Foi uma batalha renhida no Barradão, aconteceu de tudo: três expulsões, três pênaltis marcados (dois convertidos), correria, invasão de campo e ameaças ao árbitro e jogadores do Ceará pelo presidente valentão do Vitória, sete gols, e a virada do Vozão, que se classificou para a próxima fase (a quarta) da competição, tirou o Rubro-Negro da rinha e foi mantida a freguesia. No futebol, os cearenses continuam amassando os baianos, ganham todas. No mais, o treinador Guto Ferreira mantém sua invencibilidade contra a dupla Ba Vi.
Tá bom, não faltou luta, vontade, disposição, garra ao Leão, mesmo com 9 jogadores em campo, brigando até o fim, mordendo, honrando a camisa. Mas deu Vozão, 4 x 3. É o que fica.
**
Bola rolando
Não deu pra piscar, não faltou emoção. O Vitória entrou ligado, em alta, arrasador pra cima dos visitantes, sem deixar o Vozão respirar, marcando duro o campo inteiro, ganhando na força, correndo muito, agressivo, tomando as iniciativas.
Logo aos 7 minutos fez 1 x 0, num belo chute de primeira de Leo Ceará, pegando de direita um rebote na entrada da área; um foguete que Prass nem viu por onde passou. O time baiano não arrefeceu, continuou marcando forte, chutando, querendo mais.
Aos 15’, o goleiro Prass saiu adoidado num bola aprofundada, Leo Ceará chegou antes do marcador e foi atropelado pelo goleiro; o árbitro não titubeou, marcou o pênalti, que Carleto bateu forte, no canto, sem chances de defesa. Dois gols de frente era tudo o que o Vitória precisava para classificar, mas...
Aos poucos o Ceará foi entrando no jogo e o Leão postou-se mais atrás, para jogar nos contragolpes. Aos 21’, o veterano avante Sóbis assustou, chutando da entrada da área. Logo depois, quando os cearenses tinham um escanteio à favor, houve um desentendimento na área entre o apoiador Charles e o centroavante Leo Ceará. Enroscaram-se, trocaram empurrões e tapas, o árbitro viu e os expulsou. As equipes ficaram com 10 homens em campo, cada, mais espaço pra correr.
Na cobrança do esquinado, da esquerda, Ronaldo salvou, na sobra o chute de Samuel Xavier foi salvo por Carleto e os cearenses reclamaram que a bola já tinha ultrapassado a linha quando foi rebatida. A tevê mostrou isso, mas não tinha VAR, e o jogo seguiu. O Vozão equilibrou e achava facilidades na defensiva baiana.
Aos 36’, Vico deu um carrinho na linha de fundo, dentro da sua área, para evitar um cruzamento, mas arrastou a bola com o braço. O árbitro do Paraná marcou o pênalti, que Rafael Sóbis bateu, no canto, a meia altura e Ronaldo defendeu – a cobrança e o rebote, com reflexo e agilidade.
Antes de o árbitro apitar para o intervalo, o apoiador Neto deu um rapa em Sóbis, na área, e o árbitro, perto do lance, viu a falta e marcou outro pênalti contra o Vitória. Dessa vez Vina ( o Vinícius) bateu forte, alto, colocado e diminuiu: 2 x 1.
Pra completar, no foi-não-foi, empurra-empurra, reclamações, o árbitro expulsou o avante Vico, que já tinha cartão amarelo, e exaltou-se. Daí ...
*
Antes da descida pra merenda, cenas de várzea. A arbitragem foi cercada e apareceu, de bermudões, máscara e uma pança proeminente o presidente Carneirão, xingando, ameaçando, querendo briga com Vinícius, dando trabalho para ser retirado de campo. Querendo intimidar no grito, como fazia antigamente nos BaVis dos anos 90 e 2000 no Barradão. Lamentável. Os tempos são outros e sua atitude pode causar prejuízos para o clube. As imagens na tevê para o país inteiro são comprometedoras.
*
Com um atleta a mais em campo (Ceará com 10 e o Vitória com 9), o Vozão foi pra cima, queria a classificação e precisava no mínimo de um empate. E logo aos 3 minutos achou o gol, numa infelicidade do veterano lateral Carleto que foi cortar um cruzamento rasante, da esquerda, e tocou de bico contra suas próprias redes: 2 x 2.
O Ceará tinha mais posse de bola, óbvio, mas o Leão não se entregou, foi pro pau, ameaçou. Aos 11’, pegando um rebote do goleiro Prass, o becão Gabriel Furtado encheu o pé da entrada da área e balançou o travessão. Mas, aos 15’, o zagueiro capitão Maurício Ramos, já sem pernas, deu mole e Sobis roubou a bola, deu para Vina que achou Fernando Sobral entrando livre na área inimiga; com um chutaço, desempatou: 3 x 2 Vozão.
Muitas substituições de lado a lado. Os visitantes querendo garantir a vantagem, o Leão, mesmo ferido, foi à luta, ao ataque, em correrias e jogadas profundas, finalizando. Numa dessas, Prass (inseguro na partida) deu rebote e Caicedo, que acabara de entrar, rápido, concluiu; empatando e pondo fogo no jogo, mostrando que o Leão estava muito vivo. Aos 31’, Rafael carioca arriscou de longe e tirou casquinha no travessão de Prass, batido. Mas...
Aos 43’, os cearenses entraram tabelando, a defesa rubro-negra já sem forças, e Lima fez um golaço, definindo o triunfo e a classificação; o Vozão matando o Leão.
**
Destaques
A aplicação dos atletas rubro-negros, jogando pra pirão, dividindo todas, com vontade de ganhar, ofensivos, mesmo com um a menos durante todo o segundo tempo. Exemplar a dedicação.
Nota negativa para a presepada do presidente Carneiro, no intervalo, dando uma de machão.
No Ceará, Samuel Xavier, Vinícius e Leandro Carvalho. Parabés ao treinador Guto Ferreira.
*
Escalações
Vitória – Ronaldo, Bocão, Gabriel Furtado, Maurício Ramos e Carleto; Reno, F Neto, Marcelinho e Rafael Carioca; Vico e Leo Ceará. Entraram Jean, Mateuzinho, Caicedo e Viçosa.
Ceará – Prass, Samuel Xavier, Gabriel lacerda (Tiago), Luis Otávio e Bruno Pacheco; Charles, William (Fabinho), F Sobral e Vinícius (Lima); Sóbis (Bergson) e Leandro carvalho (Mateus)
Arbitragem do Paraná; no apito, Paulo Roberto Alves. Corajoso, em cima do lance, mas os rubro-negros vão chiar muito.
*
O Vitória volta a campo no sábado, no mesmo Barradão, dessa vez pelo Brasileirão Série B. Recebe o líder, Paraná.
**