem, nossos próximos confrontos assuntam: - Palmeiras, Flamengo, Grêmio e Internacional.
Jogando o que vimos contra o Ceará são 12 pontos perdidos. Ah, mas antes tem o embate contra os cascudos argentinos pela Copa Sul-Americana; quarta-feira, na Fonte Nova, pela frente a milonga e a pegada do Defensa Y Justicia, às 19h15.
Resta torcer, à distância. Torcedor nas arquibancadas faz falta. A cobrança soa mais forte e direta, perante o atleta e o banco. No mais, Bellintani reeleito, como se antevê, é preciso repensar o assunto futebol. Que perfil de time e de atleta quer o torcedor do Bahia? Time meia-boca ou uma equipe com postura vencedora ? Que se vá 2020.