O Ceará é uma equipe cascuda, experiente, pega duro, e tem uma defesa que não brinca, quase não erra. (Comentário de ZédeJesusBarrêto)
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
01/08/2020 às 19:24
Bahia 1x3 Ceará
Foto: Felipe Oliveira
Sabemos que a decisão do título acontece em dois jogos, são 180 minutos, e a Taça Orelhuda só será entregue na próxima terça-feira à noite, após o confronto final. Mas... vai ser muito difícil o Tricolor reverter o placar (3 x 1) que o Ceará impôs nesse cair de tarde de 1º de agosto, em Pituaçú, de virada e com competência, com superioridade no gramado.
Foi um banho do treinador Guto Ferreira em Roger Machado. Conhecedor das qualidades e dos defeitos crônicos da equipe baiana, Guto armou um Ceará de pegada forte, ganhando na força o meio campo, defendendo-se com aplicação e aproveitando-se no ataque dos erros, deficiências individuais e da péssima saída de bola da defensiva baiana. Erros já manjados, por sinal.
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Enquanto o Bahia tentava por a bola no chão, trocar passes, evoluir com tabelas, explorando os lados do campo, os cearenses marcavam duro, congestionavam o meio de campo e saiam pro ataque nos chutões, lançamentos nas costas dos lentos zagueiros tricolores, apostando nas falhas, erros de passe, e alçando bolas sobre a área inimiga. Deu certo.
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Gols entrando a gosto
E olha que foi o Bahia que abriu o placar, aos 25 minutos. Flávio roubou uma bola de Fabinho no meio campo, arrancou e enfiou para Fernandão já na área inimiga, pelo lado esquerdo. O centroavante bateu de primeira, seco, de canhota, rasteiro e cruzado, sem chances de defesa do bom e veterano goleiro Fernando Prass: 1 x 0.
Ora, nem deu tempo de comemorar direito. Dois minutos depois, Prass deu um chutão, a bola descaiu nos costados de Juninho, e Capixaba, mais rápido, chegou na cobertura, já na grande área baiana, mas, sem olhar recuou para o goleiro Ânderson que saia atabalhoado (faltou comunicação) - e a bola sobrou limpa, na pequena área para Fernando Sobral empurrar para as redes e agradecer o presente. Empate 1 x 1, uma entregada de baba de praia.
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As equipes voltaram para a segunda etapa mais soltas, buscando a ofensiva, embora o Ceará mostrasse sempre mais apetite, mantendo a pegada forte.
Numa saída de bola errada da defensiva baiana, Samuel Xavier ficou com a pelota na direita e levantou na cabeça do altão (1m94) Cleber, na linha da pequena área; Juninho não alcançou a bola e Lucas Fonseca cochilou, não chegou a tempo de impedir a cabeçada forte (mas defensável) que decretou o desempate, aos 12 minutos.
Era de se prever a postura tática ordenada por Guto: - Vamos recuar, nos fechar inteiro, travar o andamento do jogo com faltas no meio campo recheado e ... esperar que o Bahia vá todo pra cima, tentar o empate. Daí ... é só aproveitar o cansaço, o nervosismo, os erros e, se de der, ampliar. Deu.
Aos 28’, com a defensiva Tricolor avançada, o goleiro Prass repetiu a jogada do primeiro gol, dessa vez pelo lado esquerdo, nas costas de João Pedro, já arriado, e do becão Lucas Fonseca, lerdo. O lépido Gonçalves, que tinha acabado de entrar, ganhou a bola na velocidade, cortou a marcação frouxa pra dentro e bateu pro gol; a bola desviou na perna de Lucas e matou o aloprado e infeliz Ânderson, ampliando.
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O resto foi chocolate dos cearenses em Pituaçu. Uma equipe obstinada na marcação, dedicada em campo, ligada todo tempo e que jogou com inteligência, bem orientada e bem treinada.
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Será que ainda dá ?
Imaginem. Se 2 x 1 já seria um placar difícil de reverter, que dirá 3 x 1.
Até porque esses erros defensivos do Bahia são recorrentes e vêm de temporadas anteriores. Nosso goleiro não chega perto do nível de um Prass, nosso miolo de zaga é lento de corpo e mente, o lateral João Pedro precisa entrar em forma. Pra priorar, Capixaba, que vinha bem, errou feio no primeiro gol do Vozão e fez uma partida opaca. Rodriquinho bem marcado e mal fisicamente, Claysson não existe, Fernandão melhorou mas ainda briga com a bola. Flávio e Élber foram os melhores.
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Entendo que só uma alumiação forte da chamada “estrela Tricolor” pode acender alguma esperança no coração do torcedor. E a equipe em campo terá de mudar a postura: jogar com mais objetividade na frente e não errar atrás.
O Ceará é uma equipe cascuda, experiente, pega duro, e tem uma defesa que não brinca, quase não erra.
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Se o Bahia vencer na terça com dois gols de diferença a decisão acontecerá em cobranças de tiros livres da marca do pênalti.
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Curiosidades
- Guto Ferreira foi Campeão do Nordeste pelo Bahia, em 2017. Pode ser bi, agora à frente do Ceará. O “Gordiola” conhece de bola.
- O Ceará tem o ataque mais positivo da competição, com 20 gols. O Bahia é o segundo, com 18.
- O Vozão conquistou um título até aqui de Campeão do Nordestão: em 2015, na Fonte Nova, em cima do mesmo Bahia. A rivalidade é grande e antiga, histórica. O Bahia briga pelo tetra.
- Boa arbitragem do paraibano Wagner Reway. Recorreu duas vezes ao VAR (lento) e em ambos os casos confirmou sua decisão em campo. Sem reparos, pois. Triunfo limpo do Ceará, de parabéns a torcida do Vozão. Festejando.
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Definição no Baianão
Neste domingo, 16 h, também em Pituaçu, o Bahia volta a campo, com o time B para a disputa do segundo jogo contra a Jacuipense, pelas semifinais do Baianão. Venceu lá em Jacuipe por 2 x 0. Tem tudo para ir à final.
O adversário será certamente o Atlético de Alagoinhas, que, no mesmo horário, recebe no carneirão o Juazeirense, a quem goleou por 4 x 1 no primeiro confronto.
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