Um gesto para múltiplas interpretações no mundo da bola
Tasso Franco , da redação em Salvador |
22/06/2018 às 12:40
Neymar Jr em pranto
Foto: Reuters
A cena de Neymar chorando após o gol contra a Costa Rica revela o sofrimento que o craque brasileiro vinha tendo no seu íntimo diante de críticas ao seu comportamento no jogo contra a Suiça e no já folclórico cai-cai do jogador.
As redes sociais estão repletas de gifs com paródias ao seu cai-cai e, hoje, ficou ainda mais evidente no pênalti marcado pelo juiz holandes e desmarcado pelo próprio juiz ao verificar o lance no VAR, pois, de fato, o defensor da Costa Rica não puxou a camisa de Neymar e ele encenou uma queda cinematográfica.
Teria sido um choro de descarrego como se dissesse assim: "Vai urucubaca sentar praça noutro lugar".
E o que se viu no jogo contra a Costa Rica foi de uma ziquizira impressionante com craques dos níveis de Neymar, Gabriel de Jesus, Phillip Coutinho, Paulinho, perdendo gols embaixo da trave e também uma atuação impecável do goleiro Keilor Navas até que essa mesma bola, essa bola que parecia de corpo fechado passou embaixo das 'canetas' do goleirão e o Brasil abriu o placar com P. Coutinho.
E já nos acréscimos dos acréscimos com quase 7minutos de prorrogação o topete, o miojo, o espaguete al dente - alguns apelidos para o cabelo de Neymar - o craque brasileiro marcou seu gol, o primeiro que fez nesta copa.
Depois veio o pranto de alegria, de desabafo interior, com milhões de brasis assistindo pela TV, ele, o melhor jogador dos canarinhos, dizendo que agora vai, que desencantou e poderá fazer muito mais nos próximos jogos.
Toda seleção pode fazer muito mais. Tem potencial para isso. E, olhando por esse prisma, o choro de Neymar também representa algo coletivo na base do desencantamos, somos os melhores do mundo no campo da bola e agora ninguém nos segura.
É provável que tenha passado isso por sua cabeça, um recado a todos os atletas da seleção que há potencial para conquistar o hexa sem medo de ser feliz, de tocar a bola, domá-la e levá-la ao fundo das redes.
O pranto de Neymar não é portanto de lamento e sim um pranto de alegria, de simpatia, de abertura e aliança com os milhões de torcedores da seleção canarinho.