Quem imaginou que a Argentina poderia golear a Islândia se enganou. E O Perú teve muitas chances de gols mas perdeu para Dinamarca
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
16/06/2018 às 18:15
Modric comemora gol de Salivije
Foto: Krallie Pisxel / Gol
Um sábado surpreendente, diria histórico no mundo da bola. Pela primeira vez o sistema VAR- árbitro de vídeo decidiu lances em jogos de Copa, a grande Argentina (dois títulos mundiais) parou na obstinação defensiva da pequena Islândia, uma estreante, e o astro Messi perdeu o primeiro pênalti da competição, consagrando um goleiro de nome estranho – Halldorsson – mais conhecido na Europa como cineasta. Cueva, do Peru, atleta do São Paulo, também desperdiçou o dele, mandando a bola nas nuvens. Isso é o futebol, surpreendente.
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Sofrência hermana
No jogo mais empolgante do sábado, pela manhã, no estádio do Spartak, Moscou a quatro graus, uma Argentina sem inspiração no ataque, nula no meio-campo e claudicante na defesa empatou (1 x 1) com a taluda e guerreira Islândia, que se defendeu com 11 e atacou em bloco a 200 por hora quando teve a posse de bola.
Uma lição para o Brasil que neste domingo enfrenta uma Suíça em ferrolhos, apostando nos contragolpes.
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Heroísmo
Os Hermanos marcaram seu gol ainda cedo, num giro e chutaço de Aguero, aos 19 minutos; foi o primeiro tento do artilheiro em copas. Mas, cinco minutos depois a defesa sul-americana vazou; o goleiro deu rebote e um certo Finnbogason não perdoou. Daí pra frente foi uma aula de valentia e superação dos islandeses, defendendo-se com garra, rápidos, e os argentinos, estranhamente de preto, sem conseguir penetrar, errando nas finalizações (até pênalti Messi perdeu), parando no goleirão cineasta.
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El tango
Os islandeses festejaram o empate como se fosse a conquista do título. Os argentinos saíram cabisbaixos, Messi era pura frustração. Nas cadeiras de honra do estádio, Maradona agitado e tenso, esfregando o nariz, fumando um charuto cubano, dois relógios, brincos, óculos escuros, ladeado por puxa-sacos e exibindo uma cara amassada de titia envelhecida. A Los Hermanos um consolo: é só o começo, o tango é sofrido.
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Sem o “la patrie”
No primeiro jogo do dia, a ‘favorita’ França penou para vencer por 2 x 1 a robusta e voluntariosa Austrália. Pela qualidade individual do plantel, todos esperavam mais dos “les bleus’, mas parece que o treinador Deschamps, ex-craque vencedor, não conseguiu domar os egos dos craques franceses, tampouco deu liga a uma equipe sem conjunto, sem um padrão de jogo convincente.
Novos tempos
O jogo foi em Kazan e o primeiro tempo foi de doer. Na segunda etapa, por volta dos 10 minutos, Griezmann foi derrubado na área adversária, o árbitro de campo não viu a falta mas o VAR funcionou pela primeira vez numa Copa, corrigindo rápido: O mesmo Griezmann bateu e converteu: 1 x 0. Mas, seis minutos depois, o zagueiro Umtiti, que atua no Barcelona, deu uma de Tiago Silva e meteu um soquinho na bola alçada que o encobria na área. Pênalti que Jedinak bateu e empatou: 1 x 1. O elegante Pogba, numa tabela pelo meio, bateu mascado, a pelota bateu no travessão e no chão, dentro do gol (o VAR mostrou), dando o triunfo aos franceses, que comemoraram friamente.
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Peru pururuca
Trinta e seis anos depois, o Peru voltou a disputar uma Copa e logo de cara perdeu (1 x 0) para a rubra Dinamarca, que não é mais nenhuma ‘dinamáquina’. Os vizinhos peruanos, mesmo nervosos, até mostraram mais futebol, no estilo sul-americano, criaram e perderam várias chances de gol; inclusive um pênalti, decidido no VAR, aos 44 minutos, que Cueva chutou mal, por cima. Aos 15’ da segunda etapa, o avante dinamarquês Yuraky recebeu em profundidade, ganhou na corrida e definiu o jogo :1 x 0. Murchou.
A partida foi no Mordovia Arena, em Saransk. Paolo Guerrero entrou faltando uns 15 minutos para o final e por um trisco não fez um golaço de calcanhar. Cueva saiu aos prantos, consolado pelos companheiros.
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Passeio croata
Onde há time africano jogando tem festa, alegria, danças e cânticos nas ruas, nas praças, nas arquibancadas. Calinigrado viveu isso na noite (tarde no Brasil) de sábado, com a partida entre Nigéria x Croácia no Kaliningrad Stádium, novinho, com 35 presentes. O verde da Nigéria contra o xadrez vermelho e branco croata, o time dos bons meio-campistas Rakitic e Modric, que jogam no Barcelona e Real Madrid.
Com a bola rolando, um primeiro tempo de muita correria, marcação, faltas e raros lances de área, até que, aos 32 minutos, Modric bateu escanteio fechado, rasante e na disputa a pelota desviou no zagueiro, entrou no canto: 1 x 0 Croácia, que passou a ditar o jogo. No segundo tempo, o árbitro brasileiro Sandro Meira marcou pênalti contra a Nigéria num agarra e puxa na área: Modric bateu rasteiro, no cantinho, e ampliou: 2 x 0. Venceu o melhor.
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CR-7, o artilheiro
Essa é a quarta Copa de Cristiano Ronaldo. Nas três anteriores fez apenas três gols. Nesta da Rússia, logo na estreia, fez três. E em cima da Espanha, contra quem nunca antes havia marcado. Claro, o CR-7 se credencia como provável artilheiro da competição se continuar nesse embalo e sorte e competência. Os próximos adversários são bem fracotes, o Irã e Marrocos, um convite, prenúncio de goleadas e mais gols do gajo.
Mas o sergipano/espanhol Diego Costa, no mesmo jogo, fez dois, é um centroavante matador e a Espanha, também na sequência, enfrenta os mesmos Irã e Marrocos. Então ...
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Brasil estreia
Neste domingo à tarde tem a seleção brasileira de Tite em campo, contra a Suíça. O jogo é em Rostov do Don, na Rostov Arena, belo estádio inaugurado este ano, com capacidade para 45 mil pessoas. Marcelo será o capitão da equipe e Neymar começa jogando, equipe completa.
Antes do jogo do Brasil, teremos no domingo:
- Costa Rica x Sérvia, às 9h, em Samara; e, meio dia, Alemanha x México, em Moscou.